Ex-atriz de Malhação relata ter sido estuprada aos 12 anos por pai de amiga em Minas

Karen Junqueira lembra que ficou mais de uma década em silêncio, e decidiu contar o episódio para a mãe apenas após a morte de seu pai

Estadão Conteúdo 21/07/2020 19:58

Reprodução/Instagram
Karen Junqueira falou sobre sua intenção em relatar o abuso sexual (foto: Reprodução/Instagram )
Karen Junqueira falou sobre o estupro que sofreu do pai de uma amiga quando tinha 12 anos e morava em Caxambu, Minas Gerais, sua cidade-natal.

A atriz é conhecida principalmente por trabalhos na TV aberta como nas novelas Haja Coração, da Globo, e Os Mutantes, da Record TV. Um de seus primeiros trabalhos foi na temporada 2006 de Malhação.

Em relato à Claudia, Karen contou que o fato ocorreu no dia do aniversário de sua melhor amiga: "Estávamos juntas, lado a lado, dormindo na mesma cama. Foi quando meu sono foi interrompido pelo pai dela. Naquele instante, meu mundo parou".

A atriz lembra que não conseguiu abrir os olhos ou gritar: "Ele abaixou meu pijama e com seus dedos e língua começou a me tocar. Foram poucos minutos que se transformaram em uma eternidade".

 

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Procurando transcender e quebrar o sile%u0302ncio, tomei a decisa%u0303o de dividir com voce%u0302s meu relato, pois tenho visto a viole%u0302ncia contra mulher aumentar e muito. Sa%u0303o tempos difi%u0301ceis e a viole%u0302ncia e o abuso contra mulheres, meninas e crianc%u0327as na%u0303o podem mais ficar impunes e silenciadas. Meu objetivo e%u0301 encorajar, motivar a na%u0303o se calarem. Denunciem! Quantas mulheres ja%u0301 conheceram com uma histo%u0301ria parecida? Precisamos repensar as estruturas em que fomos criados, os preconceitos e as culturas destrutivas. Minha histo%u0301ria foi publicada hoje numa carta aberta a%u0300 @claudiaonline, que teve a sensibilidade em abrir um canal para dar voz a mulheres, que passaram por abusos, para que possam ganhar espac%u0327o e acalento. So%u0301 quem passou por isso sabe a importa%u0302ncia do poder que a fala tem nesse lugar de dor. Como acho necessa%u0301rio e importante fazer parte desse movimento! Juntas somos melhores e podemos influenciar a cura coletiva e cessar abusos contra a mulher, seja no trabalho, em casa ou qualquer lugar. Na%u0303o podemos mais nos silenciar. Que possamos percorrer nosso caminho sem que nos corrompam, nos violem. Este dia esta%u0301 sendo transformador em minha vida! Me sinto caminhando para um horizonte ao ar livre com muitas possibilidades pela frente. Obrigada por fazerem parte disso comigo, na%u0303o poderia deixar de agradecer @atilamigliari @evvacomunicacao @guilhermebarros @belpetean @isadercole @gutanascimento quero abrac%u0327ar @ci_santtos %uD83D%uDE4F

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"Eu me contorcia chorando e passei o resto da noite em claro, ainda estarrecida", continua. Ela também conta ter sentido uma "repulsa enorme" e se afastado da família, que era muito próxima à sua.

Karen Junqueira lembra que ficou mais de uma década em silêncio, e decidiu contar o episódio à sua mãe apenas após a morte de seu pai. Um dos questionamentos que ela teria feito foi: "Será que isso não foi um sonho, minha filha?"

"É claro que ela não queria acreditar como alguém tão 'legal e inofensivo' poderia fazer tal coisa. Não quero julgá-la. Ela é apenas mais uma vítima do machismo estrutural que impera na sociedade. A submissão sempre esteve encruada dentro da minha casa. Reservo à minha mãe sororidade", afirma.

"O abuso que sofri me gerou muitas questões emocionais. Desconfiança excessiva e insegurança foram algumas delas. [...] Poder falar abertamente sobre isso está sendo uma libertação para mim. Não tenho mais vergonha de me expor", relata, em outro momento.

Em seu Instagram, Karen Junqueira falou sobre sua intenção em relatar o abuso sexual: "Meu objetivo é encorajar, motivar a não se calarem. Denunciem! Quantas mulheres já conheceram com uma história parecida? Precisamos repensar as estruturas em que fomos criados".

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