É possível dizer que tudo começou em 1997, quando ele viajou a Londres e assistiu a sete musicais em apenas quatro dias. “Não conheci o Big Ben, nem o Parlamento”, conta Saulo Vasconcelos, que voltou transformado, já seguro do que faria na vida. Hoje, é um dos principais atores de musical do Brasil, cuja trajetória se confunde com a nova fase do gênero no país, iniciada nos anos 2000. É o que ele relembra em (Chiado Books), sua biografia.
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DESÂNIMO
Era 1999, participou da seleção para a montagem paulistana do musical Rent. “Voltei desanimado para casa e, no exato momento em que decidi terminar o curso de economia, o telefone tocou.” Do outro lado da linha, uma voz mexicana o convidava para interpretar o papel principal de O fantasma da ópera em seu país. Era um dos membros da banca de seleção, que também procurava o protagonista para essa montagem. Vasconcelos não teve nem tempo para lamentar a reprovação para Rent: três meses depois, mudou-se para a Cidade do México, onde se tornou o mais jovem Fantasma da história, aos 25 anos.
Quando foi protagonista da montagem brasileira, em 2005, conquistou outra marca: a de segundo ator no mundo a interpretar o Fantasma em duas línguas (o primeiro foi Italo Freeman, que atuou nos EUA e na Alemanha).
E, somando as interpretações no México e no Brasil, Saulo ultrapassou a marca das mil apresentações do Fantasma.Pode-se imaginar que o título da biografia foi inspirado no artifício que ele usou como Fantasma, objeto que se tornou ícone na história dos musicais da Broadway. Mas vai além disso: “Cada personagem representa uma máscara. Eu me coloco na pele de outra pessoa, outra personalidade.Por isso, o título do livro usa ‘máscaras’, no plural – foram muitas máscaras, muitas camadas, muitas histórias, alegrias e aventuras”, comenta Vasconcelos.
“Há também a máscara que diferencia a personagem do homem, ou até mesmo a máscara que coloco quando me posiciono como figura pública. É uma grade metáfora.”O ator, que é ‘baritenor’ (cantor capaz de alcançar notas agudas e graves), sedimentou, ao longo dos anos, amizades que prometem perdurar, como Sara Sarres e Kiara Sasso, que se revezavam como seu par em Fantasma; Marcos Tumura, talentoso ator precocemente morto; Cleto Bacic, com quem dividiu o palco (em La Mancha) e a administração do curso de teatro musical criado no Sesi-SP.
Saulo Vasconcelos vê seu livro como as memórias de alguém que viveu o improvável. “Estive no lugar certo, na hora certa, na época certa, quando, em 1999, estava em São Paulo.” (Estadão Conteúdo)
Por trás das máscaras
• Saulo Vasconcelos
• Editora Chiado
• 168 págs.
• R$ 39