Rock in Rio 2019: Elza Soares mescla gêneros musicais e sobe tom político no show 'Planeta Fome'

Cantora misturou samba, rap, rock e música eletrônica no palco e deu recado contra o machismo: 'Mulheres, gemer, só de prazer'

por Estadão Conteúdo 30/09/2019 09:00
Instagram Elza Soares/Divulgação
(foto: Instagram Elza Soares/Divulgação)

Elza Soares estreou o seu novo show Planeta Fome no Palco Sunset do Rock in Rio na tarde deste domingo, 29. A nova formatação do show vê Elza sentada em uma plataforma elevada atrás da banda que a acompanha no lançamento do disco, o terceiro da fase contemporânea da cantora, um conjunto compacto de dois produtores, uma guitarra, percussão e backing vocals. Elza reclamou mais de uma vez do som do show.

De cenário completamente amarelo, o show segue o caminho do disco e busca algum tipo de redenção para o Brasil, o planeta fome. "Brasil de cabeça erguida!", diz para o público repetir depois das primeiras canções, todas do disco novo.

Embora a qualidade do som dos palcos do Rock in Rio tenha passado imune a reclamações até aqui, em momentos do show de Elza o equipamento parece ter ficado devendo. Tanto que Elza reclama: "cadê meu som?! Abre aí para mim!"

Quando ela chama a jovem Kell Smith, a nova versão, muito mais sintetizada, de Maria de Vila Matilde ainda é prejudicada pelo som, em que os graves consomem tudo que está ao seu redor, inclusive a voz dourada de Elza que todos vieram para ouvir.

"É 180 neles! Machistas não passarão. Não é não!", diz Elza, conectada aos bordões contemporâneos do feminismo. Edgar e A Bahia e a Cozinha Mineira também participam do show.

Desde 2015, quando lançou o incrível A Mulher do Fim do Mundo (uma produção de Guilherme Kastrup que colecionou prêmios, (inclusive o Grammy Latino de melhor álbum de MPB), Elza embarcou numa viagem pós-modernista alinhada a novas tendências da música brasileira. Planeta Fome, produzido por Rafael Ramos, a distancia um pouco mais das origens ao tentar explorar os sons sintetizados que talvez não valorizem tanto o talento infinito da cantora, e as dificuldades na equalização do som ao vivo apontam para isso.

Em canções como A Mulher Do Fim do Mundo o som da voz de Elza aparece melhor. Logo depois ela chama o povo às ruas. "Vamos aprender a votar, porque nós não sabemos. Esse Rio de Janeiro está completamente distorcido. Cadê o povo, cadê as mulheres? Vamos falar até não aguentar mais!", diz Elza. O público entoa um dos hits do Rock in Rio, mandando o presidente brasileiro para aquele lugar.

O show termina com uma versão pop de Volta Por Cima, o clássico de Paulo Vanzolini consagrado na vozes dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos - um lugar que Elza, aos 89 anos, está acostumada a ocupar.

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