Keith Richards e Angus Young provam que o rock não tem idade

Com mais de 40 anos de estrada, os artistas lançam disco e não param de fazer turnês

por Rebeca Oliveira 04/08/2015 10:47

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Michael Hickey/APF - 4/7/15
Aos 71 anos, Keith Richards lança terceiro disco solo, 'Crosseyed heart', após hiato de 23 anos sem álbum de inéditas (foto: Michael Hickey/APF - 4/7/15)
Permanecer mais de 40 anos na estrada e conquistar milhares de fãs. Tornar-se um ícone. Ver discos virarem clássicos indispensáveis para a história da música mundial. Tudo isso sem soar envelhecido ou apelar para relançamentos. São casos de Keith Richards e Angus Young, nomes por trás das guitarras, respectivamente, do Rolling Stones e do AC/DC. De personalidade inquieta, os dois representantes da “velha guarda” do rock mantêm-se ativos: Richards anunciou lançamento o terceiro disco solo,  Crosseyed heart, e Young aparece como protagonista não só da música, mas também do livro Os Young – Os irmãos que criaram o AC/DC, de Jesse Fink.

O caminho para o topo é longo se você quer o rock’n’roll. O AC/DC já sabia disso em 1975, quando lançou It’s a long way to the top (if you wanna rock’n’roll). A obstinação dos irmãos Young os levou longe. A turnê Black ice do AC/DC arrecadou US$ 450 milhões, atrás apenas dos Rolling Stones com a ZIP Code Tour.

Assim como Angus Young, Keith Richards, guitarrista do Rolling Stones desde 1962, poderia ser ofuscado pela imponência do grupo. Mas comodismo não parece ser o termo ideal para descrevê-lo e, este mês, o músico anunciou o lançamento do terceiro disco solo, Crosseyed heart, com previsão de chegar às lojas em 18 de setembro. Nas 15 faixas, Richards toca oito instrumentos. O primeiro single, Trouble, já foi disponibilizado ao público e mostra um flerte com blues e country.

Sair em carreira solo não é algo inédito na carreira do Rolling Stones. A primeira vez em que ele se arriscou foi em 1988, com Talk is cheap. A motivação? Conflitos entre ele e o frontman Mick Jagger sobre os rumos do grupo. Cinco anos mais tarde, apareceu no mercado fonográfico com Main offender. Foram necessários outros 23 anos para que Crosseyed heart, projeto que mentaliza desde 2011, saísse do papel.

Martin Bureau/AFP - 23/5/15
Sessentão, Angus Young, do AC/DC, parece longe da aposentadoria (foto: Martin Bureau/AFP - 23/5/15)
Simples e direto


Assim como o polêmico Keith Richards, um colega da guitarra também rouba os holofotes para si. Para alguns fãs do AC/DC, a banda é um espetáculo e ele se resume a duas palavras: Angus Young. Filho mais novo de uma família de oito irmãos, continua seguindo à risca a filosofia da banda desde o primeiro disco, TNT (1975). Nem os gritos agudos do atual vocalista, Brian Johnson, nem a saída do cofundador do grupo, Malcolm Young, em decorrência de problemas mentais, o afastou do principal objetivo: um rock simples e direto.

Avesso a entrevistas, Angus Young acabou ganhando alguns porta-vozes ao longo da carreira. Um deles, o jornalista australiano Jesse Fink, autor de Os Young – Os irmãos que criaram o AC/DC, que acaba de ganhar versão brasileira. O que faz a música do AC/DC ser tão revigorante? É a essa pergunta que Fink tenta responder durante toda a publicação. Foram mais de 200 milhões de discos comercializados, superando a venda de todo o catálogo dos Beatles.

Para montar a narrativa do livro, Jesse colheu diversos depoimentos. Como o de Lisa Turner, ex-fotógrafa da Atlantic Records, gravadora americana do AC/DC, que conta sobre um curioso momento quando percebeu a dedicação de Angus em um show nos Estados Unidos. “Depois ou durante a primeira música do show, ele saía do palco, enfiava a cabeça em uma lata de lixo e vomitava — mas sem parar de tocar guitarra”, relembra.

