Hubert de Givenchy: lenda da alta-costura morre aos 91 anos

Estilista fez história na moda e no cinema. Com sua elegância refinada e discreta, a atriz Audrey Hepburn transformou o estilista em ícone

por Estado de Minas 13/03/2018 08:00
Carl de Souza - 20/5/2010
O estilista francês Hubert de Givenchy fez do casual chic um estilo mundialmente copiado (foto: Carl de Souza - 20/5/2010)
Morto aos 91 anos, o francês Hubert de Givenchy fez história na moda e no cinema. Com sua elegância refinada e discreta, a atriz Audrey Hepburn transformou o estilista em ícone

Ele vestiu Audrey Hepburn e Jackie Kennedy. Lenda da alta-costura, o estilista francês Hubert de Givenchy morreu aos 91 anos, depois de marcar o mundo da moda por meio século pela elegância de suas criações.

“O senhor De Givenchy faleceu enquanto dormia no sábado, 10 de março de 2018”, informou em comunicado o estilista Philippe Venet, com quem o estilista compartilhou a vida por vários anos. O funeral será realizado “na intimidade da família”, de acordo com Venet.

De seu primeiro desfile, em 1952, até a aposentadoria, em 1995, Hubert de Givenchy marcou o mundo fashion pela elegância de suas criações, popularizadas pelo cinema, sobretudo pela atriz Audrey Hepburn (1929-1993).

“As roupas de Givenchy são as únicas nas quais me sinto eu mesma. Mais do que estilista, ele é um criador de personalidade”, declarou Audrey Hepburn, certa vez.

Outra criação icônica do estilista foi o corpete bordado usado por Jackie Kennedy na visita oficial que fez à França, em 1961, ao lado do presidente John Kennedy. Também chamou a atenção o vestido e o casaco em crepe de lã, com cinto de couro, com que a duquesa de Windsor surgiu nas cerimônias fúnebres do marido, em 1972.

“É inútil fazer coisas exageradas, devemos fazer roupas acima de tudo confortáveis e bem cortadas. Nunca devemos contrariar o tecido com muitos artifícios, ele deve se mover sobre o corpo da mulher”, ensinou Givenchy, durante uma exposição em homenagem à sua obra realizada em Calais, na França, em 2017.

PARIS

Nascido em 21 de fevereiro de 1927, na cidade de Beauvais, Hubert James Taffin de Givenchy se apaixonou pela moda muito jovem. Aos 10 anos, foi a Paris só para conhecer o estilista Cristóbal Balenciaga. Porém, o encontro só ocorreria em 1953.

Hubert iniciou a carreira aos 17 anos, chamando a atenção de socialites em busca de vestidos de noite. Sete anos depois, abriu a própria casa de moda, inspirado em Christian Dior. A Maison Givenchy se tornou a meca do “casual chic”.

Em 1988, a Maison Givenchy foi vendida para o grupo LVMH. “Entre os criadores que colocaram Paris definitivamente no topo da moda mundial a partir da década de 1950, Hubert de Givenchy deu à sua maison um lugar à parte. Tanto por seus vestidos longos de gala quanto pelos trajes diários, ele soube reunir duas qualidades raras: ser inovador e atemporal”, afirmou Bernard Arnault, presidente da LVMH.

A Maison Givenchy prestou homenagem a seu fundador, “símbolo da elegância parisiense durante mais de meio século”, de acordo com o comunicado da empresa. “Hoje ainda, sua abordagem da moda e sua influência perduram. Sua obra continua sendo tão pertinente como antes”, lembrou a LVMH.

Muitos anos depois de se aposentar, o estilista mantinha um olhar crítico sobre sua profissão. “Agora, há uma espécie de despreocupação. Acho que a moda se tornou outra coisa e não posso dizer que estou entusiasmado. Há moda e modas”, afirmou. (AFP)



Jogo de sedução

A estrela “seduziu” o estilista. “Quando ela veio me pedir para fazer seus vestidos para o filme Sabrina, não sabia quem ela era. Jamais havia ouvido falar de Audrey Hepburn”, contou Givenchy em 2016, na abertura da exposição To Audrey with love, em Haia (Holanda).

“Ela chegou graciosa, jovem, iluminada, vestida como uma jovem da atualidade”, relembrou. A atriz usava calça de algodão, sapatilha bailarina, camiseta revelando o ombro e um chapéu de gondoleiro veneziano na mão.

“Não estava inspirado a fazer um guarda-roupa importante para Sabrina. Disse não, senhorita, não posso vesti-la”, contou Givenchy. Mas a atriz o convidou para jantar, “o que era surpreendente para uma jovem bem-educada”, de acordo com ele. No final da refeição, o estilista, encantado, propôs que ela voltasse no dia seguinte à sua maison. “Ela me persuadiu. Como fui sábio em aceitar”, reconheceu.

Audrey usou vários modelos do estilista nas telas. Em um momento de Como roubar um milhão de dólares (1966), a atriz precisou se disfarçar em trajes de faxineira. O personagem de Peter O’Toole, ironicamente, comentou: “Isso dá a Givenchy uma noite de folga.”

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