Com boas escolhas, a cantora Paula Tesser acerta logo na estreia com 'Valha'

Repertório mescla compositores cearenses veteranos e contemporâneos

por Kiko Ferreira 07/02/2014 07:00

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Nicolas Gondim/Divulgação
(foto: Nicolas Gondim/Divulgação)
É sempre um bom método começar a conhecer o trabalho de um artista por um tema conhecido. No caso de 'Valha', disco de estreia da cantora Paula Tesser, o expediente é facilmente aplicável. 'Tudo blue', música que encerra o álbum de 11 faixas, é um hit de Baby Consuelo, composto por Pepeu Gomes e Fausto Nilo, que ela atualiza com sabedoria. No lugar do tratamento telúrico e praieiro da gravação original, ela prefere dar um tom quase de apartamento, mas com vista para o mar. Um dos elementos que agradam na faixa, e em boa parte do CD, é o quarteto de cordas, capaz de dar nobreza sem falsos luxos, como se o arranjador Alexey Kurkdjian tivesse ouvido com atenção o trabalho de Eumir Deodato.


Nascida na França de pais brasileiros, Paula morou 15 anos em Paris, onde fez doutorado na Sorbonne, com tese sobre Chico Science e o Mangue Beat. Neste tempo, fez shows na França e Holanda, participou dos discos Boss-a-troniq2 2001 e EDC Passport, e compôs e cantou para o cinema francês. Desde 2007 está de volta a Fortaleza, onde gravou o disco ao vivo 'Retrato do vento' (2004) e participou de projetos ao lado de Fausto Nilo e Francisco Casaverde. Foi cicerone, em 2010, do cineasta Agnés Varda durante visita à Escola de Artes Visuais de Fortaleza, e acabou participando da trilha do filme 'Agnés Varda de ci, de lá' (2011), cantando Samba do metrô.

O repertório, que mescla compositores cearenses veteranos e contemporâneos e tem cover de 'Démons et merveilles', de Jacques Prevert, surgiu durante reunião de músicos na casa da cantora, em 2012. Com destaque para o produtor, o multi-instrumentista Dustan Gallas, autor de três faixas, o álbum foi gravado em São Paulo e Fortaleza e traz sonoridade econômica e eficiente, com potencial para ter impacto semelhante ao da estreia de Céu, que primeiro “estourou” na França para depois ser cult no Brasil.

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