Depois de 25 anos de carreira, O Rappa faz sua última apresentação em BH

Banda de Marcelo Falcão, Lauro Farias, Marcelo Lobato e Xandão é uma das atrações do Festival Planeta Brasil

por Francelle Marzano 25/01/2018 09:52

Gabriel Wickbold/Divulgação
Banda se apresenta na Esplanada do Mineirão neste sábado (27). (foto: Gabriel Wickbold/Divulgação)

São 25 anos de estrada, mais de 3 milhões de discos vendidos, 10 álbuns e vários sucessos, O Rappa decidiu dar uma pausa na carreira. Marcelo Falcão (vocal e violão), Lauro Farias (baixo), Marcelo Lobato (teclados) e Xandão (guitarra) sobem ao palco pela última vez em Belo Horizonte neste sábado, (27/1). A banda é uma das atrações da 7ª edição do Festival Planeta Brasil, na Esplanada do Mineirão, na Pampulha, que também tem no line-up Phoenix, Soja, Vintage Culture, Anavitória, Gabriel, o Pensador, além de encontros inéditos entre Criolo e Mano Brown, Gabriel Elias e Mariana Nolasco, Oriente e Iza, Maneva e Tati Portella, entre outros.

Em entrevista ao Estado de Minas, o guitarrista Xandão afirma que a decisão sobre a interrupção na carreira da banda já estava combinada e se deu em comum acordo. “O que cada um vai fazer agora não cabe ao grupo decidir. O Rappa terminou e, com a formação atual, não tem a menor possibilidade de voltar, muito menos com uma nova formação. O Rappa somos nós quatro e não voltará mais. Existem diferenças que tornam as coisas difíceis para conviver, mas eu, o Lauro e o Marcelo temos uma afinidade muito grande e, em breve, as pessoas vão ter a oportunidade de ver a gente juntos, mas de forma diferente, do jeito que nunca viram”, revela. Em dezembro, o vocalista Falcão declarou, em entrevista, que pretende seguir carreira solo.

 

A pausa na carreira foi anunciada em maio de 2017. De lá para cá, eles seguem pelo país em turnê de despedida. A apresentação em BH terá repertório baseado no último álbum, Acústico oficina Francisco Brennand, gravado ao vivo em Recife. Além disso, o guitarrista afirma que grandes sucessos da carreira – Pescador de ilusões, Anjos, Reza a vela, Na frente do reto, Mar de gente, entre outros – não vão ficar fora. “Há muito tempo não temos um roteiro e um repertório fechado para os shows. A maior parte é do nosso último disco, mas é obvio que tocamos os grandes sucessos. Como estamos em uma turnê de despedida, tem acontecido direto de o show se estender, porque o povo chama uma música e a gente toca. E eles puxam umas músicas que a gente nem imagina”, comenta.


LEGADO Xandão agradece o carinho do público e diz que está feliz por deixar um legado musical para o país. “São 25 anos de trabalho. Deixamos uma obra muito bonita, extensa e significativa, com letras que são relevantes e expressam o dia a dia do povo brasileiro. Se você pega as primeiras letras, de 25 anos atrás, parece que estamos vivendo a mesma coisa agora”, comenta. Sobre o atual momento do país, ele diz acreditar numa mudança ou revolução vinda de baixo para cima e não de cima para baixo. “Quem vai mudar o Brasil é o povo, mas as pessoas têm que querer. Penso que a educação é fundamental e que temos que criar cidadãos com educação e discernimento para saber o que é melhor pra eles, para saber os seus direitos e deveres. Qualquer mudança tem que começar por aí”, completa.

Fazendo uma retrospectiva, Xandão conta que o álbum que mais marcou sua carreira no grupo foi O silêncio q precede o esporro. Gravado ao vivo no Rio de Janeiro e lançado em 2003, foi o quinto álbum da banda e uma das últimas produções de Tom Capone, que morreu no ano seguinte, em acidente de moto, em Los Angeles. “Acho uma verdadeira obra-prima, é o meu preferido. Primeiro, pela concepção. Ele foi construído sem intervalos entre as músicas, parece um livro, um conto. Segundo, porque foi o momento em que trabalhamos com Tom Capone, que é um cara que revolucionou o mercado musical brasileiro e foi uma das vezes em que fomos indicados ao Grammy Latino”, lembra.

Como músico, Xandão afirma que não pode almejar nada maior do que o que conquistou, mas diz que gostaria de ver um mercado brasileiro mais receptivo a novos artistas. Segundo ele, hoje existe uma grande dificuldade para que novas bandas sejam valorizadas. Entre os novos nomes, ele destaca a banda de rock curitibana Monreal e o cantor recifense Barro. “No ano passado, fiz um levantamento sobre o que tinha de novo no mercado e consegui criar um set list de mais de 300 músicas de bandas que ninguém conhece, que estão em segundo plano. Isso é uma pena, porque as pessoas se cansam de ficar em segundo plano e acabam desistindo”, completa.

Xandão comenta que muita gente que não está no mercado pensa que o Brasil não tem música boa, mas afirma que o país é um dos maiores produtores musicais do mundo. “Temos muita banda nova que merecia oportunidades melhores, mas, infelizmente, falta diversidade nas rádios e TVs brasileiras”, critica. Para ele, a falta de pluralidade fez com que o rock vivesse um momento difícil nos últimos anos. O guitarrista comenta ainda que admira os cantores sertanejos por conseguirem se organizar e administrar um mercado que não existia. “Eles têm qualidade e organização. Temos excelentes profissionais cantando e fazendo música sertaneja. O que eu critico é não existir uma pluralidade, uma diversidade maior. O que temos é monótono, representa uma coisa só”, finaliza.

7ª EDIÇÃO FESTIVAL PLANETA BRASIL

Shows de O Rappa, Phoenix, Soja, Vintage Culture, Criolo e Mano Brown, Anavitoria, Gabriel, o Pensador, Cat Dealers, Oriente e Iza, The Beautiful Girls, Mayer Hawthorne, Chapeleiro, Maneva e Tati Portella, 1kilo, Ftampa, Graveola e O Lixo Polifônico e outros. Neste sábado (27), a partir das 12h, Esplanada do Mineirão (Portão Sul). Camarote land spirit: R$ 350; pista premium open bar: R$ 260; pista (2º lote): R$ 260 (inteira) e R$ 130 (meia) no site www.sympla.com/planetabrasil. Informações: www.instagram.com/festivalplanetabrasil.

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