Peça de Rodrigo Campos permite interação no destino de personagens

por Carolina Braga 07/12/2012 07:00

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Leo Koroth/Divulgação
Play me leva para o palco e para a internet uma nova concepção de teatro interativo (foto: Leo Koroth/Divulgação)

É teatro? É videogame? É cinema? É internet? É vídeo interativo? Tudo junto. Transversalidade é palavra de ordem em Play me, espetáculo do Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado (Cefar), em cartaz na Sala João Ceschiatti do Palácio das Artes. A proposta do diretor Rodrigo Campos, acolhida pelos 16 atores formandos, promete ser uma das investidas mais ousadas nos palcos mineiros este ano. 

A lógica de Play me segue a dos videogames. Tem um personagem que é um avatar e as ações dele dependem diretamente de quem estará no controle, no caso, a plateia, seja ela virtual ou não. “Estamos sempre no mesmo lugar, mas existem opções de caminho para aquele avatar. É como se o público falasse por meio dele”, explica a atriz Ethel Braga. “São as mesmas situações, as mesmas personagens e a dramaturgia se desenvolve como em um game. Tem algumas partes definidas e outras não. Elas interferem na etapa seguinte”, completa o diretor. 

Na sua essência, Play me é uma peça de teatro. Mas não é só isso. Alguns detalhes a particularizam. Foi pensada para transcorrer de duas maneiras: uma dentro da sala de espetáculos e a outra exclusiva para transmissão simultânea pela internet, pelo site www.artetransversal.com. Em ambas, o espectador tem o poder de definir os rumos da história. “São interferências de dois tipos. A primeira é uma espécie de votação entre duas opções. Por exemplo, uma escolha básica: abrir ou não uma porta. O outro tipo é uma sugestão verbal, que pode ser escrita, no caso da internet, ou verbalizada, na apresentação no palco”, detalha Rodrigo.

O texto foi construído por Marina Viana e Rodrigo Campos a partir das improvisações dos atores. Em cerca 90 minutos, o público será consultado pelo menos 12 vezes sobre os rumos da história. Por ser assim, a estrutura da montagem foge da linearidade convencional e se configura como um mapa, ainda que tenha uma trama em curso. 

Ela se passa dentro de uma casa, espécie de república de estudantes onde o avatar Vic busca a própria identidade. A narrativa se desenvolve em tempo real. A cada encontro dentro da casa ele é visto de uma maneira diferente. Amparada na tecnologia, Play me dialoga com várias artes, da performance ao cinema. 

A relação com o cinema chega a ser explícita em alguns momentos. O cenário, por exemplo, foge totalmente da convenção teatral. Foi transformado em uma locação que também será “habitada” pelos espectadores. Detalhe: em número reduzido: no máximo 25 pessoas. A interpretação também flerta com o naturalismo cinematográfico, até porque na versão a ser transmitida pela internet a relação com a câmera importa – e muito. 

Apesar de inicialmente as novidades na forma saltarem aos olhos, Rodrigo Campos chama a atenção para o conteúdo de Play me. Quanto a isso, não parece haver com o que se preocupar. A peça  é pertinente com as questões do nosso tempo. Fala de identidade, de aceitação e, principalmente, de relação social. “A forma em si não é necessariamente sustentável. Nosso desafio foi criar uma dramaturgia interessante, aberta e ao mesmo tempo provocante, para que as pessoas tenham vontade de intervir”, explica o diretor. 

Play me 
Teatro João Ceschiatti, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro
Hoje e amanhã, às 20h e às 22h; domingo, às 19h e às 21hEntrada franca, com retirada dos ingressos na porta do teatro, com uma hora de antecedência
Classificação: 18 anos

NA REDE

As apresentações on-line de Play me estão marcadas para os dias 12, 13 e 16, pelo site www.artetransversal.com. Apesar de o vídeo ser transmitido com taxa de compressão maior, para evitar problemas com travamentos, o ideal é que a conexão na internet tenha uma velocidade mínima de 500 kbps. Nos dias 12 e 13, a peça será encenada a partir das 22h; no dia 16, está marcada para às 20h. 

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