Engenheiro de mixagem de Highway to hell e Back in black, Tony Platt recordou, para Fink, momentos que viveu em Londres na década de 1980. Segundo ele, era quase impossível acreditar o número de bandas que soavam como o AC/DC e que entraram em contato com ele depois do sucesso de Back in black querendo que ele trabalhasse com elas. “Quando alguém perguntava: ‘Você consegue fazer com que o som da minha guitarra fique igual ao do Angus?’, a única resposta que eu podia dar era: ‘Consigo, é claro, mas primeiro a gente vai precisar de uma caixa Marshall vintage, um cabeçote Marshall vintage, uma Gibson SG, e, é claro, não esqueça que a gente vai precisar do Angus”.

Influenciado por ZZ Top, Ike Turner e o próprio Rolling Stone, de Keith Richards, Angus e o AC/DC se tornaram quase impossíveis de superar.


No Brasil
Segundo informações do portal UOL, a banda Rolling Stones desembarcaria em terras tupiniquins em 2016. A previsão, de acordo com o site, é que os roqueiros se apresentassem em 21 e 23 de fevereiro no estádio Allianz Parque, em São Paulo. O último show do grupo no país foi em 2006, quando tocaram na praia de Copacabana para mais de um milhão de pessoas.

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(foto: Divulgação)
Os Youngs – Os irmãos que criaram o AC/DC

De Jesse Fink, tradução de Marcelo Hauck. Gutenberg, 272 páginas. Preço médio: R$ 49,90.

Vida longa
Outros ícones do rock parecem longe de um fim. Artistas como Carlos Santana e Debbie Harry permanecem vivos na memória dos roqueiros

O mestre das guitarras
Este mês, chega às prateleiras a autobiografia de Carlos Santana. O mexicano criador da banda Santana, com o qual lançou mais de 90 discos, conta detalhes da vida pessoal. A história começa com seu início na música, em bares de strip-tease em Tijuana, e se estende até o premiado disco Supernatural (1999). A apresentação inesquecível e intensa em Woodstock também ganha atenção especial. “Acho que a Santana fez um grande show em Woodstock, mas não acredito que ela tenha sido responsável por tudo que aconteceu. Isso equivaleria a uma rolha de cortiça flutuando em uma onda no meio do mar”, desabafa na publicação.


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Carlos Santana – O tom universal

Carlos Santana com Ashley Kahn e Hal Miller, tradução de Eduardo Rieche. BestSeller, 608 páginas. Preço médio: R$ 69.

A “Marilyn Monroe” do punk
Marcante entre as décadas de 1970 e 1980, o Blondie é uma das bandas de maior impacto no cenário nova-iorquino, a ponto de influenciar movimentos como o punk e serem ponto de partida para o new wave. Pilar da banda, Deborah Harry iniciou a carreira em 1968, com um grupo de folk rock, até montar o grupo que tocou nos pontos mais importantes de Nova York, como o CBGB. Após o lançamento do pacote especial Blonde 4(0)- Ever, a banda volta aos holofotes com a biografia Blondie – Vidas paralelas, que centra as atenções na dupla Debbie Harry e Chris Stein, de personalidades conhecidamente transgressoras.


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Blondie – Vidas paralelas

Dick Porter e Kris Needs, tradução de Martha Argel e Humberto Moura Neto. Seoman, 440 páginas. Preço médio: R$ 58.

A lenda do heavy metal
Com lançamento marcado para 4 de setembro, o álbum The book of souls marca a volta do Iron Maiden ao cenário roqueiro após a cura de um câncer na língua do vocalista Bruce Dickinson, uma lenda viva do heavy metal inglês. O novo projeto é o primeiro disco duplo da banda. Gravado em Paris, no mesmo estúdio onde registraram Brave new world (2000), The book of souls sucede The final frontier, de 2010. O projeto mais recente contará com a música mais longa já gravada pela banda, The empire of the clouds, com 18 minutos de duração. O primeiro single Speed of light será divulgado em 14 de agosto.

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The book of soul

Novo disco do Iron Maiden. Warner Music, 11 faixas. Preço médio: R$ 24,90. Previsão de lançamento: 4 de setembro.

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