Grammy Latino realiza sua 18ª edição nesta quinta-feira em Las Vegas

O rapper porto-riquenho Residente lidera indicações. Emicida, Rael e Cesar Camargo Mariano concorrem

por AFP 15/11/2017 09:30
MIKE BLAKE/AFP
Residente tem nove indicações ao Grammy Latino 2017, com seu primeiro álbum solo, homônimo. Ele acumula 24 grammys com a banda Calle 13 (foto: MIKE BLAKE/AFP )
Des-pa-cito... quem não sabe a letra, improvisa: são poucos os que ainda não conhecem o grande sucesso de Luis Fonsi e Daddy Yankee, que estão na briga pelo Grammy Latino, cuja 18ª edição será realizada amanhã, em Las Vegas. Os porto-riquenhos Fonsi e Yankee receberam quatro indicações por esse reggaeton que foi o número um em mais de 45 países e cuja versão gravada pelo fenômeno pop canadense Justin Bieber chegou ao topo do Hot 100 da Billboard.

Mas é outro porto-riquenho, o rapper Residente, quem chega com o maior número de indicações – nove, pelo seu ambicioso disco solo homônimo, que é inspirado na análise do seu genoma. Trata-se do primeiro álbum solo de Residente desde que ele se separou da banda Calle 13, atualmente em um período sabático, com a qual ganhou 24 Grammys da edição latina e três da anglófona. As indicações de Residente com seu álbum solo são: álbum, gravação, canção do ano, melhor fusão/interpretação urbana, álbum de música urbana, canção urbana, canção alternativa, canção tropical e vídeo musical.

Os colombianos Maluma e Shakira (que neste mês anunciou o adiamento de sua turnê El Dorado, em razão de problemas nas cordas vocais) acumulam sete e seis indicações, respectivamente, enquanto os também colombianos Kevin Jiménez ADG e Juanes e a chilena Mon Laferte chegam com cinco indicações cada um. Os destaques entre os brasileiros são o rapper Emicida, que concorre na categoria melhor canção urbana com A chapa é quente!, que canta com Rael, por sua vez indicado a melhor performance urbana. Cesar Carmargo Mariano disputa o troféu de melhor álbum instrumental.

BRASILEIROS Entre as 48 categorias do Grammy Latino, há sete exclusivas para a música brasileira. Entre os indicados estão Marisa Monte e Silva (Noturna), Nando Reis (Só posso dizer), Ana Caetano – do duo Anavitória – e Tiago Iorc (Trevo), Cauique, Diogo Leite e Rodrigo Leite (Pé na areia) e Francisco, El Hombre (Triste, louca ou má), na categoria melhor canção em língua portuguesa. Daniel, Day e Lara, Luan Santana, Marília Mendonça e Simone & Simaria concorrem a melhor álbum de música sertaneja.

Os vencedores são definidos por votação dos membros da Academia Latina da Gravação, que incluem artistas, compositores e produtores. Os indicados de 2017 foram selecionados entre quase 10 mil candidatos em 48 categorias. A premiação tem duas cerimônias: a Premier, na qual é entregue a maioria dos prêmios, e a Gala que reúne as principais categorias e começa às 17h locais (23h no horário de Brasília).

Hoje, Alejandro Sanz será homenageado como personalidade do ano. Anitta foi convidada a participar da homenagem, assim como David Bisbal, Camila Cabello e Luis Fonsi. O brasileiro João Bosco também será homenageado pelo conjunto da obra. Na sexta-feira, a partir das 22h20, o canal por assinatura TNT exibirá um especial com os melhores momentos da cerimônia. 

Residente disputa nove troféus com álbum sobre seu DNA


PAUL PLAZA/AFP
O colombiano Maluma, do reggaeton, é o segundo com maior número de indicações %u2013 concorre a sete troféus (foto: PAUL PLAZA/AFP)
“Os Grammy que recebi me ajudaram a dar credibilidade a uma carreira que vai contra a corrente por muito tempo”, afirma o porto-riquenho Residente, líder em indicações no 18º Grammy Latino – nove. Junto com seu meio-irmão Eduardo Cabra, o Visitante, e sua irmã Ilena Mercedes Cabra, hoje iLe no grupo Calle 13,  René Pérez Joglar (o verdadeiro nome de Residente) ganhou 24 troféus Grammy Latino.
“Posso lotar estádios mesmo sem tocar nas rádios”, diz ele. “Não trabalho pensando em Grammys, minha prioridade é minha música, fazer um trabalho melhor, no nível pessoal, dar o melhor de mim”. Mas o rapper reconhece que ser premiado serve “para que a indústria acredite” em seu trabalho. “Infelizmente às vezes é necessário que outra pessoa diga ‘ah, isso é bom’ para que todo mundo diga ‘é verdade’”.

Seu primeiro álbum solo, Residente, é resultado de uma longa viagem pelo mundo, inspirada em um estudo de seu genoma, por meio de um exame que fez quando ainda estava mp grupo Calle 13 e deixou na gaveta, amadurecendo. “Decidi fazer música baseada em meu DNA. Viajei a diferentes partes do mundo coletando sons e encontrando histórias. Todos somos residentes do espaço que ocupamos e em nosso espaço as fronteiras não existem.”

Seu percurso o levou da Sibéria a Burkina Faso, da China a França, do Cáucaso a Gana e Nigéria. O resultado é uma mistura de faixas pesadas como Guerra ou Apocalíptico, ou La cátedra, na qual bate um recorde no rap, com 1.900 palavras em 10 minutos. “Somos igualmente diferentes, diversos mas somos bem parecidos, nos chateamos da mesma forma, nos alegramos com coisas similares. Você às vezes pensa que somos bem diferentes, são culturas distintas, mas somos seres humanos, similares”, diz o cantor, de 39 anos.

No disco há participações de Lin-Manuel Miranda, o criador do sucesso da Broadway Hamilton, e do guitarrista Bombino, de Burkina Faso, de músicos da Ópera de Pequim, de cantores de Tuva, na Sibéria, e da tribo dagomba de Gana. “Fiz um estudo, estava familiarizado com cada região. Não cheguei com a mala vazia, cheguei com a mala metade cheia para colocar mais coisas, tinha uma ideia dos temas que queria tocar”, diz ele.

Na opinião de Residente, “a situação de Porto Rico seria a mesma com [Donald] Trump, Hillary [Clinton] ou [Barack] Obama. É uma colônia, não é que seja culpa de Trump”, disse, referindo-se à ajuda prestada às vítimas do furacão María. “Não é porque haja maldade, é porque é assim, foi lento para Nova Orleans com o Katrina, muito mais lento para Porto Rico”.

Segurança


O Grammy Latino será realizado em Las Vegas, onde há um mês e meio ocorreu o ataque a tiros mais mortal da história recente dos Estados Unidos, que deixou 58 mortos e 550 feridos. Aden Ocampo, da polícia da cidade, disse que haverá um aparato de segurança especial, como em todos os grandes eventos. “Com tudo o que houve, estaremos alerta”, afirmou. Não foi divulgado o número de agentes que serão mobilizados para custodiar a gala do Grammy no MGM Grand e a homenagem a Alejandro Sanz no Mandalay Bay, o mesmo hotel de onde Stephen Paddock disparou contra uma multidão que assistia a um show de música country.

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