Museu de Artes e Ofícios exibe exposição de oratórios

Peças emblemáticas no cotidiano dos brasileiros, os artefatos representam as raízes da arte e fé do povo brasileiro. Entrada será franca

por Walter Sebastião 12/11/2013 07:46

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Museu do Oratório/divulgação
Oratórios revelam a saga do desbravamento do Brasil colônia (foto: Museu do Oratório/divulgação )
Chega a Belo Horizonte uma exposição que tem encantado católicos e apreciadores da arte: 'Oratórios – Relíquias do barroco brasileiro', que ficará em cartaz até 6 de janeiro no Museu de Artes e Ofícios, no Centro da capital. A mostra reúne 115 peças, entre oratórios, objetos e imagens sacras dos séculos 17 a 20 pertencentes ao Museu do Oratório, que funciona em Ouro Preto.


Merecedor de considerações respeitosas do público e de especialistas, o conjunto reúne trabalhos surgidos da soma de fé, arte e artesanato, revelando a fusão de contribuições africanas, portuguesas e indígenas para a cultura e a vida social brasileira.

 

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As peças integram o núcleo dedicado a mostras itinerantes do Museu do Oratório. Curadora da mostra, Ângela Gutierrez explica que se propõe o mesmo percurso oferecido nas visitas ao acervo permanente da instituição ouro-pretana. O roteiro começa com oratórios de viagem – pequenas peças simples, que revelam a fé popular, carregadas na bagagem em deslocamentos em viagens áridas por terras hostis do Brasil colônia.

Em outra etapa do acervo veem-se peças eruditas e elaboradas, comprometidas com estilos de época, mostrando o quanto a religião se fazia presente em contextos abastados. A colecionadora Ângela Gutierrez explica que ali estão trabalhos representativos de cada setor da sociedade que carregam histórias.

Papa

Um dos oratórios que têm chamado a atenção traz Nossa Senhora do Rosário e é atribuído a Francisco Xavier Servas (1720 –1811), nome importante do barroco mineiro. Em 1997, ele ficou no quarto ocupado pelo papa João Paulo II, durante visita ao Brasil. O oratório foi escolhido por Ângela Gutierrez a pedido do cardeal dom Eugênio Salles. “Selecionei um bem mineiro, bonito e erudito. Barroco clássico”, conta ela. Outra atração é a casa de Santo Antônio, datada do século 19, encontrada no Rio de Janeiro e recém-inserida no acervo. “É uma peça curiosíssima. Não vou dizer mais nada porque quero que as pessoas a vejam ao vivo”, provoca a curadora.

Este ano, a exposição passou pelo Centro Cultural Metropolitano de Quito (Equador) e pelo Museu Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro, integrando a programação oficial da Jornada Mundial da Juventude ao lado da mostra Tesouros do Vaticano.

A grande empatia despertada pela exposição em vários países não se deve, necessariamente, ao fato de ser arte ligada à religião, observa Ângela Gutierrez. “A magia dos oratórios seduz qualquer observador, estudioso ou não, tenha fé ou não. O fato de serem objetos religiosos é parte da simpatia que despertam. Oratórios emanam energia diferente. Em volta deles há um clima especial, que, para mim, vem da fé depositada no sagrado”, argumenta Ângela Gutierrez, dizendo-se “católica, mineira e com santo de devoção”.

Dia do Barroco

Ângela Gutierrez considera importante o recém-instituído Dia do Barroco, que passa a ser comemorado em 18 de novembro. “Temos 65% do patrimônio tombado e a celebração reflete essa situação”, argumenta. Com relação aos temas que gostaria de ver lembrados nessa data, a colecionadora aponta a necessidade de recuperação e preservação do patrimônio.

“Não se trata de um tema esquecido. Todo mundo ligado à questão pensa nisso o tempo todo”, avisa ela, lembrando que recuperar e preservar é processo caro, demorado e que exige mão de obra qualificada. “Gostaria que as pessoas – não estou falando só do poder público – se envolvessem com essa questão. Só a comoção geral é capaz de fazer com que as coisas se desenvolvam com mais rapidez”, conclui.

Quinze anos


Criado em Ouro Preto (MG) há 15 anos, o Museu do Oratório já superou 1 milhão de visitantes. Seu acervo reúne 162 oratórios e 300 imagens. Pequenos retábulos de uso particular, os oratórios se originaram nos primórdios da Idade Média e chegaram ao Brasil por meio do colonizador português, espalhando-se por fazendas, senzalas e residências.

ORATÓRIOS – RELÍQUIAS DO BARROCO BRASILEIRO
Museu de Artes e Ofícios. Praça da Estação, s/nº, Centro, (31) 3248-8600. Terça e sexta-feira, das 12h às 19h; quarta e quinta-feira, das 12h às 21h; sábado, domingo e feriado, das 11h às 17h. Até 6 de janeiro. Entrada franca.

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