Nação Zumbi lança disco de inéditas no ano das duas décadas de 'Da lama ao caos'

Álbum homônimo revela amadurecimento na identidade do grupo desde a época de Chico Science

18/05/2014 12:30

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VITOR SALERNO/DIVULGAÇÃO
A banda Nação Zumbi lança seu décimo disco, o primeiro de inéditas em sete anos (foto: VITOR SALERNO/DIVULGAÇÃO)
Há 20 anos, Chico Science e a banda Nação Zumbi deixavam o mangue para ganhar o mundo com 'Da lama ao caos', álbum que não só se tornou porta-voz da geração pernambucana da década de 1990, como virou um daqueles clássicos imediatos da música brasileira. Em vez de celebrar a data, a Nação lança um disco que, além de referendar sua trajetória, busca traçar outro caminho.


'Nação Zumbi', décimo trabalho do grupo e o primeiro de inéditas em sete anos, é talvez o melhor álbum da banda pós-Science. Melodioso, lírico e com letras contundentes, comprova por que se deve ouvir o combo de Recife hoje, sem nostalgia.

A Nação não ficou sete anos parada. No meio do caminho entre Fome de tudo e o novo trabalho, o grupo lançou Ao vivo no Recife e o disco do Sebosos Postizos, projeto que relê a obra de Jorge Benjor. “Se a gente tivesse parado, esse disco não seria o que é, bem maduro em termos harmônicos e melódicos”, afirma o vocalista Jorge Du Peixe, que assina todas as letras.

 

Correndo contra a maré, a Nação se deu ao luxo de não ter pressa. Levou pouco mais de um ano e meio para gravar as 11 faixas. “Não há um formato único de composição. A maioria das canções nasceu de um refrão, de pedaços de letras. A ideia era mostrar evolução musical, então começamos a trabalhar no estúdio que o Lúcio (Maia, guitarrista) montou no quintal da casa dele”, conta Jorge.

Só quando a pré-produção foi finalizada a banda partiu para as gravações, realizadas no estúdio carioca Monoaural, com produção de Kassin e Berna Ceppas. Nação Zumbi está sendo lançado pelo selo slap em parceria com a Natura Musical. Em fevereiro, foi disponibilizado o single virtual de Cicatriz, meio malemolente, que ganha uma cor a mais com a sempre esperta guitarra de Lúcio Maia, aqui com ecos de surf music.

Ouça 'Bala perdida', do álbum 'Nação zumbi':


Lirismo

O disco põe alguns dedos na ferida: a contundente Bala perdida começa com um riff de guitarra misturado à percussão sempre muito marcada. A letra aposta no lirismo: “Bala perdida você quase me achou/ E eu sem querer, e eu sem querer/ Antes da hora vi quando você passou/ Pra se esconder em um outro alguém”.

Outras canções um tanto atemporais são a marca do disco. Nas audições iniciais, destaca-se A melhor hora da praia, que começa com um vocalise – logo se identifica a voz de Marisa Monte. Lenta, imagética, a ciranda é a primeira gravação da cantora com a banda. “Fui ao último show da turnê dela em São Paulo e no camarim fiz o convite. Marisa disse que já tinha cantado com a Lia de Itamaracá, pediu para a ouvir a música. Mandei e ela curtiu de cara”, relembra Jorge.

À medida que o álbum vai maturando na cabeça do ouvinte, pérolas vão surgindo: Um sonho, outra marcada pela guitarra de Lúcio Maia, apela para o romantismo sem sentimentalismo; Nunca te vi é da mesma toada, mas caminha para a psicodelia. Foi de amor traz os característicos tambores da Nação e Cuidado reforça os efeitos eletrônicos.

Com mais de 20 anos de carreira, a banda tem integrantes vivendo em São Paulo e outros no Recife. “É complicado, por vezes penso em voltar, pois São Paulo sufoca. Quando boto o pé na areia do Recife, vejo como o lugar acaba me alimentando”, comenta Jorge. A respeito do álbum de estreia, ele diz, 20 anos depois: “Cada vez que ouço, descubro uma coisa nova. Da lama ao caos é absolutamente inovador. É um disco para escutar em alto volume”, conclui. (MP)

EM BH
A nova turnê da Nação Zumbi só chega a Belo Horizonte em agosto. O show está marcado para o dia 30, no Chevrolet Hall.

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