Festival Internacional de Jazz de Ouro Preto abre programação com show em BH

A cantora carioca Leila Maria se apresenta no Cine Theatro Brasil. Festival segue a partir desta sexta-feira (18), na cidade histórica

por Walter Felix 17/05/2018 10:07
Cristina Granato/Divulgação
A cantora carioca Leila Maria se apresenta no Festival Tudo É Jazz em BH e Ouro Preto. (foto: Cristina Granato/Divulgação)

A cantora carioca Leila Maria abre nesta quinta-feira (17) a programação do Festival Internacional de Jazz de Ouro Preto – Tudo é Jazz. Seu show será o único realizado em Belo Horizonte, no Cine Theatro Brasil, enquanto as demais atrações começam na sexta (18), na cidade histórica. A programação inclui homenagem do Grupo Cobra Coral ao músico Flávio Henrique, cortejo do Bloco Magnólia e uma noite dedicada ao blues, com a Blue Heart, banda formada para ocasião com os veteranos Wilson Sideral, Bauxita, Affonsinho e Alexandre Araújo.

No palco, a artista passeia por sua carreira e pela história do gênero musical que a consagrou. “Faço uma ponte entre o jazz norte-americano e músicas brasileiras. Não podem faltar standards da época em que a bossa-nova começou a entrar nos Estados Unidos pelo trabalho do Tom Jobim, como Dindi – que gravei em 2005 para Off key, um disco só com versões em inglês de canções brasileiras”, conta Leila.

Clássicos norte-americanos, como Summertime e Georgia on my mind, também têm lugar garantindo no set list. Ela também interpreta músicas pouco conhecidas de Billie Holliday, a quem prestou homenagem com um álbum em 2014. Esse trabalho rendeu a Leila o Prêmio da Música Brasileira de melhor disco em língua estrangeira. A crítica, na época, conferiu a ela o título de “Billie Holliday carioca”.

“As pessoas precisam sempre de referências e pontos de apoio a fim de explicar por onde um trabalho caminha. Fiquei muito honrada por me compararem àquela que considero a melhor das intérpretes de jazz. A praia dela se assemelha um pouco à minha: assim como ela, gosto de privilegiar o texto, saborear as palavras e contar uma história através da música”, afirma. Hoje à noite, Leila estará acompanhada de Daniel Santana (bateria), Rodrigo Ferreira (baixo) e Rodrigo Braga (piano e arranjos).

A cantora conta que seu namoro com o Tudo é Jazz é antigo. “Fiquei muito feliz de ser escalada para a abertura”, elogia, acrescentando que, diante da programação, estará em ótima companhia. Ela também se apresenta em Ouro Preto, no sábado, e pretende ir para a plateia assim que deixar o palco. O motivo é o tributo a Dionne Warwick, que unirá Ellen Oléria, Jesuton e vários músicos a Cheyenne Elliott (neta da homenageada), que vem ao Brasil especialmente para o evento.

No ano passado, Leila esteve em turnê interpretando canções de Billie Holiday e Ella Fitzgerald. A carioca entende que tributos a essas cantoras são atos de resistência e valorização da arte negra e sugere que a lista contemple pérolas da música brasileira, como Elza Soares.

O cenário do jazz em todo o mundo, segundo Leila, não se atém mais às raízes afro-americanas que propiciaram o seu surgimento, nas periferias de Nova Orleans, no fim do século 19. “Continua sendo uma música com muita influência e participação negra, mas sem o mesmo peso de outrora. Vejo que o rap e até mesmo o reggae estão hoje muito mais associados às discussões sociopolíticas e àquilo que é a negritude”, aponta.

Ela cita – e também elogia – a cantora e pianista canadense Diana Krall, uma das mais célebres representes do estilo na atualidade. “Houve uma espécie de apropriação do jazz, que já pertence ao mainstream. Mas sempre que se faz um panteão dos grandes nomes do jazz, são todos negros. Não há como desassociar o gênero da cultura negra norte-americana”, afirma a artista.

Veja a programação completa: www.facebook.com/tudoejazzoficial.

FESTIVAL INTERNACIONAL DE JAZZ DE OURO PRETO – TUDO É JAZZ
Show de Leila Maria e banda. Quinta-feira (17), às 20h, no Cine Theatro Brasil (Praça Sete, Centro. (31) 3201-5211). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

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