O livro vive momento crucial de sua história, passa por transformações profundas e com consequências imprevisíveis. Foi isso o que de mais importante mostrou o 8º Fórum das Letras, encerrado ontem, em Ouro Preto. Para Guiomar de Grammont, coordenadora e criadora do evento, está em discussão o futuro de intensa interação entre leitor e texto, em projetos editoriais multimídias que criam livros que permitem que as pessoas entrem literalmente na história e participem da sua elaboração. Guiomar de Grammont acha tudo isso positivo, mas indaga se tais estímulos significam ameaça à experiência de ler um texto, fechar os olhos e se transportar para outros mundos sem os recursos da tecnologia. “O fato é que as categorias, procedimentos e conceitos ligados aos livros estão mudando. Mas acredito que sempre vai existir apreço pelo livro em papel.”, afirma. Discutir as questões ligadas ao livro, leitura e literatura foi o objetivo do Fórum das Letras. “Mas permitindo ao público que adentre contexto que é, praticamente, restrito a profissionais da área”, explica Guiomar de Grammont. Como todas as atividades foram gratuitas, recorda, o evento reuniu publico heterogêneo. Emocionante, exemplifica ela, foi ver uma senhora idosa que voltou à escola para aprender a ler e conhecer os livros que o fórum divulgou. Além de sonhar com uma programação simultânea em várias cidades mineiras, Guiomar de Grammont entende como um desafio ampliar o alcance do Fórum das Letras. Ela atribui a dificuldade de participação de muitos convidados também ao fato de Ouro Preto estar a duas horas e meia do aeroporto de Confins. E avisa: apoia a criação de um aeroporto mais próximo da antiga Vila Rica. Para todas as idades O Fórum das Letras teve auditórios cheios. Especialmente para ouvir escritores falando de diversos temas. O público, majoritariamente jovem e universitário, participou ativamente dos debates, evidenciando o interesse pelos temas literários. Foi aprovada por unamidade, por exemplo, a mesa que reuniu, no sábado, os escritores Bernardo Ajzenderg, Fernando Molica e Santiago Nazarin.
“Não é comum vermos mesa que permite conhecer como se escrevem romances, poemas”, observou a estudante Larissa Pereira, de 18 anos. “A reunião de autores com estilos e pontos de vista diferentes faz refletir”, completou João Vitor, também de 18. Um e outro enfatizam uma aspecto perceptível durante as conversas: é evento que deixa muita vontade de escrever e saborear os prazeres que a literatura oferece.
Maria Beatriz, de 63, professora aposentada de literatura brasileira, mora no Rio de Janeiro, e esteve em todas as oito edições do evento. “É característica do Fórum das Letras trazer a Ouro Preto escritores de muita qualidade”, observou. E, por isso, para ela não é surpresa o interesse do público. “Acho que é contribuição preciosa para cidade que é universitária”, afirma, considerando a Ufop o coração de Ouro Preto.