Cristiano Ronaldo e o filho dele: vida e morte de um meme

Em seis atos, o OlhaSó contou a história do meme que está bombando na internet

por Lucas Negrisoli * 27/06/2018 10:44
- Pai, já estou farto de cuidar do meu irmão.
- já viu filho 230kg na perna sou um craque
- tenho fome, pai.
- sou lindo
(BRASILEIRA, Internet. 2018) 

Reprodução/Twitter
Meme "tenho fome, pai" ganhou a internet brasileira nos últimos dias (foto: Reprodução/Twitter)
Cunhado pelo neo-neo-neo darwinista e zoólogo Richard Dawkins em 1976, quando publicou o clássico "O Gene Egoísta", o termo "meme", ironicamente, perdeu o significado original e disseminou-se de forma tal que quase não faz sentido citar o cientista quando o assunto são as brincadeiras na internet. Na proposta inicial, a palavra tentava traduzir a forma como Dawkins enxergava a propagação de ideias na sociedade - atropelando as ciências sociais e de linguagem em detrimento de uma lógica "genética". Mas, o que isso tudo tem a ver com Cristiano Ronaldo, o filho dele e o fenômeno absoluto que estão sendo as brincadeiras que usuários de redes sociais fazem? Calma que a gente explica. Para Dawkins, o "meme" seria o equivalente ao "gene" da biologia, só que na linguagem. A ideia é que da mesma forma como uma informação genética é repassada de geração em geração e pode, no meio do caminho, sofrer mutações e ir se modificando com o tempo, as ideias também funcionariam dessa maneira. Se o cientista britânico estava certo ou errado, pouco importa. Mas, o fato é que o termo "meme" foi a escolha perfeita para sintetizar o fenômeno que nomeia: brincadeiras e piadas que surgem, se modificam, perdem o sentido, morrem e renascem - em horas, muitas vezes. 

O que o OlhaSó vai contar, em seis atos, é a epopéia de um meme. O caminho das pedras da zueira. A Odisseia de Homero, em 280 caracteres. Desde a gênese, passando pelas transformações e, como farsa e tragédia, terminando na aparente decadência dele. Fique, agora, com a história da vida e da morte de um meme: Cristiano Ronaldo e o filho dele. 

Ato I: Gênesis

O lampejo profético do meme mais bombástico dos últimos dez dias é atribuído a @imbizita, ou Bianca Schiavon. A moça, que se define como “meio metro de ousadia”, é famosa no Twitter e tem, pelo menos, 426 mil seguidores. A jornada começa às 20h52m do dia 17 de junho deste ano, quando @imbizita tweeta:


O sucesso não tardou e, depois de mais 70 mil curtidas e 30 mil compartilhamentos, @imbizita se questiona:


A semente já estava plantada e, como de praxe, a história estava apenas no começo.

Ato II: Crescei-vos e multiplicai-vos

Não demorou para que infindas versões da piada surgissem nas redes sociais. Nem mesmo CR7 poderia ter previsto


Ato III: Do latim, mutatis

De repente, Cristiano Ronaldo não era mais suficiente para saciar a fome dos internautas
 

Ato IV: Crime e castigo

Tudo ia bem na terra da zueira, mas algo aconteceu. O português @nsfg14, vulgo Nuno, tentou revidar a brincadeira com o ídolo da Seleção lusitana e colou Neymar no lugar de Cristiano Ronaldo. 


Os brasileiros, é claro, não deixaram barato.
 
 


Ato V: Metalinguagem

Falando de memes, inclusive com outros memes, o brasileiro se deleita com a própria criação.
 

Alguns demonstraram dificuldade em aceitar o fenômeno.
 

As transformações são reais.
 

Ato VI: Decadência

“Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”, se não fosse de amor, Vinicius de Moares poderia estar falando dos memes. Completando, nesta quarta-feira, dez dias de vida, o meme de Cristiano Ronaldo e o filho dele começa a dar sinais de morte súbita.
 


Essa foi a história da ascensão, da transformação e da morte de um meme. Até que outro tome o lugar de “tenho fome, pai”, o que deve acontecer logo depois da rodada de hoje da Copa do Mundo na Rússia, seremos eternamente gratos pelas boas risadas.
 
*Estagiário sob supervisão do editor Benny Cohen