Bela Gil lança livro em BH e prega revolução de costumes a partir da alimentação

Bela Gil defende não só o aproveitamento mais racional e 'limpo' dos alimentos, mas prega uma revolução de costumes a partir da adoção do cardápio zen

por Ana Clara Brant 27/04/2019 09:32
DARYAN DORNELLES/DIVULGAÇÃO
(foto: DARYAN DORNELLES/DIVULGAÇÃO)
Ela já fez churrasco de melancia, comeu a própria placenta, substituiu a pasta de dentes por cúrcuma (tempero também chamado de açafrão da terra) na higienização dentária. Esses hábitos, tidos por alguns como para lá de inusitados, acabaram gerando diversos memes. Mas ela, ou melhor, Bela, não se importa. Muito pelo contrário. “Acho que brincar com assuntos sérios pode ser importante para atingir algumas pessoas que não estavam preparadas para aquilo. Eu lido muito bem com os memes e agradeço a eles. De verdade. Claro que tem um ou outro comentário mais agressivo, mas a gente releva”, assegura a apresentadora, chef de cozinha e nutricionista Bela Gil.

A filha do cantor e compositor Gilberto Gil – que se tornou meio que uma sumidade em alimentação saudável – estará neste sábado (27) em Belo Horizonte lançando o livro Bela Cozinha: da raiz à flor – Um novo olhar sobre os ingredientes do dia a dia, pelo selo Globo estilo, da Globo livros. A publicação traz 57 receitas com elementos como raízes, cascas, talos, folhas, sementes e flores, sugerindo maneiras de baratear o custo da alimentação e ampliar a economia agrícola. “A ideia é mostrar de que maneira podemos utilizar os elementos de forma integral. Não é um reaproveitamento, mas um aproveitamento. Trazer um novo olhar para os ingredientes como, por exemplo, a folha da cenoura, que pode ser usada para fazer um molho pesto em vez do manjericão. Ou seja, dar novos usos para alimentos que todo mundo já conhece, mas não sabe o que fazer. Quando ampliamos o nosso olhar sobre um alimento, ganhamos mais opções”, ressalta.

Bela, agora aos 31 anos, era ainda adolescente quando descobriu a prática de yoga e com ela começou a se interessar pelos benefícios da culinária saudável. Aos 18 se mudou para Nova York, onde aprendeu a preparar a própria comida. Foi aí que passou a se aprofundar no mundo da culinária e nutrição. Desde que iniciou a divulgação do seu trabalho – seja através do seu canal no Youtube ou nos programas de televisão, como o Bela cozinha, que vai para sua 11ª temporada GNT –, cuidou de difundir um pouco de sua filosofia de vida e a angariar vários adeptos. “Ter, literalmente, um canal para falar com as pessoas, mostrando uma alternativa ao sistema alimentar que elas estavam acostumadas, é muito bacana. Agradeço muito à abertura que o GNT me deu porque não é fácil falar de alimentação saudável quando se tem toda uma indústria manipulando informações, com propagandas muito agressivas. Acredito que desde que comecei com esse projeto, o comportamento de muitos brasileiros mudou, tem surtido algum efeito. Fico muito feliz com isso”, celebra.

ATO POLÍTICO

A apresentadora e chef sempre pregou que alimentação é algo que vai além do simples gesto de provar alguma coisa. Para ela, é um ato político. “Tem muita coisa envolvida. Podemos mudar o mundo à nossa volta através das nossas escolhas alimentares. Quando você escolhe um alimento, você faz, sim, uma escolha política. Se opta pelo orgânico, pretere algo que não está envenenando a terra e apoia um determinado grupo que muitas vezes é marginalizado. Consumir castanhas de uma comunidade indígena é um ato político. E eu trabalho muito em cima disso; tornar a alimentação algo não só mais saudável, mas mais justo e democrático”, defende.

No entanto, Bela Gil tem consciência de que há um longo caminho a percorrer e sabe que este estilo de vida está longe de ser acessível à maioria. “São produtos ainda muito caros e por isso toda uma realidade precisa ser mudada. A gente só vai conseguir modificar alguma coisa não só com mudanças individuais, mas com alterações nas políticas públicas. É preciso estimular a produção orgânica, começar a taxar os agrotóxicos, fazer uma reforma agrária efetiva”, defende.

SLOW FOOD

Morando na Itália desde setembro, onde faz mestrado de slow food, Bela acaba de estrear uma nova atração, mas desta vez no canal Futura. Bela raízes mostra uma outra faceta da apresentadora. Longe da cozinha, Bela Gil visita comunidades tradicionais, onde as mulheres são as protagonistas, as verdadeiras guardiãs de conhecimentos ancestrais. Ela mostra como os costumes antigos, a medicina tradicional e o estilo de vida interferem diretamente na saúde dessas pessoas. “Nesse programa eu aflorei o meu lado mais feminino. Quis enaltecer a importância das mulheres nas suas comunidades, onde elas são líderes. Mostrar o poder delas na sociedade como um todo. Já deixamos 13 episódios gravados. Foi uma experiência muito enriquecedora”, comenta.

Além do lançamento do livro, Bela tem um outro compromisso em BH. Um evento fechado que vai reunir pensadores e especialistas brasileiros contemporâneos. Apesar de não ser muito adepta do estilo da comida mineira, Bela Giz faz questão de ressaltar a importância da culinária regional. “Eu não como a comida mineira tradicional, mas nem por isso deixo de valorizar essa cozinha que é tão rica, diversa e que é uma comida de verdade. Isso é que é importante. A gente dá um jeitinho de fazer uma versão mais leve e vegetariana dos pratos mineiros. Eu adoro o polvilho e as plantas típicas daí como a própria couve, o ora-pro-nóbis.”

Serviço
Lançamento de Bela Cozinha: da raiz à flor. Hoje (27), das 15h às 18h, na Livraria Leitura, do Shopping Pátio Savassi (Av. do Contorno, 6.061, São Pedro)


Bela Cozinha – da raiz à flor: Um novo olhar sobre os ingredientes do dia a dia
. Autora: Bela Gil
. Globo Livros
. Páginas: 136
. Preço: R$ 59,90

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