Joe Cocker ainda tem muitos recursos, mas o novo disco não empolga

Cantor acaba de lançar Fire it up, 23º disco da carreira

por Arthur G.Couto Duarte 08/01/2013 07:53

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Eugenio Gurgel/Esp EM D. A. Press
(foto: Eugenio Gurgel/Esp EM D. A. Press )
Conseguir chegar à marca de 23 álbuns gravados é um fato que, por si só, já faz por merecer aplausos. Especialmente quando o autor da façanha não é outro senão Joe Cocker, veterano cantor inglês cuja idade (em maio passado, ele completou 68 anos) ainda não o impede de continuar a encantar os fãs com sua voz fuliginosa ou os mesmos idiossincráticos contorcionismos e caretas que o imortalizaram, quatro décadas atrás, durante sua catártica apresentação no Festival de Woodstock.

Praticamente bisando a equipe técnica do prévio Hard knocks, gravação que vendeu mais de 1 milhão de cópias na Europa e o trouxe de volta às paradas, Cocker não se arrisca muito nos 11 temas que integram o recém-lançado Fire it up. Ao lado dele se colocam uma vez mais o produtor e arranjador Matt Serletic (em seu currículo estão trabalhos com Santana, MatchboxTwenty e Blessed Union of Souls) e os músicos Ray Parker Jr. (guitarra), Chris Channey (baixo), Cleto Scovedo III (saxofone), Jay Muhoberac (teclados) e Dorian Crozier (bateria). Em pauta, uma sonoridade convencional e bem polida, na qual a mescla de rock, soul e rhythm’n’blues patenteada pelo artista incorre em perigosos flertes com o famigerado easy listening.

Intérprete que em tempos de ousadia reinventou e tornou praticamente suas composições do relevo de With a little help from my friends (Lennon-McCartney), Just like a woman (Bob Dylan), Byrd on the wire (Leonard Cohen) e You are so beautiful (Billy Preston), Joe Cocker agora parece conformado a lidar com o material raso do ícone neocaipira Keith Urban (vide a lacrimogênea balada I’ll walk with you again) ou do “Elton John dos pobres” Tyler Hilton (You don’t know what you’re doing to me).

Vez por outra, ele se anima e chega a comandar temas mais animados, vide a algo funky I’ll be your doctor, o agit-pop de contexto socialista à la Bruce Sprinsteen que dá nome ao disco e aquele que talvez seja o momento mais empolgante do disco; o rockaço I’ll come in peace. Rompantes isolados de inspiração que, infelizmente, impedem Fire it up de honrar os melhores trabalhos do artista.

Cotação: Regular

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