Cervejaria Sátira muda visual e aposta na bebida própria

Estabelecimento agrega a Tibo para comandar a cozinha

por Eduardo Tristão Girão 29/04/2016 08:00
Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

O Bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, virou reduto de cervejarias há poucos anos, mas não deixa de ser uma surpresa (das boas) entrar na recém-inaugurada Sátira. Há um contraste muito bem arranjado de elementos delicados e brutos: piso de concreto, jardineiras com ervas, carretéis de fios de alta tensão servindo de mesas, pratos anunciados em quadro-negro, cadeiras sem par e um contêiner enorme que refrigera as cervejas de produção própria, tudo debaixo de um galpão de pé-direito alto, como tantos outros dali.

Na verdade, trata-se de uma reinauguração. Na abertura original, em 2015, a proposta era produzir, servir e distribuir os chopes da cervejaria paulista Colorado, com a comida a cargo da Grano, empresa pilotada pelos chefs Leo Mendes (Ah! Bon) e José Fernando Beber. Com a saída da Grano da sociedade (a dupla abriu o Mercado Grano quase ao lado) e a venda da Colorado para a Ambev (ano passado), a reformulação foi geral.

Por questão contratual os chopes da Colorado (R$ 12, cada) continuam sendo produzidos e servidos por lá, mas o foco passou para aqueles que levam o nome da casa, disponíveis em quatro estilos: pilsen (R$ 5,90), trigo (R$ 6,90), english pale ale (R$ 7,90) e india pale ale (R$ 8,90). “Nossa marca é jovem e queremos tirar aquela ideia de que cerveja especial é para rico. Nosso copo de pilsen é mais barato que um de Heineken”, explica Marcelo Nunes, um dos sócios. Há, ainda, chopes da paranaense Bodebrown a R$ 12 (cada).

“A Colorado foi uma escola muito boa para nós e ensinou como não perder qualidade e, ao mesmo tempo, ter bom drinkability, ou seja, obter cerveja equilibrada e que não dê aquela sensação de barriga cheia”, continua ele. A intenção, continua Nunes, é que a Sátira se desligue da cervejaria paulista e invista cada vez mais nos rótulos próprios, tanto na unidade do Jardim Canadá quanto na da Savassi, aberta em dezembro e cujo modelo foi pensado para franquear.

VEGANO A cozinha, separada do salão apenas por um balcão, agora é domínio de Sinval Espírito Santo, professor de gastronomia (Centro Universitário Una e Senac) que tem formação e experiência em restaurantes na Itália e levou para o galpão sua marca, a Tibo Cucina, pela qual já vendia produtos (como seu surpreendente molho de morango) e dava aulas. Criou cardápio especialmente para o local (e diferente do da Savassi), mesclando referências internacionais à sua base italiana.

Em mais de um caso, o chef aproveita a facilidade de ter cerveja fresca por perto para incrementar suas receitas – caso da linguiça, servida com molho que é redução da india pale ale da casa com laranja (R$ 22). Entre os pratos principais, destaque para o risoto de gema com salmão gravlax (curado com sal, açúcar e, no lugar do endro, maçã verde; R$ 49, individual) e o talharim feito por ele especialmente para o público vegano, sem ovos na massa e salteado no azeite com cogumelos hidratados em vinho branco (R$ 39).

Na seção de sobremesas, chama a atenção a casquinha frita de churros recheada com sorvete de doce de leite (R$ 14) e o cookie de chocolate com sorvete de limão siciliano, Nutella e uma curiosa farofa (R$ 14) feita a partir de receita de cheesecake que deu errado – mole demais, a sobremesa foi batida, espalhada, assada até ficar crocante e, enfim, esmigalhada.

Sátira + Tibo
Rua Kennedy, 48, Jardim Canadá, Nova Lima. (31) 3547-5188. Aberto sábado e domingo, das 11h às 18h

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