Especialista esclarece os tipos de tratamento de saúde mental e suas características

Você saberia explicar as diferenças entre psiquiatria, psicologia, psicoterapia e psicanálise? Quem explica as diferenças é o psiquiatra Mario Louzã, doutor em medicina pela Universidade de Würzburg, na Alemanha.

por Anna Marina 23/08/2017 15:55

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O profissional acompanha o paciente por meio de variadas técnicas (foto: Freeimage/divulgação)

Você saberia explicar as diferenças entre psiquiatria, psicologia, psicoterapia e psicanálise? Quem explica as diferenças é o psiquiatra Mario Louzã, doutor em medicina pela Universidade de Würzburg, na Alemanha. Para quem precisa de tratamento na área de saúde mental, ou mesmo seguir a carreira, é importante entender cada um deles para escolher o mais adequado às suas necessidades (se for paciente) ou ao seu perfil profissional (se for estudante ou recém-formado).
Tanto a psicologia quanto a psiquiatria (as duas estão dentro do âmbito da medicina) são profissões regulamentadas no Brasil, com seus respectivos conselhos federal e regionais, os quais estabelecem as normas éticas e de atuação profissional. Já as psicoterapias, entre elas a psicanálise, não têm legislação específica no Brasil. No entanto, tanto o psicoterapeuta quanto o psicanalista estão incluídos na classificação brasileira de ocupações do Ministério do Trabalho.
PSIQUIATRIA 
A psiquiatria é uma especialidade médica focada no diagnóstico e tratamento de transtornos mentais. Para se tornar psiquiatra, a pessoa precisa cursar medicina e fazer residência médica em psiquiatria. Após a residência, a pessoa fará as provas para obtenção do título de especialista em psiquiatria. Esse título envolve, principalmente, a psiquiatria de adultos. Dentro da psiquiatria, há algumas subespecialidades: psiquiatria da infância e adolescência, psiquiatria forense, psiquiatria feriátrica, entre outras. O psiquiatra é o responsável pelo diagnóstico e tratamento de doenças mentais. Por ser médico, ele pode prescrever medicamentos psicofármacos, como ansiolíticos, antidepressivos ou antipsicóticos. Essas medicações atuam no sistema nervoso central, alterando o modo como os neurotransmissores funcionam, seja aumentando sua atuação, seja diminuindo, conforme o tipo de psicofármaco.
PSICOLOGIA 
A psicologia estuda diversos aspectos da mente humana “normal” ou sadia, no contexto individual ou de um grupo e também no diagnóstico e tratamento de problemas emocionais e do comportamento. Para se formar psicólogo a pessoa deve cursar psicologia. Uma vez formado, o psicólogo pode se especializar em diferentes áreas de atuação, como educacional, recursos humanos, hospitalar, neuropsicologia, psicoterapia, entre outras. O psicólogo é o responsável pela aplicação de avaliação psicológica e neuropsicológica e pode atuar como psicoterapeuta. Diferentemente do psiquiatra, ele não pode prescrever medicações. 
PSICOTERAPIA 
A psicoterapia é um método que utiliza principalmente a fala e o diálogo. O intuito é auxiliar um indivíduo a compreender a si mesmo e a lidar melhor com seus problemas e dificuldades, que podem ser decorrentes de um transtorno mental leve (ansiedade ou fobias) ou de situações que fazem parte da vida de todos (separação ou morte), mas que o paciente tem dificuldade maior de compreensão e aceitação ou ainda de características da personalidade que prejudicam a pessoa e sua integração emocional e social. Há diversas teorias e técnicas de psicoterapia. As mais conhecidas são psicanálise, terapia cognitivo-comportamental, psicodrama e terapia junguiana. É importante lembrar que o tratamento medicamentoso e o psicoterápico não são excludentes. Na imensa maioria dos casos, a somatória do tratamento medicamentoso e psicoterápico produz melhor resultado para o indivíduo.
PSICANÁLISE 
A psicanálise é um tipo de psicoterapia. Exige formação especializada, em geral, de cinco a 10 anos, em sociedades de psicanálise (de preferência vinculadas à International Psychoanalytical Association – IPA, criada por Freud e colaboradores em 1910). Tendo essa formação, tanto o psiquiatra quanto o psicólogo podem fazer atendimentos usando a teoria e a técnica psicanalíticas. Embora o senso comum possa auxiliar, nem sempre ele funciona bem, pois muitas vezes se baseia em premissas falsas. Uma delas é a ideia de que transtornos mentais não têm base física, cerebral. Um quadro depressivo pode ser, por exemplo, consequência de desequilíbrio da tireoide. Se não for investigada por um psiquiatra, esta alteração da tireoide não será detectada, e o paciente não se beneficiará de um tratamento psicoterápico. A avaliação médica é importante para exclusão de doenças físicas que causam sintomas mentais. A partir de diagnóstico preciso, fica mais fácil conduzir a terapêutica, seja medicamentosa, seja psicoterápica.