Com foco na acessibilidade, Festival de Verão da UFMG chega à 13ª edição

Festival de Verão da UFMG começa hoje com a defesa de olhar ampliado sobre acessibilidade, moradia de rua, imigração e transgeneridade. Entre as atrações, oficina sobre Super-Homem e shows do Tutu com Tacacá

por Augusto Guimarães Pio 11/02/2019 08:15
Daniel Protzner/ UFMG
Espetáculo '#Cortiço' (CEFART - Fundação Clóvis Salgado), destaque na 11° edição do Festival de Verão da UFMG (foto: Daniel Protzner/ UFMG)
Com programação extensa e atrações como oficina sobre o Super-Homem, o show Suíte capoeira e apresentação do Tutu com Tacacá, começa hoje o tradicional Festival de Verão da UFMG, que está em sua 13ª edição. As apresentações serão no Centro Cultural UFMG, Conservatório da UFMG, Praça da Liberdade e Viaduto Santa Tereza, além de performances ao ar livre no Bairro Lagoinha. De acordo com a coordenadora do evento, Denise Pedron, a proposta é articular cultura, ciência e arte, produzindo conhecimento a partir das vivências dos participantes, ou seja, por meio da experiência, além de trabalhar com foco na acessibilidade.

“Nesta edição, estamos propondo conversas sobre moradia de rua, imigração e transgeneridade. Acreditamos que conversar abertamente sobre essas questões é uma forma de ampliar pontos de vista, desconstruir preconceitos e promover um diálogo mais humano, menos autocentrado, que nos provoca uma sensibilidade para o outro e suas questões que, mesmo não sendo, a princípio nossas, também nos atravessam. E o entendimento dessas questões, a partir de um olhar mais ampliado, é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva”, acredita Denise.

A coordenadora cita como exemplo a participação de Lucas Ramón, quadrinista surdo, que oferecerá oficina de cartoon e tradução em libras, com apoio do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), nos eventos de abertura do festival na cena teatral. “Como nas outras edições, o público contará com o ciclo de debates sobre assuntos relevantes na atualidade, que ocorre de terça a quinta, sempre às 10h, no Conservatório da UFMG”, destaca.

Denise ressalta que as oficinas estão bastante diversificadas e englobando atividades nas áreas de ciências da vida e saúde, exatas e da terra, artes e projetos especiais. “Nesta edição, temos as oficinas de geometria do pensar e pequenas dramaturgias, que são voltadas para um público que tem acompanhado o festival, que são alunos e professores de escolas de ensino médio. Notamos um interesse crescente deles pelo evento, além do interesse de estudantes dos mais diversos cursos de ensino superior, até pelo caráter transdisciplinar do evento.”

Na abertura hoje, às 19h, a peça musical Suíte capoeira, do compositor Rafael Calaça, que traz uma mistura de instrumentos de orquestra, com afinações específicas, e uma roda de capoeira com berimbaus. “A apresentação será seguida pela atividade Ajeúm, que nos une, conduzida por Doté Márcio de Azansú, que falará um pouco sobre Iemanjá, preparando a comida desse orixá, que será servida também ao público”, destaca Denise. A coordenadora também chama a atenção para a atração que fecha o festival:  o show do grupo Tutu com Tacacá. “No encerramento, dançaremos em ritmo de carnaval, trazido dessa vez pelo Tutu com Tacacá, que convida o Bloco da Fofoca, trabalhando uma mistura de ritmos do Pará e de Minas Gerais.”

A apresentação da ópera-balé Suíte capoeira será no Centro Cultural UFMG. O concerto performance composto pelo maestro e músico Rafael Calaça propõe reunião de música popular, capoeiristas e orquestração. “Comecei a escrever a obra em 2012, que é também um projeto social, aprovado pela lei municipal, além de ser também uma pesquisa acadêmica. É orquestral e envolve instrumentos musicais e um sexteto de berimbaus. É escrita para orquestra, mas envolve também arte, tanto na instrumentação quanto no jogo, na luz e na luta que existe dentro da capoeira”, explica Calaça.

