Sean Penn vive velho roqueiro em Aqui é meu lugar

Parceria do ator com o diretor italiano Paolo Sorrentino dá origem a uma viagem diferente pelo interior da América

por Agência Estado 27/07/2012 10:33

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(foto: Divulgação)
Filmes como As consequências do amor, O amigo da família e Il divo estabeleceram a reputação de Paolo Sorrentino como um dos grandes (o maior?) do cinema italiano contemporâneo. Em seu cinema, o ator Toni Servillo tem encontrado material para apresentar interpretações que já fazem parte da história, como seu retrato do ex-premier Giulio Andreotti. O novo Sorrentino, que estreia nesta sexta-feira, privilegia outro ator - e desta vez um astro internacional, Sean Penn. Aqui é meu lugar começou a nascer em Cannes, onde concorreu em 2011. Sorrentino e Penn se encontraram dois anos antes. Declararam sua admiração mútua - a de Sorrentino era até maior pelo Sean Penn diretor, apesar da diferença de estilo entre ambos. Penn também admirava Sorrentino e queria dar um tempo nos papéis de Hollywood, experimentando o estilo europeu de filmar. Tudo isso eles contaram na coletiva de This must be the place (título original). Walter Salles colocou o pé nas estradas da 'América', mas o fez adaptando um livro cultuado (On the road) de Jack Kerouac. Sorrentino criou um roteiro original. "Nunca havia ido aos EUA, domino mal o inglês, mas tinha uma ideia do país e de sua paisagem alimentada pelo cinema, quem não tem? O encontro com Sean (Penn) me permite resgatar uma dívida comigo mesmo, descobrindo a América, e não como turista." Nos seus filmes com Toni Servillo, Sorrentino sujeita o ator a usar disfarces. Penn também usa, não chega a ser irreconhecível, mas é bizarro. Sean Penn traveste-se diante da câmera de Sorrentino. Seu personagem se chama Cheyenne e é um velho roqueiro. Parece uma mistura da Tootsie de Dustin Hoffman (na comédia homônima de Sydney Pollack) com Robert Smith, da banda The Cure, e o deficiente que o próprio Penn criou em I am Sam, Uma lição de amor. Cheyenne deixa seu refúgio na Europa e ganha as estradas dos EUA em busca do nazista que infernizou seu pai no campo de concentração. Na verdade, até pelo travestismo, mas não só por isso, o filho nunca teve diálogo com o pai e a caçada será um ajuste de contas - menos com o nazista do que com o pai. "Paolo (Sorrentino) escreveu um dos personagens mais fascinantes que me foram dados para criar. Não queria estragar seu belo texto", confessou o ator. Com o personagem, em sua busca, o diretor foi descobrindo a paisagem e, mais que isso, as pessoas. "Saímos de carro, o roteirista e eu. Por mais que o cinema tivesse me dado uma ideia do que imaginava que ia encontrar, fui surpreendido pela realidade", confessou o diretor. "As casas eram diferentes das sitcoms de TV e, mesmo quando pareciam clichês, havia nelas uma textura que tentei reproduzir com a equipe de direção de arte e o elenco." Que textura é essa? "A América nasceu do encontro de imigrantes com os nativos. São desconfiados, mas se você transpõe a barreira é um povo caloroso, e divertido", avalia o diretor. O encontro de Cheyenne com o ex-carrasco leva a um desfecho inesperado. "Seria muito chato chegarmos a um desfecho maniqueísta e previsível. Se há punição, ela teria de pegar o espectador de surpresa", diz o diretor. "Eu fui pego de surpresa lendo o roteiro. E o estilo de Paolo é brilhante", diz Penn. "A câmera está sempre se movendo. Parece um musical, mas não é. Para mim, a palavra que define o filme é - diferente." Assista ao trailer de Aqui é meu lugar:


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