Grupo Raimundos volta à boa forma com o álbum 'Cantigas de roda'

Banda é uma das sobreviventes dos anos 1990, assim como O Rappa e Skank

por AD Luna Diário de Pernambuco 05/05/2014 10:26

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.

Patrick Grosner/Divulgação
O Raimundos em 2014. Marco Mesquita (guitarra), Caio Cunha (bateria), Canisso (baixo) e, à frente, Digão (vocal e guitarra) (foto: Patrick Grosner/Divulgação)
Filhas da década de 1990, as bandas Raimundos, O Rappa e Skank chegaram aos anos 2010 sem mudanças muito radicais em suas sonoridades. No caso da primeira, criada em Brasília, a saída do vocalista anunciada em junho de 2001, quando navegava pelos mares do sucesso, abalou profundamente os fãs e os integrantes que ficaram. Rodolfo tinha virado evangélico e não se sentia mais à vontade cantando as letras irreverentes e, muitas vezes, desbocadas do Raimundos. Atualmente, depois de anos de turbulência, parece que o grupo conseguiu retomar o prumo com lançamento do elogiado 'Cantigas de roda', seu mais novo CD de inéditas, disponível para venda apenas em formato digital.

“Estamos super felizes. É um momento maravilhoso. Foram muitas coisas ruins que aconteceram, não apenas uma. Agora conseguimos nos estruturar de uma maneira correta. Eu e Canisso (baixista) estamos colhendo o que plantamos”, comemora Digão, guitarrista e um dos fundadores do Raimundos, que acabou assumindo também os vocais.

 

Ouça 'Baculejo', primeiro single do disco 'Cantigas de roda'

 

 

 

O disco foi viabilizado por meio de crowdfunding. Em agosto do ano passado, a banda lançou campanha no site Catarse pedindo para que seus admiradores fizessem doações em dinheiro. O objetivo era conseguir R$ 55 mil, o qual foi atingido em apenas uma semana. A notícia ficou ainda melhor: no fim, foram arrecadados R$ 120 mil. “Agradeço muito aos fãs, eles é que são o Raimundos”, aponta.

As 12 músicas de 'Cantigas de roda' foram compostas rapidamente na casa do pai de Digão, em Brasília. “É o velho estilo do Raimundos: rápido, porrada e o que é sacana é muito sacana. Por outro lado elas funcionam muito bem somente tocadas no violão. Isso significa que são canções, são fáceis de cantar. Tínhamos muito medo de não conseguir”, enfatiza. “Eu e Canisso estamos velhos, com 43 e 47 anos, mas temos espírito de garoto. É engraçado conseguir isso: amadurecer e continuar jovem”, complementa, sob risos.

 

'BOP', segunda faixa de 'Cantigas de roda' do Raimundos:

 

 

 

A produção do disco ficou a cargo de Billy Graziadei, guitarrista e vocalista da banda norte-americana Biohazard. “Mandou muito bem. A gente enviou as demos (amostras das músicas) para ele, que mexia nelas loucamente, mudando várias coisas em suas estruturas. Billy não fantasiou o som da gente, não encheu de efeitos ao ponto de ficar difícil de reproduzi-los ao vivo”, elogia Digão.

Disco

Cantigas de roda é, basicamente, o velho Raimundos, com seu som pesado e divertido. Billy Graziadei conseguiu deixar o Raimundos soando pesado, mas ao mesmo tempo limpo. Os vocais de Digão primam por uma boa dicção, fazendo com que o ouvinte consiga acompanhar as letras mesmo sem ler o encarte (fora as músicas mais hardcore, sempre complicadas de entender numa primeira audição). “Consegui ser eu mesmo. Até me arrepiei aqui falando isso pra você. Gosto de cantar mesmo e procuro não ser desleixado”, comenta Digão, demonstrando bastante empolgação e orgulho pelo feito. Nesse disco, a banda retomou parceria com o cantor e sanfoneiro pernambucano Zenilton, na faixa Gato da Rosinha - com sua levada à Ramones e letra de duplo sentido ao estilo de Genival Lacerda. Caso tivesse sido lançado nos anos 1990, Cantigas de roda provavelmente seria um estouro.

Favoritas


Em seu canal oficial no YouTube, a banda disponibilizou vídeos com fãs “interpretando” todas as faixas de Cantigas de roda, entrevistas, além de takes mostrando do baterista Caio Cunha gravando algumas músicas. Digão diz acompanhar o que os fãs postam na fan page oficial do Raimundos no Facebook. Ele se mostra surpreso do quão variadas são as escolhas sobre as músicas favoritas de cada um. “Já eu, particularmente, gosto muito de Bope, Gordelícia, Cachorrinha e Baculejo (que ganhou o primeiro videoclipe oficial do disco). A que menos gosto é a última (Politics)”, expõe.

 

ROCK NACIONAL DOS ANOS 1990

 

O Rappa


Criado em 1993, o grupo carioca lançou seu primeiro disco, homônimo, no ano seguinte. Com o segundo álbum Rappa mundi, a banda formada por Marcelo Yuka (bateria), Lauro Farias (baixo), Marcelo Lobato (teclado), Xandão (guitarra) e Falcão (vocal) emplacou diversos hits como A feira, Miséria S.A., O homem bomba, Pescador de ilusões e Vapor barato (Waly Salomão e Jards Macalé). Depois veio, Lado B Lado A (2000), com os sucessos Minha alma (a paz que eu não quero), O que sobrou do Céu, Me deixa. No fim de 2000, Marcelo Yuka foi baleado durante uma tentativa de assalto e ficou paraplégico. Um ano depois, ele, que era o principal letrista do grupo, anuncia sua saída. Nessas duas décadas, O Rappa manteve um som basicamente calcado no reggae, dub, pop, rock e MPB. O disco mais recente, Nunca tem fim, foi lançado em agosto de 2013 e manteve essa linha.

Skank

A banda mineira formada em 1991 é a que mais alterações registra em seu estilo, ainda que graduais. O disco Skank, de 1992, chamou atenção da imprensa e da gravadora Sony com seu som fortemente influenciado pelo reggae e dancehall. A partir do terceiro, O samba poconé (1996), novos elementos do pop, rock e dance foram incorporados ao som dos rapazes. É uma partida de futebol (parceria do vocalista Samuel Rosa com Nando Reis) e Garota nacional foram os maiores hits do disco. A parceira Samuel/Nando se repetiu no sucesso Resposta, uma canção que soava incomum em relação aos outros hits do grupo por sua cadência mais lenta e letra romântica. A partir de Maquinarama, de 2000, as influências dos Beatles e do Clube da Esquina entrariam de vez na sonoridade produzida por Rosa (vocal e guitarra), Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferretti (bateria).

MAIS SOBRE MÚSICA