Performance do mineiro Luiz de Abreu vence edição de 30 anos do Videobrasil

'Samba do crioulo doido' questiona a objetificação do corpo do negro. Mais de 2 mil inscrições foram enviadas para o evento

por Gracie Santos 12/11/2013 08:02

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Gracie Santos
(foto: Gracie Santos)
Uma performance foi a vencedora do único prêmio em dinheiro (R$ 70 mil) oferecido pela 18ª edição do Festival Sesc Videobrasil, que celebra, até 2 de fevereiro, em São Paulo, os 30 anos do evento. O mineiro Luiz de Abreu, de 50 anos (atualmente radicado em Salvador), é autor de 'O samba do crioulo doido', “mistura de samba, carnaval e erotismo”, como conta o próprio “baianeiro”, que criou a coreografia há 10 anos. Seu objetivo “é questionar a objetificação do corpo do negro”. Feliz com a perenidade do solo que criou, Luiz de Abreu diz que quase todo seu trabalho é sobre questões negras. “E o samba é o meio pelo qual consigo a síntese disso. A relação do negro com o país é de amor e ódio”, afirma. E faz questão de mostrar que faz parte dessa pátria: “Não sou uma coisa à parte, mas algo que se mistura, um está impregnado do outro”. Na trilha da performance, destaque para a música 'A carne' (de Marcelo Yuka , Ulisses Cappelletti , Seu Jorge), com Elza Soares: “A carne mais barata do mercado é a carne negra...”.


Pioneiro do vídeo no país, o Videobrasil se abre à contaminação de várias manifestações artísticas e a vitória da performance vem, de certa forma, para consolidar essa mistura. Criadora e curadora-geral do festival, Solange Farkas disse que as exposições, bem como os prêmios e residências, mostram que “o festival é um lugar de construção de uma voz que não vem de um só lugar.” Foram selecionadas 94 obras entre mais de 2 mil inscritas. Entre os premiados com residências, destaque para Ayrson Heráclito (Brasil), por Funfun, com certeza a mais delicada instalação do amplo espaço do Sesc Pompeia. O artista cria belo ritual fúnebre relacionado ao branco (fufun em iorubá); também para Baser Mahmood (Paquistão), com My father footsteps, comovente e poético vídeo em homenagem ao seu pai, que mostra em tela minúscula um senhor tentando, sem sucesso, enfiar a linha na agulha; e para Doméstica, do recifense Gabriel Mascaro, vídeo sobre o cotidiano de domésticas no Brasil.

Também foram premiados com residências 'Ali Cherri' (Líbano), por Pipe dreams; 'Bakary Diallo' (Mali), por Tomo; 'Laura Huertas Millan' (Colômbia), por Journey to a land otherwise known; 'Nurit Sharett' (Israel), por The sun glows over the mountains; 'Virgínia de Medeiros' (Brasil), por Sérgio e Simone; e 'LucFosther Diope' (Camarões), por We are one. Os premiados participarão de residências na Colômbia, México, China, Polônia e Brasil. Receberam menção honrosa por suas obras 'Sherman Ong' (Malásia), por Motherland; 'Caetano Dias' (Brasil), por Rabeca; 'Henrique Ramirez' (Chile), por Brises; Marcellvs L. (Brasil).

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