Televisão vive onda de nostalgia ao ressuscitar atrações infantis de sucesso

A série infantil 'Vila Sésamo' ganhará novos episódios em 2015. Enquanto isso, novos desenhos migram para a TV paga

por Diário de Pernambuco 13/10/2014 11:55

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Jair Bertolucci/Divulgação
Nova temporada de Vila Sésamo será desenvolvida pela TV Brasil, em coprodução da TV Cultura e Sesame Workshop (foto: Jair Bertolucci/Divulgação)
Nunca se produziu tanto conteúdo televisivo. Séries, filmes, desenhos infantis ou infantojuvenis se espalham sem precedentes em canais segmentados de TVs aberta, a cabo ou pela internet. A avalanche de novidades, no entanto, ainda reserva espaço de destaque para a nostalgia. Reprises de novelas, seriados e programas de décadas passadas afagam jovens e adultos - a repetição é a essência, por exemplo, do Viva, um dos canais por assinatura mais vistos. O fenômeno se estende às produções da criançada com o resgate de atrações marcantes na infância dos hoje pais e avós.

O resultado: enquanto produções atuais como 'Galinha Pintadinha' batem recorde de visualizações no YouTube, emissoras removem programas infantis do ar e desenhos em canais pagos lideram a audiência, produtores recuperam clássicos de outrora para fisgar o público.

Criada há 50 anos, a série infantil 'Vila Sésamo' ganhará nova temporada em 2015. Ao todo, 120 episódios serão desenvolvidos pela TV Brasil, em coprodução com a TV Cultura e o Sesame Workshop. "É um personagem cinquentenário, que pegou várias gerações. É um projeto para entreter com conhecimento. A nova temporada vai estar mais próxima da realidade brasileira", antecipa o diretor de produção da TV Brasil, Rogério Brandão.

Para ele, existe uma lacuna nos conteúdos infantis da TV atual. "Os programas deveriam manter uma certa ingenuidade. A criança adora humor. Ela é inteligente. A gente não pode subestimá-la. Eu penso que os programas deveriam ser mais perspicazes". A TV Brasil é uma das únicas emissoras que exibe conteúdo para crianças - seis horas diárias.

A TV Cultura voltou a exibir, recentemente, a série 'Castelo Rá-Tim-Bum' (1994-1997). Além de aumentar em 67% a média de audiência noturna do canal, o clássico provou a longevidade com a repercussão maciça da exposição em cartaz em São Paulo. "O programa não envelheceu. Acho que é o segredo. É sinal de que ainda é relevante para o público, apesar da imagem tecnicamente ser velha. Não dá para competir com qualidade técnica digital de hoje. Mesmo assim, ele se sustenta", diz Cao Hamburger, um dos idealizadores do programa.

Após 20 anos do Castelo, o diretor volta a produzir nova série para a TV Cultura. 'Que monstro te mordeu?' será lançada no dia 10 de novembro. É um programa diferente do que o consagrou, mas tem o DNA de atrações exibidas pela emissora nas décadas de 1980 e 1990. "A TV aberta, no Brasil, tem uma dívida de produção de qualidade para criança. Acho que falta produção. Por isso, voltei para esse "universo", diz.

"A retomada dos programas são sintomas de um fenômeno da memória. Não só no sentido romântico ou de idade de ouro da TV, mas de criar âncoras temporais. A vitalidade de programas como Castelo tem a ver com a sobrevalorização do passado", aponta o pesquisador Igor Sacramento. Para ele, o politicamento correto tem destoado de "atrocidades" encontradas em desenhos como Pica-Pau ou Piu-piu e Frajola. "O desenho animado precisa ser educativo, formador".

No Discovery Kids (TV por assinatura), 'Peppa pig', "febre" na nova geração, disputa a atenção com clássicos da animação. No YouTube, reina soberana a 'Galinha Pintadinha'. "Dificilmente, Galinha se tornaria um clássico, da mesma forma que os 'Teletubbies' (nos anos 1990) não se tornaram. Responde a um contexto específico de uma época . A estrutura está marcada por novos valores", define Igor.

TV Cultura/Divulgação
Castelo Rá-Tim-Bum mantém sucesso depois de 20 anos (foto: TV Cultura/Divulgação)


Discovery kids
Líder de audiência da TV paga - entre crianças acima dos anos -, o canal aposta em produções mais recentes na grade, como 'Backyardigans', que estreou em 2004. O saudosismo aparece em novas produções com personagens antigos. Um dos exemplos: 'Moranguinho', com estreia marcada para novembro, ou 'My little pony'.

Cartoon Network
Segundo o Ibope, o canal se consolidou, nos últimos dois anos, como líder de na faixa etária de 4 a 11 anos. Aposta na mistura de produções antigas, como 'Tom e Jerry' e 'A turma da Mônica', e em versões de personagens antigos, como 'O novo Pica-Pau' e 'Chaves - animado'.

Tooncast
Fundado há cinco anos, o canal da Turner aposta em desenhos clássicos na programação, como 'Flintstones', 'Jonny Quest', 'Os mistérios de Piu-piu e Frajola' e até 'Pokémon', sucesso dos anos 1990. Transmite produções desenvolvidas pelo Cartoon Network, como 'Johnny Bravo' e 'As meninas superpoderosas'.

Gloob
'O Sítio do Picapau amarelo' (a versão exibida no canal é a de 2001 a 2007) é um dos clássicos que estão na grade do canal, que mescla séries e desenhos atuais com antigos. Na lista dos clássicos, 'Peter Pan', 'Robin Hood', 'Caverna do dragão', 'He-Man', 'Popeye', 'She-Ra' e 'Smurfs'.

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