Larissa Luz dá seu grito de resistência no disco 'Território conquistado'

Trabalho recebeu indicações ao Grammy Latino, ao Prêmio da Música Brasileira e arrebatou troféu no Prêmio Caymmi de Música pelo clipe de 'Bonecas pretas'

por Redação EM Cultura 06/11/2017 09:30

Nadja Kouchi/Divulgação
Ex-Ara Ketu, a baiana Larissa Luz combate a 'estética branca'. (foto: Nadja Kouchi/Divulgação)

Inspirada em personalidades negras como Nina Simone, Elza Soares e Carolina de Jesus, a baiana Larissa Luz é dona de repertório maduro e de músicas fortes que lhe renderam reconhecimento nacional e internacional.

Em um misto de homenagem e grito de resistência, o álbum Território conquistado recebeu indicações ao 17º Grammy Latino, ao Prêmio da Música Brasileira 2017 e, em agosto, arrebatou um troféu no Prêmio Caymmi de Música pelo clipe de Bonecas pretas. A faixa destaca a ausência da diversidade no comércio e publicidade brasileira.

 

''Nós estamos indo contra o movimento que dominou grande parte do nosso tempo, que é a ditadura da estética branca. Falar o contrário e levantar essa bandeira é desafiador'', diz Larissa. ''Por isso, desconstruir e ‘descolonizar’ é um processo muito árduo, mas sinto que estamos avançando.''

 

AFROPUNK Marcado pela mistura de rap e samba raggae, o disco se conecta com a estética dos movimentos afrofuturismo e afropunk. Segundo Larissa, a produção de Território conquistado foi um processo de canalização da realidade da mulher negra brasileira. Para isso, a coletânea contou com a colaboração da antropóloga Goli Guerreiro, responsável pela pesquisa e conceito da obra.

 

“Queria fazer um trabalho com fundamento, com argumento”, diz Larissa. “Queria saber como é a vida de outras mulheres negras que fizeram e continuam fazendo história.”

 

 

A cereja do bolo é a faixa-título do álbum. Gravada com Elza Soares, a canção é inspirada nas obras da escritora norte-americana Bell Hooks. A música sintetiza a luta da mulher negra para dominar novos espaços na sociedade. Segundo Larissa, a participação de Elza reforça a potência da canção. “Ela é a personificação da resistência. É um trovão, referência máxima.”

O álbum também se garante com Letras negras, homenagem à brasileira Carolina de Jesus (autora de Quarto de despejo) e à nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (de Meio sol amarelo). Nollywood, por sua vez, é um tributo ao cinema africano. Em Mama chama, a dedicatória é para a mãe de Larissa, a professora Regina Luz. A faixa foi gravada com Thalma de Freitas, que recita o poema Espelhos, de Lívia Natália.

 

Apesar do sucesso, que lhe rendeu passagens por Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Medellín, na Colômbia, Larissa diz que os desafios de ser uma mulher negra e artista continuam os mesmos de antes de Território conquistado. A cantora baiana começou a carreira à frente do Ara Ketu, onde permaneceu até 2012, quando lançou seu primeiro álbum solo, MunDança.

“A conquista é um trabalho árduo, diário”, diz, sem esconder planos para um novo álbum em 2018. “Sempre temos mais para ser conquistado. Só percorri um pequeno pedacinho e sei que tenho um longo caminho para trilhar”, conclui Larissa. 

 

Abaixo, confira Bonecas pretas

 

 

 

TERRITÓRIO CONQUISTADO
De Larissa Luz
Download: www.larissaluz.com

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