Gabriela Duarte dá a volta por cima na TV

Treze anos depois da antipática Maria Eduarda, da novela Por amor, atriz conquista o público como a Jéssica de Passione

07/11/2010 07:00
Márcio de Souza/TV Globo-9/6/10
Eu me surpreendi. Não sabia que podia fazer humor n Gabriela Duarte, atriz (foto: Márcio de Souza/TV Globo-9/6/10)
Do que valem 20 anos de carreira? Até o convite para a novela Passione, a atriz Gabriela Duarte, de 36 anos, bem que se questionou sobre seu futuro como atriz e, na prática esotérica da Cabala, encontrou o equilíbrio pessoal. E na proposta do amigo paulista Silvio de Abreu, autor de Passione, viu a chance de jogar no lixo o rótulo de antipática que ganhou nos anos 1990 com a personagem de Por amor, a Maria Eduarda.
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Cabelo repicado, saia curta, salto alto e uma tara incontrolável por sexo. De fato, a certinha Maria Eduarda ficou para trás. Jéssica da Silva Rondelli é atirada, autêntica e não mede esforços para agradar o marido bígamo, Berillo (Bruno Gagliasso). Por ele, veste fantasia de policial, enfrenta o pai e vai até parar na cadeia, como aconteceu recentemente. E é assim que Gabriela cresce na trama e ganha o público. Não por acaso, na lista de pedidos da Central de Atendimento Globo (CAT) de setembro, os produtos usados pela personagem têm favoritismo, como seu esmalte na cor pink.
Na ponte aérea ou na fila do supermercado, Gabriela é acolhida com carinho pelo público. No aeroporto, alguns estranham os trajes simples da atriz – jeans, tênis e camiseta. “Será que é mesmo a Jéssica?”, questionam. “Estou tão feliz, as pessoas me encontram e abrem um sorriso”, diz Gabriela. Quem também desfruta do sucesso é a filha Manuela, de 3 anos. Quando está em compras com a mãe, faz questão de dizer que é sua filha e sabe tudo de Jéssica – mesmo não acompanhando o folhetim da Globo.
Apesar da agenda cheia – geralmente, Gabriela dorme três dias da semana no Rio de Janeiro para as gravações –, ela cuida de cada passo de Manuela. Quando está no Rio, deixa a filha com o marido, o fotógrafo Jairo Goldflus, e a acompanha por celular. Quando está em São Paulo, por volta das 19h a coloca para dormir. E após o Jornal Nacional, senta-se em frente à TV para assistir à novela Passione. O marido até criou o hábito de assistir aos dois primeiros blocos da trama. “É um barato, ele virou noveleiro.”
PÁGINA VIRADA Entre uma cena e outra, o telefone de casa toca. Lá vem mais elogios para a atriz. No caso, o louvor é da dona Regina Duarte – quando não liga, a mãe manda e-mail. “Mas geralmente acaba a cena e ela liga. Ela sendo atriz, tendo conhecimento técnico, tendo feito a Porcina (da novela Roque Santeiro, de 1985), é de grande valor para mim ser elogiada por ela. E no fundo, independente da profissão, todo filho quer ser reconhecido pelos pais”, diz Gabriela. A experiente Regina Duarte, por sua vez, não esconde o orgulho: “Ninguém a viu fazendo humor, mas eu sempre soube que ela era capaz”. 
Na verdade, nem Gabriela sabia que poderia encarar uma personagem tão alegre e fogosa. “Eu me surpreendi. Não sabia que podia fazer humor”, diz. Até então, Gabriela – que decidiu ser atriz depois de tanto acompanhar a mãe nos bastidores dos espetáculos de Antunes Filho e nos camarins da Globo – era conhecida por fazer mocinhas. Foi assim desde Top model (1989), sua primeira novela na Globo. 
Entre outros trabalhos, Gabriela esteve no remake de Irmãos Coragem (1995), em Por amor (1997) e na minissérie Chiquinha Gonzaga (1999). “Eu fazia personagens com a responsabilidade de mexer com a emoção das pessoas. Hoje, estou num núcleo leve, faço o público rir. Mas adorei todos os papéis que fiz, inclusive o de Maria Eduarda.” Na época, a mocinha de Por amor ganhou comunidades hostis na internet, batizadas com nomes como Odeio a Maria Eduarda. “Não sei até que ponto as pessoas me rotularam por eu ser daquele jeito por não me conhecerem”, diz.
Porém, há três anos, enquanto a artista estava no ar com Sete pecados, Silvio de Abreu achou que ela podia mais. “Não tinha convites. Pensei em ir para outras áreas. Entrei num período sabático. E daí veio a Jéssica. O Silvio me deu a chance de mostrar que não sou uma atriz de um personagem só.” Num jantar informal com o novelista, com a sinopse em mãos, Gabriela resolveu continuar na TV. “Mas não imaginava que ela seria tão tarada, tão superlativa”, brinca. 
O público aprovou. Os câmeras da Globo, mais ainda. “Às vezes, interrompemos a gravação de tantas gargalhadas.” Gabriela definitivamente está nas nuvens. Ainda assim, tenta levar uma vida comum, frequenta restaurantes, visita o pai em Campinas e vai ao cinema. Mas ela tem bem clara a ideia do sucesso. “A Jéssica é um divisor de águas.”

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