Kalil ataca a 'direita conservadora' em encontro com artistas

No lançamento de programa voltado ao audiovisual em BH, prefeito criticou grupos que 'abraçam uma falsa religiosidade para combater quem faz cultura e arte' na cidade

por Pedro Galvão 13/11/2018 13:13

Beto Novaes / EM / D.A Press
Prefeito acompanhou o anúncio na manhã de terça-feira, no MIS (foto: Beto Novaes / EM / D.A Press)

Em evento realizado na manhã desta terça-feira (13/11), no Museu da Imagem e do Som (MIS), no bairro Santa Tereza, a Prefeitura de Belo Horizonte anunciou um pacote de investimentos no valor de R$ 9 milhões para fomentar e desenvolver a produção audiovisual na capital mineira em 2019. Estiveram presentes o prefeito Alexandre Kalil, os secretários de Cultura do município, Juca Ferreira, e do estado, Angelo Oswaldo, além de lideranças e personalidades do setor, como o cineasta Helvécio Ratton e a presidente da Associação de Trabalhadores do Cinema Independente de Minas Gerais, Luana Melgaço.

 

Com a palavra, depois da apresentação das linhas de investimento, Kalil defendeu os incentivos para a cultura em Belo Horizonte, dizendo que o objetivo da administração é “fazer uma cidade mais gentil e mais alegre”. Em seu discurso, o prefeito atacou a direita conservadora. “Quero salientar também ao setor que nós vamos enfrentar a injustiça. Nós estamos preparados para enfrentar a ignorância da direita que quer aproveitar, ou melhor, que não é direita, é uma parte que se abraça de uma falsa religiosidade para combater quem quer fazer cultura e fazer arte”. 

 

Em coletiva após o evento, o chefe do executivo municipal lamentou novamente os ataques à cultura. “É uma pena que um setor tão importante para o povo, que é a cultura, que a gente quer levar para a rua, esteja tão atrelada a essa demagogia de meia dúzia, que está pensando nas próximas eleições, porque já foram derrotados nessa, que quer levar esse tema a esse nível. Eu lamento muito. Estamos fazendo investimento, queremos colocar esse setor tão abandonado e morto em Belo Horizonte de volta num lugar importante”, disse o político do PHS, sem citar nomes de quem seriam os responsáveis pelas ofensivas.

 

No fim do ano passado, o secretário Juca Ferreira moveu uma ação contra o vereador Jair Di Gregório (PP), que o havia acusado de trazer para BH a exposição Faça você mesmo sua Capela Sistina, do artista mineiro Pedro Moraleida (1977-1999). No entanto, a mostra esteve em cartaz no Palácio das Artes, que é de responsabilidade da secretaria estadual, não da municipal. A justiça obrigou Jair a tirar do ar o vídeo em que chamava o ex-ministro da Cultura, atuante durante os governos do PT de Lula e Dilma Rousseff, de “um cara que não tem identificação com Belo Horizonte e que não conhece as famílias de Belo Horizonte”. 

 

Em conversa com a imprensa, Ferreira afirmou que tem sido alvo de críticas caluniosas de dois vereadores, Fernando Borja, do Avante, além de Jair Di Gregório. “São dois mentirosos, pensavam que iam se eleger mentindo, criando polêmica com uma pessoa que já foi ministro, mas não se ataca a honra de pessoas de bem”. O secretário citou também o vereador Gabriel Azevedo (PHS), alegando que ele vem “tentando atacar a Prefeitura através da minha pessoa”. Ele ainda disse que a “política deve ser uma atividade civilizada” e questionou: “Pergunte a eles o que deve ser a política cultural, que eles não têm nada a dizer”. 

 

O anúncio realizado nesta terça pela prefeitura por meio da Secretaria de Cultura prevê o desenvolvimento e fomento da produção e distribuição de curtas, longas e médias metragens, além de outros produtos audiovisuais, com editais a serem divulgados no ano que vem. O programa também vai contemplar a produção de games para celular baseados em criações de quadrinistas residentes em BH.

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