Estrelado por Paolla Oliveira, 'Alguém como eu' reflete sobre relacionamentos modernos

Coprodução entre Brasil e Portugal, filme conta a história de uma mulher que, em crise na relação, leva às últimas consequências o desejo de que seu amado compreenda como ela se sente

por Walter Felix 28/05/2018 09:28

Paris Filmes/Divulgação
Paolla Oliveira e Ricardo Pereira protagonizam o longa, quase inteiramente rodado em Portugal (foto: Paris Filmes/Divulgação)

A comédia romântica Alguém como eu, do cineasta português Leonel Vieira, em cartaz nos cinemas, é uma coprodução entre Brasil e Portugal que foi quase inteiramente filmada no país europeu. O longa é centrado nos conflitos afetivos da carioca Helena (Paolla Oliveira) e traz uma reflexão sobre os relacionamentos modernos.

Depois de uma desilusão amorosa, a protagonista decide dar uma guinada em sua vida e aceita uma proposta de trabalho em Lisboa. Em terras lusitanas, ela conhece Alex (Ricardo Pereira), que a faz voltar a querer viver uma grande paixão. Com o tempo, Helena percebe que o affair está longe de ser o homem perfeito e, quando as diferenças levam a relação do casal ao limite, a mocinha faz um pedido a Deus: que Alex passe a sentir, pensar e agir de forma semelhante a ela.

Para seu infortúnio, Helena tem suas preces atendidas. O lado feminino de Alex aflora na mente inquieta da protagonista, que passa a vê-lo, realmente, como uma mulher. A qualquer momento, o personagem de Ricardo Pereira assume o corpo da atriz portuguesa Sara Prata. A alucinação nasce da constatação de Helena – por vezes machista – de que o namorado passou a agir como mulher. Ele a ajuda a escolher roupas, usa seu protetor solar e exibe melhora no desempenho sexual – tudo isso leva Helena a enxergar “o Alex” como “a Alex”.

“Ela está em busca dela mesma, tentando se equilibrar no mundo, e reflete não só as mulheres, mas as pessoas de uma forma geral, que vivem uma insatisfação constante e coletiva. Apontar mais para o outro do que olhar para si mesmo é uma atitude muito comum hoje, em relacionamentos amorosos ou não”, avalia Paolla Oliveira.

Ricardo Pereira define seu personagem como um típico homem de 30 e poucos anos, que não costuma questionar suas relações ou seu modo de vida. “Quando essa mulher entra na vida do Alex, ela acaba por salvá-lo de diversas formas. Ele percebe que está infeliz no trabalho e passa a trilhar novos caminhos, seguindo a intuição e aquilo que realmente deseja”, diz o ator, que deixa fluir, na telona, o sotaque português que precisa evitar em seus papéis na TV.

Pereira diz ter orgulho de ver nos cinemas brasileiros as belas paisagens portuguesas, amplamente aproveitadas pelo diretor como pano de fundo dos desencontros de Helena e Alex. A trilha sonora reforça a proposta luso-brasileira, com direito a participação especial da cantora de fado Mariza.

ROMÂNTICOS
Para dar vida a mais uma heroína romântica, Paolla Oliveira buscou inspiração em filmes de Woody Allen, além dos aprazíveis O diário de Bridget Jones (2001) e Mesmo se nada der certo (2014). “Quando se fala em comédia, principalmente no cinema brasileiro, as pessoas esperam algo mais rasgado. Mais que uma comédia, eu entendo o filme como um romance, feito com humor e leveza”, diz ela.

Alguém como eu corresponde inteiramente à descrição feita pela atriz. Estão ali todos os elementos recorrentes nos romances levemente cômicos, a começar pelos personagens “orelhas” – cuja função na narrativa é unicamente ouvir os dilemas dos protagonistas. Helena tem um amigo gay (Arlindo Lopes) e uma amiga desbocada e divertida (Júlia Rabello), enquanto Alex usa como interlocutor o amigo mulherengo (Zé Pedro Vasconcelos), cujas conversas sobre sexo quase tornam o personagem monotemático.

A premissa de enxergar a pessoa amada de forma ilusória pode remeter ao norte-americano O amor é cego (2001) – em que o protagonista passa a ver a beleza interior de cada um – ou ainda ao brasileiro Se eu fosse você (2006) – cujo casal principal literalmente troca de corpo. O roteiro traz uma mensagem semelhante a essas produções, como o elogio às diferenças em um universo onde não há outra saída aos personagens a não ser aceitá-las. “Às vezes, o que a gente quer não é o que a gente precisa”, conclui Helena, em certa altura da história.

Para configurar os meandros e mecanismos das relações contemporâneas, o longa aborda o anseio por um relacionamento sério, a ansiedade em causar boa impressão nos primeiros encontros e as chateações decorrentes da relação a dois num ambiente em que aplicativos de paquera e crendices astrológicas não ficam de fora.

“Ao mesmo tempo em que contamos uma história leve e divertida, um retrato das relações humanas vai sendo desenhado, com detalhes e sutilezas que muitas vezes nós não percebemos no dia a dia. A história é um convite à compreensão do outro e uma reflexão sobre aquilo que precisamos ceder para sustentar uma boa relação”, opina Ricardo Pereira.

 

Abaixo, confira o trailer de Alguém como eu:

 

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