QUADRINHOS
Já o historiador Afonso Andrade é o responsável pela oficina Superman: das origens nos quadrinhos à Segunda Guerra Mundial, que será realizada nesta segunda-feira, de 13h às 17h, no Conservatório da UFMG. “Vamos abordar o surgimento do Super-Homem e o contexto político-social histórico do surgimento dele nos anos 1930, período de entre guerras, com os EUA crescendo, recebendo imigrantes e vivendo à margem da sociedade e também o surgimento da cultura de massa, com as revistas, rádios, quadrinhos e jornais. Enfim, a ideia da atividade é mostrar, além de todo esse contexto, quais foram as influências que os autores tiveram, o meio social e as influências culturais”, ressalta Afonso.

Sob a curadoria de Pedro Aspahan, a exposição digital Os cantos dos saberes tradicionais, que será realizada hoje, das 13h às 17h, no Conservatório UFMG, reúne vídeos que registram cantos das mestras e mestres dos saberes tradicionais das culturas populares brasileiras, afrodescendentes e indígenas, mestras e mestres dos terreiros, dos quilombos, da terra, do canto e da música, que participaram do Programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais da UFMG. Aspahan fez a curadoria e montagem dos vídeos, que serão apresentados na fachada do Espaço do Conhecimento da UFMG durante o festival.

MUNDO POSSÍVEL “A ideia é que o canto diverso das mestras e mestres possa contaminar a cidade, colocando as pessoas que circulam pela Praça da Liberdade em contato com o mundo singular que eles expressam. Projetamos sobre o mundo da cidade um outro possível, marcado pela alteridade e pelo contato com a ancestralidade, fazendo coexistir no espaço urbano aqueles que estão, muitas vezes, excluídos dos sistemas eurocêntricos de representação e que lutam para resistir à constante ameaça de destruição e aniquilamento, própria dos tempos atuais, tão intolerantes com a diferença”, esclarece o curador.

Encerrando o festival, na quinta-feira, a partir das 19h, no pátio do Conservatório da UFMG, a apresentação do Tutu com Tacacá. “O Tutu conta com seis integrantes, entre percussionistas, cantoras, flautista, guitarrista e contrabaixista. A proposta é aliar as musicalidades de Minas e do Pará. A banda, fundada em 2014, acompanha o Bloco da Fofoca, que traz ritmos do carimbó, retumbão e lundu. Em vez de tocar com instrumentos típicos do Pará, tocamos com os nossos instrumentos, mas seguindo a proposta de uma pesquisa que fizemos com os ritmos carimbó e retumbão do Pará”, explica a regente Marina Araújo.

Festival de Verão da UFMG De hoje A 14 de fevereiro

ATRAÇÕES


Hoje (11)

Abertura, às 19h, com a peça musical Suíte capoeira, no Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174, Centro). Oficina Todo mundo consegue fazer quadrinhos, das 13h às 17h30, no Centro Cultural UFMG. A oficina será realizada até quinta, no mesmo horário e local, destinada a pessoas acima de 14 anos. Investimento: R$ 10

Amanhã (12)

Cena teatral Todas as vozes, todas elas, com o Grupo de Teatro Mulheres de Luta, às 20h, no Centro Cultural UFMG

Quarta-feira (13)

Espetáculo teatral Assembleia comum, com a Trupe Estrela do Espaço Comum Luiz Estrela, às 18h, no Centro Cultural UFMG

Quinta-feira (14)
Encerramento,  às 19h,  com a banda Tutu com Tacacá e o Bloco da Fofoca, no Conservatório UFMG (Av. Afonso Pena, 1.534, Centro)

>> Programação completa: www.ufmg.br/festivaldeverao/eventos

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