Paulo Gustavo faz estreia ambiciosa nos cinemas e consagra Dona Hermínia

'Minha mãe ficou conhecida antes que eu', brinca o comediante ao avaliar sua trajetória de sucesso do teatro ao cinema, passando pela televisão

por Agência Estado 23/12/2016 08:37

Downtown Filmes/Reprodução
Paulo Gustavo estreia 'Minha mãe é uma peça 2' em cerca de mil salas. (foto: Downtown Filmes/Reprodução)

Paulo Gustavo tem a maior cara de pau. ''Por quê?'', ele pergunta. Numa cena de Minha mãe é uma peça 2, dona Hermínia pega o avião, senta-se ao lado de um bonitão e lhe diz... Olha o spoiler. O bonitão é o marido de Paulo Gustavo, Thales Bretas. ''Estou casadíssimo, papel passado e tudo'', ele diz. Não foi fácil convencer o companheiro, um dermato conhecido e respeitado na profissão. Mas é impossível ser cara-metade de Paulo Gustavo sem aceitar esses desafios numa boa.

O filme estreou ontem em cerca de mil salas no país, o que é um feito raro. O distribuidor Bruno Wainer, da Downtown, diz que a ideia é manter o circuito até meados de janeiro, quando entram os lançamentos do Oscar. Wainer está mais tranquilo que Paulo. ''É uma grande aposta, mas partimos do princípio de que Paulo Gustavo é o que o público quer ver.'' Paulo Gustavo pode ser um grande sucesso, mas é também um operário. ''Gosto do trabalho artesanal, de fazer benfeito, elaborado, e para isso é preciso tempo. Participo de todas as etapas. Invento o tema, participo do roteiro, faço tudo'', explica o ator.

A família está, de novo, no centro de Minha mãe 2. ''Todo mundo tem (família). É o tipo da coisa que a gente esculhamba, mas não vive sem.'' Paulo Gustavo reflete sobre a peculiaridade de sua trajetória. ''Fiquei famoso e ninguém nem sabia quem eu era, porque era a dona Hermínia. Minha mãe ficou conhecida antes que eu'', brinca.

Além do filme, o comediante está em cartaz no Rio de Janeiro com a peça Online. É um sucesso. ''Ponho 5 mil pessoas aqui todo fim de semana'', diz. Online não tem tema. Paulo entra no palco. O cenário representa a cidade. Ele recita um poema, começa um tiroteio e o restante é a roda-viva. Uma coisa puxa a outra – delegacia, hospital, farmácia, cartomante etc. Quando tudo se acalma e ele vai recitar de novo – seu espetáculo ''sério'' –, a assistente entra dizendo que acabou. Como assim – acabou? ''É, sim, 1h10min, temos de desocupar o teatro.'' A plateia morre de rir com a metralhadora que dispara piadas para todos os lados. O título não nega – Online. Está todo mundo, em cena, ligado nas redes sociais.

''Fico até o carnaval e, em março, vou com o Online para São Paulo'', ele anuncia. Como tudo que Paulo faz, o espetáculo é muito incorreto. E isso aumenta sua responsabilidade. ''Anda todo mundo muito radical. Qualquer coisinha gera polêmica. E não é porque o humor é ácido que tem de ser preconceituoso. Acho legal tocar em assuntos delicados, fazer as pessoas refletirem por meio do riso, mas é preciso cuidado, porque senão a gente vira a pessoa mais preconceituosa do mundo.''


Hiperativo, o ator tem vários planos. Um deles chama-se A vila, próximo programa que será exibido pelo Multishow. ''Estou saindo em definitivo do Vai que cola. Já tenho dois episódios.'' O novo projeto vai contar com a atuação de Teuda Bara, mítica atriz do Grupo Galpão, de Belo Horizonte. ''O programa sobre um palhaço abandonado numa cidadezinha e que, a cada semana, contracena com um habitante local, ou com alguém de passagem. É muito engraçado, com um toque de nostalgia. A Teuda faz a dona da pensão. Vai contracenar em todos os episódios comigo, explica Paulo Gustavo.'' A grande atriz está encantada: ''É uma coisa que nunca fiz antes e o Paulo tem sempre mil ideias para ver qual vai funcionar mais''. 

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