Sérgio Pererê exibe lado eletro-orgânico no show Cada um

Músico mineiro lança no Teatro do Minas o CD que dá nome ao espetáculo

por Márcia Maria Cruz 01/11/2018 23:03

Tamás Bodolay/divulgação
(foto: Tamás Bodolay/divulgação)

O multi-instrumentista, compositor e cantor Sérgio Pererê colhia estrelas com o filho caçula, Inane. Cantava assim para niná-lo: “Lembra da gente brincando/ De colher estrelas no céu/ Lembra da gente contando sonhos/ De amor imortal/ Lembra da gente voando alto/ Em aviões de papel.” Depois de 12 anos, a canção Sertão foi resgatada, a pedido de Inane, para o novo disco de Pererê, Cada um, que será lançado sábado (3), no Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube.

Com 11 faixas, o álbum mescla inéditas com canções escritas há mais tempo. Todas trazem o olhar de Pererê sobre o homem comum. “Falo muito da vida e da morte. De alguém que se foi, pessoas que se foram. Perdi minha mãe (dona Fininha) há dois anos. Naquele mesmo ano, partiu Vander Lee. Minha mãe foi em um mês e Vander Lee no outro. É uma reflexão sobre o estar aqui”, diz.

Cada um é o sexto álbum solo de Pererê. O título vem da quinta faixa, um baião eletrônico com zabumba e triângulo. “O nome fantasia poderia ser ‘quebra de mito’. Nessa música, falo do lugar desmitificado do artista. Não tenho clarevidência nem ‘audiociência’, fazendo um neologismo. A música traz muito o lugar do humano: cada um é cada um, cada um tem a sorte e a dor de ser o que é”, afirma. A faixa conta com a participação de Iara Rane, sobrinha dele.

ORIENTE

Pererê se arrisca em termos de sonoridade, vai muito além das influências africanas, marca de sua obra. Convidou Richard Neves e Barulhista para criar os arranjos. “Muito sensíveis, eles entenderam a linguagem. Dirigi o conceito. Gravei todas as músicas com violão e depois deixei que fizessem o que quisessem”, explica. Pererê transita pela sonoridade oriental, dialogando com a musicalidade do Japão e da Índia. Define seu novo trabalho como ‘’eletro-orgânico”.

“Misturamos beats eletrônicos, teclado, violão de aço, caxixis e charango (violão de 10 cordas). A percussão aparece no meio de forma orgânica”, explica. Outro destaque é a limpidez da voz de Pererê. “Não quis fazer firulas. Coloco a voz num lugar muito simples. Não tem muitos efeitos”, destaca.

O álbum contou com a participação da cantora e compositora Laura Catarina. “Quando a conheci, ela tinha 9 anos. Assisti ao crescimento dela. Vander Lee falava o quanto ficava feliz em ver a filha crescendo e compondo. Acreditava que a gente se aproximaria musicalmente mais tarde, dizia que a música dela dialogava mais com a minha do que com a dele.”

Laura participa da faixa Caminho do sol. Os versos bem cabem para seu pai: “Meu mestre mirou/ O caminho do sol/ E lá foi morar/ Meu mestre mandou/ Mensagem de luz/ Que é para ninguém chorar.”

CADA UM
Show de Sérgio Pererê. Com Barulhista, Richard Neves e Laura Catarina. Sábado (3), às 21h.

Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube. Rua da Bahia, 2.244, Lourdes.

R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

Informações: Centro Cultural MTC e (31) 3516-1360.

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