Festival de violão tem apresentações gratuitas e debates

Em sua segunda edição, mostra internacional Sons da Cidade restringe participação a convidados mineiros e debate impacto da pandemia, a partir desta quinta (22)

Augusto Pio 22/10/2020 04:00
Elisa Queiroga/Divulgação
Mara do Nascimento é uma das convidadas de hoje do debate de abertura. Ela também gravou apresentação para a mostra (foto: Elisa Queiroga/Divulgação)

A 2ª Mostra de Violão de BH será realizada entre esta quinta-feira (22) e o próximo sábado (24), em versão on-line devido à pandemia do novo coronavírus. Com curadoria dos músicos Fernando Chagas e Carlos Walter, a programação tem recitais e debates sobre um dos mais populares instrumentos musicais.


Mara do Nascimento, Gilvan de Oliveira e Fernando Araújo fazem o debate de abertura, às 17h de hoje. Às 20h, Mara, compositora e uma das referências femininas do violão mineiro, se apresenta. Em seguida, entra em cena o solista, cantor, compositor, arranjador e professor Gilvan de Oliveira. Fechando a noite, o duo Fernando Araújo e Mônica Pedrosa, que realiza um trabalho de pesquisa e valorização da canção erudita brasileira.

Entre os temas das rodas de conversa que serão promovidas na sexta-feira (23) e no sábado (24) estão “Os impactos da pandemia no contexto dos festivais de música” e os “Desafios econômicos para o setor musical no contexto da pandemia”.

Criado em 2014, o Acervo do Violão Brasileiro se destina a violonistas, pesquisadores, historiadores e pessoas que gostam de música para violão e querem estudar ou trabalhar com o tema. Seu objetivo é reunir em uma plataforma digital o mais completo conjunto de documentos e informações sobre o violão brasileiro. 

Há seis anos radicado em BH, o violonista paulista Fernando Chagas é um dos curadores do projeto. Ele ressalta que o violão é um instrumento do brasileiro, da realidade brasileira, das expressões culturais populares, que está nas rodas de samba, choro, folguedo, folia de reis e congado. 

“O violão acompanha a vida e as práticas do povo brasileiro e é um instrumento que atravessa a expressão da linguagem cultural brasileira. É nesse sentido que buscamos esse projeto. E foi aí que surgiu a idea de fazer uma mostra com o objetivo de trazer as várias linguagens, expressões, com a possibilidade da expressão local do violão e de como trazer essa potência para a cidade.”

A primeira edição da mostra contou com convidados de outros estados do Brasil e do exterior. No contexto da pandemia, a edição 2020 conta somente com músicos mineiros. “A ideia é trazer essa potência local para esse diálogo com o instrumento. E são músicos que, de certa maneira, atravessaram as fronteiras de Minas e foram para o mundo levando essa linguagem do violão mineiro para fora do país”, afirma Chagas.

CARA CERTO

Juarez Moreira costuma dizer que onde tem um violão ele está por perto. “Quando alguém me convida para uma mostra de violão, digo que procuraram o cara certo, pois dediquei a minha vida toda a esse instrumento. Essas mostras são importantes para manter acesa a chama da música”, afirma.

Para sua apresentação, ele gravou sete músicas. Ele começa com Acalanto e Depois do amor, ambas composições suas. “Em seguida, Michelle, dos Beatles, uma das canções mais lindas que conheço. Gravei também Chega de saudade, de Tom Jobim, que é recorrente em meu repertório. É uma música na qual Jobim sintetiza muita coisa da MPB.”

Em seguida, o violonista gravou a clássica Nuages, de Django Reinhardt. “É uma peça que namoro desde garoto. Depois toquei Você chegou sorrindo, que é outra composição minha, e por último Travessia, de Milton Nascimento e Fernando Brant.” 

Geraldo Viana participa pela primeira vez do festival e aprovou o formato escolhido. “Já gravei para trabalhos fonográficos, discos ao vivo, mas para a internet nunca tinha feito. Achei muito interessante essa experiência. É muito legal mostrar a música, o ambiente violonístico. O que achei interessante também é esse outro momento de discussão e debates.”

A apresentação que Viana gravou irá ao ar às 20h de sábado (24). Já o debate terá início às 17h. “Juarez e eu responderemos perguntas e debateremos o futuro. Falaremos sobre o que imaginamos, como poderá ser o futuro depois deste ano conturbado.”

Na opinião do instrumentista, “2020 foi um ano morto, mas, ao mesmo tempo, de avaliação de muita coisa que não estava funcionando na cultura, na produção musical e que agora tivemos a oportunidade de ver como é tênue a nossa carreira e o exercício da profissão. Será uma discussão boa e necessária, pois está todo mundo meio perdido ultimamente”.

Mara do Nascimento escolheu uma mescla entre músicas autorais e de terceiros para sua apresentação. “Isso porque, às vezes, as pessoas não têm muita paciência de ficar escutando somente um trabalho autoral, porque não estão habituadas a ouvir. A gravação no estúdio foi com a intenção de fazer com que se parecesse com uma live. Mas a gravação é para garantir que não houvesse o problema de a internet cair na hora da apresentação.”

Mara acha a “iniciativa muito bacana” por proporcionar as apresentações ao público e também permitir que “esses músicos que estão chegando possam conhecer o nosso trabalho”.

SONS DA CIDADE – 2ª MOSTRA DE VIOLÃO DE BH
Desta quinta-feira (22) a sábado (24). Recitais e rodas de conversa. Transmissão gratuita via YouTube: www.youtube.com/c/AbraPalavra.

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