Desfile comemora 90 anos do EM e 60 anos de carreira de Anna Marina

Foram apresentados 20 looks que compreendem as nove décadas desde a fundação do jornal

por Silvana Arantes 13/09/2018 08:00
 MARCOS VIEIRA/EM/D.A.PRESS
Anna Marina Recebe da presidente da Jornada Solidária, Nazareth Teixeira da Costa, e do diretor-presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa, homenagem aos seus 60 anos de carreira (foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A.PRESS )
Orgulhoso da cabeleira de dreadlocks que passou a ostentar após uma temporada em Londres, da qual acabara de retornar, o estilista, ainda em busca de seu lugar no mundo da moda, foi até a redação do Estado de Minas para ser entrevistado.

Mal pousou seus olhos naquele jovem e na vastidão de seus fios, a editora Anna Marina disparou: “Quantos bichos cabem aí debaixo?”.

Na homenagem feita na noite de terça-feira (11) aos 60 anos de jornalismo de Anna Marina Siqueira, e aos 50 anos de seu caderno Feminino & Masculino, Ronaldo Fraga escolheu essa memória para revelar, num depoimento exibido em vídeo, antes do desfile “A história da moda mineira – Nove décadas em 20 looks”, realizado no Ponteio.

A escolha não poderia ser mais apropriada. Uma única frase sintetiza o bicho raro que é Anna Marina, exemplar da espécie de jornalistas puro-sangue, caracterizados por um profundo entendimento de que é com as perguntas mais incômodas que se extraem as maiores verdades, por uma curiosidade inesgotável e por uma total ausência de inibição para satisfazê-la.


Com 60 anos de exercício dessas habilidades, Anna Marina construiu mais do que uma carreira digna de homenagem. Ela ajudou a impulsionar várias outras, de estilistas e produtores. Por isso não foram poucos os que juntaram suas vozes à de Ronaldo Fraga para dizer um sincero “parabéns e muito obrigado” a esse incontornável nome da moda mineira – Liana Fernandes, Marília Pitta, Regina Matina, Soninha Lessa, Cláudia Fagundes, Patrícia Motta, Liliane Rebehy Queiroz, Helen Carvalho, Georgiana e Stefânia Mascarenhas, Márcia Queiroz, Lilian e Soraia Abras, Terezinha Santos, Victor Dzenk, Fátima Scofield, Valéria Lemos, Renato Loureiro, Luiz Sternick, Maria Ignez Coutinho e Zeca Perdigão.

É notável que, com o conjunto de talentos para o jornalismo que tem e a audácia de impô-los numa redação na qual era a única mulher, em 1958, Anna Marina tenha voltado seus esforços e sua atenção para aquela que é conhecida como a mais efêmera das artes.

 MARCOS VIEIRA/EM/D.A.PRESS
(foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A.PRESS)
É preciso lembrar, contudo, que a moda não é somente efêmera; é também uma exímia tradutora de comportamentos e valores (individuais e coletivos), sem mencionar sua relevância industrial e econômica. Nenhum desses aspectos escapa ao olhar atento de Anna Marina. E talvez nenhum outro tema fosse tão adequado para alguém que escrutina a aparência com o objetivo de compreender a essência por baixo dela.

Sem se privar de nem um aspecto sequer entre os que a moda pode oferecer a quem se interessa por ela, Anna Marina experimentou também a passarela e foi “a moça mais bonita que já pisou no Automóvel Clube”, como observou o diretor-presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa, ao lhe entregar, na noite de terça, uma capa especial do caderno Feminino, emoldurada em forma de quadro e comemorativa de seus 60 anos de carreira.

A entrega precedeu o desfile, que homenageou também os 90 anos do Estado de Minas, com 20 looks que compreendem as nove décadas desde a fundação do jornal. Parte das peças está disponível para leilão, com renda revertida para a Jornada Solidária, projeto de responsabilidade social dos Diários Associados criado há 55 anos.

Terminado o desfile, a empresária Ângela Gutierrez, amiga de Anna Marina, sentada ao seu lado na primeira fila, comentou com a homenageada que havia sido uma bonita noite. “Foi. Mas eu vou ter que carregar aquele quadro?”, ouviu como resposta. Para o bem do jornalismo, faz 60 anos que Anna Marina tem sempre uma pergunta na ponta da língua e nenhuma disposição em calar-se.