Ruy Castro e Heloísa Seixas lançam livros hoje no Museu das Minas e do Metal

Casal de escritores participa do projeto Sempre um papo que está completando três décadas

por Mariana Peixoto 29/03/2016 08:53

Durante mil e uma noites, a princesa Sherazade enganou a morte contando histórias. Para a escritora Heloísa Seixas, foi também a palavra, no caso, a escrita, que impediu que seu marido, o escritor Ruy Castro, sucumbisse ao alcoolismo, câncer e abuso de drogas.


O oitavo selo (Cosac Naify, 192 páginas), livro mais recente de Heloísa, é uma autoficção que coloca o jornalista como protagonista. O casal chega hoje a Belo Horizonte para participar do projeto Sempre um Papo, no Museu das Minas e do Metal.

Gabriel Araújo/Divulgação
O casal costuma fazer lançamentos conjuntos há pelo menos uma década (foto: Gabriel Araújo/Divulgação)

Enquanto Heloísa autografa o livro, Castro lança A noite do meu bem: A história e as histórias do samba-canção (Companhia das Letras, 560 páginas). O Ruy teve sete confrontos com a morte, desde a morte da irmã, quando ele era criança, até o câncer. Ele lidou com tudo isso muito ajudado pela palavra escrita. Como sempre tinha um livro para terminar, isso o impediu de morrer”, comenta Heloísa, casada há 25 anos com o jornalista.

O título é uma referência óbvia a O sétimo selo (1957), um dos filmes mais importantes de Ingmar Bergman, que trata do confronto de um homem com a morte. “Chamei cada um dos confrontos de selo. Já o oitavo, que está no título, é o que está em aberto, é vida e morte”, acrescenta a escritora.

A ideia da narrativa nasceu de uma conversa que Heloísa teve com a escritora e curadora Guiomar de Grammont, durante uma edição da Flip, em Paraty. “Na época, ela estava organizando uma coleção de mitos eróticos. Falou em Don Juan, Romeu e Julieta e Sherazade.
Intimamente, sempre comparei o Ruy a Sherazade.”

Heloísa comenta que o marido não é seu primeiro leitor – função dividida entre sua filha e uma amiga próxima. Mas, no caso de O oitavo selo, a questão foi tratada de maneira diferente. “Quando eu tinha escrito metade, dei para o Ruy ler. E ele próprio nunca tinha pensado nesta ideia como um todo”, continua ela.

A escritora conta que já foi perguntada mais de uma vez se O oitavo selo seria uma biografia. “De jeito nenhum, porque além do mais estaria contrariando tudo o que o Ruy prega, de que devemos escrever biografia de gente morta.”

O casal costuma fazer lançamentos conjuntos há pelo menos uma década. Em 2007, Heloísa recorda, houve uma espécie de troca de papéis. Ela escreveu um livro de não ficção sobre o mal de Alzheimer (O lugar escuro, em que relatava sua experiência com a própria mãe) e ele o romance Era no tempo do rei.

Depois desta participação no Sempre um Papo, os dois retornam a BH em abril, para participar da Bienal do Livro, que será realizada entre 15 e 24, no Expominas. Mas, desta vez, estarão em mesas separadas.

SEMPRE UM PAPO

Com os escritores Heloísa Seixas e Ruy Castro. Hoje, às 19h30, no Museu das Minas e do Metal, Praça da Liberdade, s/nº, Funcionários, (31) 3261-1501. Entrada franca.

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