Companhia Catibrum comemora 20 anos e prepara grandes novidades

Janaína Cunha Melo 10/03/2011 11:12
Marcos Vieira/EM/D.A Press
Uma verdadeira seleção de craques é responsável por inúmeros espertáculos (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Fazer do teatro de animação um caminho de pesquisa é o principal desafio que a Cia Catibrum enfrentou ao longo de 20 anos de trabalho ininterrupto. Ao revisitar duas décadas de experiência, o grupo fundado por Lelo Silva e Adriana Focas tem muito a comemorar. Apesar das inúmeras dificuldades, da consolidação do grupo ao reconhecimento da qualidade dos espetáculos que realizam, a trupe aprendeu na prática a magia de atribuir vida ao inanimado. Em encenações como O cavaleiro da triste figura, eles despertam para a capacidade de emocionar público adulto e infantil com dramaturgia inteligente, sensível e que abusa de recursos cênicos para fazer de meros objetos criaturas com poder de encantar.

O ingresso de Lelo e Adriana neste universo se deu pela animação de festas infantis. Em pouco tempo, eles descobriram que aquele era apenas o embrião de um projeto ousado: a fundação de uma companhia decidida a pesquisar o teatro de animação com foco em novas linguagens. Durante estes 20 anos, o grupo experimentou materiais, reinventou formas e técnicas de manipulação, fez nascer personagens inusitados e celebrou o nascimento de cada um deles. Os integrantes, que não participaram de cursos de especialização em universidade, aprenderam o ofício no dia a dia do laboratório de experiências estéticas, no Bairro Caiçara, onde o grupo mantém sede própria, e participando de festivais nacionais e internacionais, que se tornaram referência. 
 
O mais importante deles, aponta Lelo Silva, é o de Charneville, na França, onde todos os titeriteiros se encontram. “Participar deste festival tem sido nosso maior aprendizado. Lá, encontramos todas as vertentes e companhias extraordinárias, com trabalho consistente, dramaturgia que traduz a real dimensão do teatro de bonecos”, diz o diretor, lembrando grupos da Bélgica, Itália e Alemanha. Ele acredita que o Brasil muito recentemente passou a enxergar o potencial artístico das formas animadas e avalia com otimismo o desenvolvimento de grupos e artistas locais. 
 
Lelo Silva aponta a manutenção econômica do grupo para dedicação exclusiva à pesquisa como a principal dificuldade da Catibrum, desde a fundação. “É sempre crítico fechar as contas porque geralmente só contamos com projeto de circulação para atender todas as demandas”, diz. Para ele, ainda há pouco interesse de modo geral em patrocínios específicos para estudos de métodos e experimentação. “A rotina de um grupo envolve questões práticas, como contas de água, luz, telefone, aluguel de sede, contratação de produtores, que exigem dos artistas mais que talento. Compromisso com um ideal é palavra-chave para entender como os grupos no país superam dificuldades”.
 
Mas nenhuma adversidade se compara ao prazer de estrear um novo espetáculo, com a personalidade que define identidade artística da Catibrum. “Todos os nossos trabalhos têm a nossa marca, e essa é uma conquista insuperável. Tudo vale a pena, porque conseguimos realizar o que almejamos”. A partir da semana que vem, a companhia entra em circulação pelas cidades de Juiz de Fora, Contagem e Sabará, no interior de Minas Gerais, e leva espetáculos a outros estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia e Paraná.

REVISTA Entre os projetos comemorativos, está em fase de lançamento a revista virtual Briguela (https://www.revistabriguela.com', '_blank', '')">www.revistabriguela.com), que recupera a trajetória do grupo, dos artistas e dos espetáculos, além de contar com textos opinativos e entrevistas com veteranos das artes cênicas. A primeira convidada, entrevistada pelo grupo, é a pesquisadora e bonequeira carioca Magda Modesto. “Este é um momento delicioso, em que muitas pessoas nos procuram. Vários artistas já passaram pela companhia. Com a revista este diálogo fica aberto, inclusive para termos, em médio prazo, um mapeamento do que existe na internet sobre o teatro de animação e tudo o que diz respeito às artes cênicas”, afirma Lelo. 
 
O grupo também aguarda apoio do Ministério da Cultura para aceitar convite para dois festivais, em Milão e Torino, na Itália. Em outubro, a Catibrum estreia O som das cores, que conta a história de uma menina que perde a visão aos 15 anos e, entre uma estação e outra de trem, encontra dimensão própria. O desafio, diz o diretor, está em criar dramaturgia que possibilite a todos assistirem ao espetáculo, inclusive deficientes visuais. “A equipe abraçou essa ideia fortemente, e estamos muito empolgados com a pesquisa, em testes sons e cores que despertam para um novo entendimento da visão”. 
 
 
BH no mapa

Diretora de um dos mais prestigiados eventos da área no país, o Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Belo Horizonte, Adriana Focas diz que a Catibrum está empenhada na edição deste ano, a décima segunda, que será realizada em junho, e que coincide com o aniversário da companhia. Como ocorre todos os anos, a curadoria já definiu convidados internacionais antes do carnaval e destaca trabalho de máscaras da Familie Floz, da Alemanha, além da participação de grupos da China, Bélgica e Chile, entre outros. “Realizar um festival anual, sem interrupções, com a diversidade que conseguimos, inclusive com as companhias do país, nos orgulha muito e é um dos principais feitos da Catibrum. A cada edição o festival dá um passo à frente, no sentido de ser reconhecido como uma atividade importante para o calendário cultural da cidade”, avalia Adriana.
 
Espetáculos de repertório   
 
Márcio Badaró/divulgação
(foto: Márcio Badaró/divulgação)
 
O cavaleiro da triste figura

Dom Quixote troca a razão pelo sonho de mudar o mundo e faz lírica viagem acompanhado de seu escudeiro, Sancho Pança, para viver esta fantasia. O protagonista é um pequeno fidalgo castelhano que perdeu a razão depois de ler muitos romances de cavalaria. Ele imita seus heróis e o romance narra as aventuras do cavaleiro e seu amigo pelas terras de La Mancha, Aragão e Catalunha. Ele defende ideais de amor, paz e justiça.  
 
Guto Muniz/Divulgação
(foto: Guto Muniz/Divulgação)
 
Homem voa?

Paris, 23 de outubro de 1906. Às 16h, Santos Dumont acomodou-se no 14 Bis e sinalizou ao público para que se afastasse. Motores funcionando, hélice girando, as rodas de bicicleta do pequeno avião começaram a se mover. O menino que havia crescido mergulhado na literatura fantástica de Júlio Verne e que tinha a convicção de que um dia conseguiria realizar um dos maiores sonhos do homem, dava início a uma nova etapa da história. 
 
Adriana Focas /Divulgação
(foto: Adriana Focas /Divulgação )
Dom João – A invenção do Brasil

Com a invasão de Portugal pelas tropas francesas, D. João, príncipe regente de Portugal, se vê diante de uma difícil escolha: romper com seus velhos aliados ingleses e enfrentar Napoleão Bonaparte ou mudar a corte para a colônia. Sob intensa pressão, toma uma decisão sem precedentes na história e decide mudar a corte para o Brasil, em 1808. Debaixo de uma forte chuva e com a ameaça se aproximando, tem início uma penosa jornada. 

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