A crítica internacional adota quase sempre um discurso hiperbólico para falar do chinês Cai Guo-Qiang. Ele é o artista que “explodiu os parâmetros da arte de nosso tempo”, reunindo em sua obra o melhor da mitologia antiga, da cosmologia taoista e da filosofia budista. Cai Guo-Qiang (pronuncia-se Tsai Guo Chang) é, além de tudo, o artista que ganhou um Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 1999 e apresentou um avião feito de cortadores de unha na 26.ª Bienal de São Paulo (2004).
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Na mostra há obras executadas por ele e invenções de camponeses chineses - que justificam o título da exposição, alusivo à genialidade do renascentista italiano Leonardo da Vinci, igualmente obcecado por objetos voadores que insistiam em cair. As da mostra são igualmente aeronaves rudimentares, de uso doméstico e igualmente destinadas à queda, discos voadores, robôs de lata que parecem saídos de O Mágico de Oz e até um simulacro de porta-aviões construído com chapas de aço galvanizado, instalado no topo do pavilhão externo do CCBB.
A mostra fica em Brasília até o fim de março, chega a São Paulo em abril e segue em julho para o Rio de Janeiro. Na Capital, Cai Guo-Qiang recebeu a reportagem para mostrar esses objetos e os gigantescos desenhos feitos com pólvora - uma stravaganza em que se destacam figuras inspiradas no carnaval brasileiro ao lado de naves espaciais e submarinos.
'Da Vincis do povo' pretende, segundo ele, ser uma representação do sonho de liberdade, metaforizado nessas engenhocas voadoras e submarinas dos camponeses da China. No papel de artista curador, Cai Guo-Qiang trouxe alguns exemplares curiosos para a mostra, entre eles os destroços de um minúsculo avião feito de sucata que caiu e levou à morte seu criador, Tan Chengnian, e a esposa, em 2007.
A exposição reúne ainda aviões feitos com tubulação de esgoto sanitário, helicópteros de madeira e até um pequeno submarino pacientemente montado por um homem que hipotecou sua casa para realizar seu sonho. O submarino idealizado por Li Yuming domina o pavilhão do CCBB onde foi instalado um tanque de gelo que representa o Ártico.
Cai Guo-Qiang, montado num riquixá puxado por um robô que fala - um dos 29 da exposição -, aponta mais uma contribuição de outro camponês, Wu Yulu, a quem encomendou replicantes de lata, quatro robôs que parodiam artistas ocidentais em ação.
CAI GUO-QIANG
CCBB Brasília, até 31 de março. SCES Trecho 2, tel. 3108-7600; Museu Nacional dos Correios. Setor Comercial Sul, Quadra 4, Bloco A, 3213-5076. Grátis.