Seminário 'Arte é Preciso' coloca em questão o fazer artístico, em BH

Promovido pelo Estado de Minas, encontro discute o papel do artista e sua relação com o público no centro do debate

por Carolina Braga 30/09/2015 08:00

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Marcos Vieira/E.M./D.A Press
(foto: Marcos Vieira/E.M./D.A Press)
A questão da semana no seminário Arte É Preciso é tão primordial quanto pouco debatida. Afinal, o que faz um artista? “Estou tentando saber. As experiências são únicas. Não dá para generalizar. A arte deu sentido à minha experiência de vida”, afirma a artista plástica Andrea Lanna. Nesta quinta, a partir das 19h30, ela divide a mesa com os também artistas Fernando Lucchesi, Thales Pereira e Cláudia Renault sob a mediação de Rodrigo Vivas, doutor em história da arte.


“A primeira questão que gostaria de problematizar é que o artista só se torna artista quando coloca a produção em contato com o público”, provoca Vivas. Ao ressaltar que é preciso defender um espaço mais expressivo para a arte produzida em Minas, lembra que não é função do artista produzir sua própria visibilidade. E acrescenta: “Ninguém nasce artista, arte não é só talento e não existe gênio”, acredita o mediador.

Os artistas plásticos Thales Pereira e Fernando Lucchesi pensam diferente. “Fui desenhista técnico, de estrutura de concreto armado, mas com 20 e poucos anos dei um basta. Fui pintar”, conta Fernando, que demonstrava aptidão desde criança. Aos 6 anos, Thales Pereira ganhou um concurso de desenho no Rio de Janeiro. A competição precisou ser cancelada quando a idade do vencedor foi revelada. “Para mim era tão natural. Achava tudo tão simples que ficava com vergonha de as pessoas elogiarem”, lembra Pereira.

Para Cláudia Renault, todo ser humano tem um potencial criador que precisa ser desenvolvido. Faz parte do discurso de qualquer professor de artes plásticas a recomendação de que, na arte, disciplina e liberdade devem andar associadas. “O que faz um artista é a obstinação, porque é muito fácil desistir. O retorno é muito difícil e, às vezes, nem vem em vida”, ressalta.

“Para mim, é uma condição e não uma escolha. Não é uma coisa que você vira e diz:  ‘Vou ser artista’”, completa Andrea Lanna. Segundo ela, a oportunidade de discutir esse tema chega em um momento de inquietação. “O ambiente mineiro de arte não pode se dissipar. Tem que se configurar através da memória, da ação dos artistas, dos centros culturais, dos galeristas. Tudo requer uma ação em conjunto”, destaca.

Minas Gerais é considerado celeiro de bons artistas. Estão aqui, por exemplo, galerias de relevância internacional, o maior museu a céu aberto do mundo, nomes como Amilcar de Castro e Alberto da Veiga Guignard, e, ainda assim, cabe a pergunta: Por que o ambiente mineiro de arte não frutifica?.

“Também estou me perguntando. Sou uma simples ‘fazedoura’”, afirma Andrea Lanna. Ela acredita no espaço do seminário muito mais como um lugar de se levantarem questões como essa do que propriamente apresentação de respostas prontas. O seminário será transmitido ao vivo pelo Portal Uai. Cláudia Renault acredita que o seminário Arte É Preciso tem o mérito de tirar a discussão do âmbito acadêmico e oferecer mais visibilidade. “Dentro da universidade tem a troca com os colegas. Acho importante sentarmos de uma forma um pouco mais pública”, diz.

Próximo encontro
>> 22/10
Com Tadeu Bandeira, diretor do Centro de Arte Popular Cemig; o designer Gustavo Greco, a historiadora Letícia Julião e a arquiteta e decoradora Patrícia Hermanny. Mediação: Marco Túlio Resende (artista plástico).

ARTE É PRECISO
Espaço Cultural do Estado de Minas, Avenida Getúlio Vargas, 291, Funcionários, Belo Horizonte. Entrada franca mediante apresentação de convites. Haverá transmissão ao vivo pelo Portal Uai. O credenciamento pode ser feito pelo e-mail jornada@uai.com.br. Vagas limitadas. Informações: (31) 3263-5700, das 9h30 às 12h e das 14h30 às 18h.

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