Criolo volta a BH com a sua 'Espiral de ilusão'

Apresentação será neste sábado, no Grande Teatro do Palácio das Artes, dentro da programação do 3º Inverno das Artes

por Guilherme Augusto* 29/07/2017 10:30
Caroline Bittencourt/Divulgação
Artista faz o segundo show na capital mineira de seu CD dedicado ao samba (foto: Caroline Bittencourt/Divulgação)
Em abril, o rapper Criolo lançou o disco Espiral de ilusão, seu primeiro álbum dedicado ao samba. Em junho, fez o primeiro show do disco em BH, num palco a céu aberto, no Parque Municipal, como parte do Arraiá Incrível. Hoje, Criolo reapresenta o espetáculo na capital mineira, agora no espaço fechado do Grande Teatro do Palácio das Artes, dentro da programação do 3º Inverno das Artes.

“Cada ambiente proporciona uma situação”, diz Criolo. “Fico imaginando como vai ser em teatro, um lugar que sugere um jogo cênico dos músicos e onde todos os elementos, juntos, promovem uma sensação única para quem está assistindo.” Esta edição do Inverno das Artes privilegia linguagens artísticas em que a temática negra é a protagonista. “Estou muito contente com esse retorno, o tema do festival é necessário e maravilhoso”, comenta.

Novidade No show, Criolo interpreta as já badaladas Meninos mimados, na qual critica os políticos brasileiros, e Nas águas, em que destila suas referências culturais africanas. A única novidade é a classificação indicativa, que permite a entrada de jovens a partir dos 12 anos. “Saber que a ‘criançadinha’ pode estar lá é demais! A música dialoga com todo o mundo. No rap é assim, com o samba também. Para crianças, basta dar uma chance que elas se jogam. E esse show é uma oportunidade de as famílias irem e celebrarem um momento especial. Isso pra mim é muito bonito”, diz.

A programação do 3º Inverno das Artes incluiu também Elza Soares, com o show do disco A mulher do fim do mundo (2015). Apesar da diferença geracional – Elza está com 80 anos e Criolo, 41 –, os dois dedicaram seus últimos trabalhos ao samba, em papéis aparentemente invertidos. Enquanto Espiral de ilusão é elegante e se atém ao samba tradicional, remetendo a grandes nomes como Cartola e Noel Rosa, A mulher do fim do mundo é moderno, provocativo e acrescenta camadas de rock e música eletrônica às batidas do samba.

“A Elza é maravilhosa e especial. Conheço bastante da obra dela por conta do meu pai, que é muito fã”, relata Criolo. Ele não poupa elogios ao disco da cantora. “Ninguém melhor do que Elza Soares para protagonizar esse trabalho. Ela é a modernidade em vida, o futuro e o norte que precisamos.”

Sobre o fato de se apresentar num dos palcos mais tradicionais da cidade, Criolo desconversa, se esquiva de polêmicas e reivindica que seu lugar é fazendo música, não importa onde. “A gente tem que cantar em todos os lugares. No último mês, fizemos um evento superlegal no extremo da Zona Leste de São Paulo levantando alguns pontos de reflexão sobre Rafael Braga [jovem condenado ao ser supostamente flagrado com a posse de 0,6g de maconha e 9,3g de cocaína]. Vivi algumas coisas, vi outras, mas acho que cada um de nós tem a oferecer o que traz no olhar”, afirma.

*Estagiário sob supervisão de Silvana Arantes

Espiral de ilusão
Show de Criolo no 3º Inverno das Artes. Hoje, às 20h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro) Ingressos: R$ 100 e R$ 50 (meia). Vendas na bilheteria e pelo site ou aplicativo da Ingresso Rápido. Informações: (31) 3236-7400.

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