Aos 80 anos, Mauricio de Sousa lança produtos da marca Turma da Mônica

Entre os 42 produtos divulgados pelo escritor, estão inclusas transposições dos famosos quadrinhos dos gibis para livros

por Nahima Maciel 29/09/2015 10:27

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Renato Wrobel/Divulgação
Mauricio de Sousa continua produzindo de maneira frenética em múltiplas frentes, dos livros ao DVD (foto: Renato Wrobel/Divulgação)
Mauricio de Sousa não para nunca. Empresário do mercado editorial de quadrinhos mais bem-sucedido do Brasil, o paulista de Santa Isabel completa 80 anos em 27 de outubro e está de olho na surpresa que os filhos preparam, mas também não tira o olho do mercado. Na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, ele lançou 42 produtos relacionados ao mundo dos gibis. São 50 anos de produção ininterrupta, sempre atento às tendências do mercado e pronto para entender as demandas.

Do estúdio do cartunista, no qual trabalha um time de desenhistas e roteiristas responsáveis por criar novas situações para a turma, saiu um livro de colorir, mangás, uma série de livros que retomam as histórias das tirinhas dos anos 1960, uma versão em fábula e até uma biografia em quadrinhos do próprio criador. Uma caixa com tiragem limitada e numerada com 15 DVDs e seis pôsteres completa a leva de lançamentos. Além disso, há uma série de livros de outros autores que se apropriam das personagens da turma para criar suas próprias histórias, caso de 'Mônica é daltônica?', de Odilon Moraes; e 'Turma da mata — Muralha', de Artur Fujita.

Mas a novidade mesmo, para Mauricio, é o mangá, tentativa de segurar um pouco mais os jovens leitores que não são mais crianças e começaram a abandonar os gibis. “A história em quadrinhos é mais comportadinha e o mangá é um produto mais atirado. É como se fosse uma gíria gráfica nova para o leitor”, explica.

A partir da reação aos mangás, ele vai desenvolver uma série sobre a Turma da Mônica adulta. Os personagens vão namorar, noivar, casar e ter filhos. A cada ano, vão fazer aniversário e ficar mais velhos, ao contrário dos gibis, nos quais se faz sete anos há mais de cinco décadas.

“As histórias vão se basear em fatos que estão acontecendo no mundo contemporâneo naquele momento, vai ter uma história jornalística”, avisa.

Outro compromisso que o empresário quer reforçar na comemoração dos 80 anos é com a leitura, por isso decidiu lançar algumas das histórias publicadas em tirinhas há 50 anos. “É uma maneira de a gente valorizar o livro com a popularidade dos quadrinhos. O livro é o horário nobre da publicação”.

Entrevista // Maurício de Sousa

Por que transformar as tirinhas em livrinhos?

É uma maneira de valorizar o livro com a popularidade da história em quadrinhos. A história em quadrinhos realmente pega muito mais fácil no jovem, na criança. Eu gostaria de sugerir o contato com o livro como mais um elemento de desejo da criançada. O livro, para mim, é o horário nobre da publicação. Inclusive, no nosso projeto de estúdio, quero ver se faço cada vez mais livros. Em 10 anos, quero estar fazendo tanto livro quanto gibi.

Por que o mangá?
A criançada foi crescendo, chegando à adolescência e já achava que gibi era coisa de criança. Como não tinha alternativa ligada a nosso estúdio, eles iam para o mangá japonês. E, como gostavam da Turma da Mônica e gostavam do mangá, juntei as duas coisas e fiz um mangá brasileiro, com as características do mangá japonês: a história em preto e branco, tamanho do gibi maior, tratamento até de ritmo e de desenho diferentes.

Por que o leitor jovem gosta tanto do mangá?
O mangá, o jeito do mangá, o jeito da história, o ritmo, o grafismo, realmente é uma coisa muito mais atraente para um leitor mais sofisticado. O mangá hoje é o tipo de história em quadrinhos mais divulgado do mundo. Usei uma Turma da Mônica jovem e agora estou usando também o Chico Bento moço, que é uma versão nossa pra rapaziada. São as duas publicações que estão rendendo mais.

Mais que o livro de colorir?
Livro de colorir é um modismo lindo, bonito, maravilhoso, mas não é a mesma coisa. Não é literatura. Não é leitura. É um passatempo e, inclusive, pode fazer nascer grandes provocações artísticas, mas não é a mesma coisa.

Você tem um time de colaboradores no estúdio, mas também tem uma turma que reinterpreta e se apropria dos seus personagens. Eles precisam obedecer regras?
Foi uma saída para universalizar o DNA das nossas histórias. Hoje temos grandes artistas brincando com meus personagens, com meus brinquedos, com liberdade de criarem com seus próprios estilos. O Sidney Gusman, que é nosso editor, fica no meio disso tudo discutindo, pensando, para tomar conta. Quero que o Sidney mantenha contato permanente com os artistas convidados para que não se desvirtuem, não saiam da filosofia e que ninguém morra, que ninguém faça sacanagem ou uma coisa que possa assustar e espantar nosso público normal. Acho que temos que ter o respeito pelo pessoal que nasceu e abriu os olhos com a Turma da Mônica.

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