Nação Zumbi reúne grandes canções em show do disco 'Radiola NZ Vol. 1'

Banda se apresenta no Music Hall e apresentará versões para músicas de Marvin Gaye, Tim Maia, David Bowie e Gilberto Gil

por Mariana Peixoto 06/04/2018 11:42
Divulgação/Dovilé Babraviciuté
Nação chega a BH neste sábado para o show de lançamento de Radiola, no Music Hall. (foto: Divulgação/Dovilé Babraviciuté)
Quem nunca fez sua playlist dos sonhos? Fosse numa simples fitinha cassete como em décadas atrás, ou via Spotify, para ir de encontro aos tempos atuais, a ideia é a mesma: reunir canções que signifiquem algo para quem fez e, é claro, para quem vai ouvir.

Em seu novo álbum, Radiola NZ Vol. 1, a Nação Zumbi faz justamente isto. Lançado em novembro, o disco reúne nove grandes canções, que estão entre as preferidas de Jorge Du Peixe (voz), Lúcio Maia (guitarra), Dengue (baixo), Pupillo (bateria) e Toca Ogan (percussão). A seleção é das antigas, privilegiando a produção dos anos 1960 e 1970 – a canção mais recente é Sexual healing (1982), maior sucesso de Marvin Gaye.

A Nação chega a BH neste sábado (7) para o show de lançamento de Radiola, no Music Hall. “Foi uma seleção afetiva, de certa forma. A gente tem uma relação antigas com essas músicas. A ideia é de que elas tinham que soar bem aos ouvidos”, afirma Du Peixe. No palco, o quinteto ainda conta com Marcos Matias, Da Lua e Tom Rocha nas alfaias.

Além da versão de Gaye, a Nação gravou Refazenda (Gilberto Gil, 1975), Amor (João Ricardo e João Apolinário, 1974), Balanço (Tim Maia, 1973), Do nothing (Lynval Golding, 1980, música da banda de ska The Specials), Dois animais na selva suja da rua (Taiguara, 1971), Não há dinheiro que pague (Renato Barros, 1968), Ashes to ashes (David Bowie, 1980), Tomorrow never knows (John Lennon e Paul McCartney, 1966).

Nem todas estarão no repertório do show. “A gente preferiu preservar algumas, pois para o palco você tem que fazer adaptações”, continua o vocalista. Mesmo assim, a banda toca o disco quase todo. Costurando as versões estão músicas dos 27 anos de trajetória da Nação – da produção mais recente, como Um sonho e Defeito perfeito, além de clássicos dos anos 1990 Manguetown e Meu maracatu pesa uma tonelada.

Não são poucos os que veem um disco de regravações como um trabalho “preguiçoso”. Radiola vai no caminho oposto. Percebe-se, em cada registro, a assinatura da Nação. São os tambores da banda que, juntos com a guitarra de Lúcio Maia, que marcam o início de Balanço, uma música pouca conhecida na voz de Tim Maia.

Du Peixe teve que descer um tom de seu vozeirão grave para fazer um registro suave de Sexual healing. Refazenda é a mais trabalhada do álbum – os tambores têm um diálogo bonito com as cordas arranjadas pelo maestro Letieres Leite. E Não há dinheiro que pague, sucesso na voz de Roberto Carlos, aparece aqui com mais suingue.

“(Fazer um disco de versões) é perigoso, e você tem que ter carinho, respeito e cuidado absurdos com a obra. Além de gostar muito das músicas, por ainda um desafio fazer de maneira diferente. A intenção nunca foi o de fazer igual, mesmo conservando a métrica da música dentro do meu conforto vocal. Agora, a versão original é sempre a original”, continua Du Peixe.

A Nação costuma passear com gosto pelo repertório alheio. Em 2012, com o nome do projeto paralelo Los Sebosos Postizos, lançou um álbum dedicado à obra de Jorge Ben. Du Peixe não descarta um volume 2 de Radiola voltado para a produção musical da década de 1990, por exemplo.

De volta ao volume 1, o registro de Amor, dos Secos e Molhados, traz a participação de Ney Matogrosso. A canção, gravada em maio do ano passado, antecipou a dobradinha da banda com o cantor, que estreou em palco em setembro, no Rock in Rio. Cercado de muita expectativa, afinal, seria a primeira vez que Ney cantaria o repertório da banda que havia deixado 40 anos antes, o show foi uma decepção – o som teve problemas, havia pouca interação entre banda e cantor, as vozes de Ney e Du Peixe não combinaram.

Sobre a questão, Du Peixe se resume a dizer: “Quem estava lá curtiu, o show não funcionou para quem estava vendo pela TV. A gente desceu feliz do palco.” Desde que a parceria foi anunciada, muito se especulou sobre uma possível turnê entre a banda e o cantor (algo que Ney fez com êxito ao lado de Pedro Luís e a Parede). “Na verdade, o Ney, já naquela época, estava com a ideia de fazer um novo disco autoral. Ficamos surpresos com a expectativa que a parada causou”, acrescenta Du Peixe que, sobre novos shows se limita a um “quem sabe daqui a pouco”.
 
SUANDO A CAMISA Já há muitos anos a Nação Zumbi se divide entre São Paulo (onde vivem Du Peixe, Lúcio Maia e Pupillo) e Recife (onde moram Dengue e Toca Ogam). “Eu preciso trabalhar e em São Paulo consigo me isolar. Em Recife você sempre fica mais na rua. E hoje você tem que se gerenciar”, diz ele, que mantém outros trabalhos em paralelo. Atualmente trabalha na trilha sonora de Piedade, novo longa-metragem do cineasta Cláudio Assis. Du Peixe também deve lançar em breve novas músicas do Afrobombas, grupo em que divide os vocais com Lula, filha de Chico Science. 
 
Abaixo, confira o single Do nothing:
 

NAÇÃO ZUMBI
Show sábado (7), às 22h, no Music Hall, Avenida do Contorno, 3.239, Santa Efigênia. Abertura com Chama Sagrada. Ingressos: a partir de R$ 50. À venda no ticketbrasil.com.br (sem cobrança de taxa).

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