Drones e policiais civis infiltrados combaterão assédio no carnaval de BH

Comandante da PM pede: 'Meninas, evitem transitar sozinhas em locais escuros"'

Márcia Maria Cruz 11/02/2020 11:28

Juarez Rodrigues/EM/DA PRESS
A bióloga Laila Heringer, fundadora e produtora do bloco Tchanzinho Zona Norte, encabeça a campanha contra o assédio 'Não é não' . (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA PRESS)
A Polícia Civil de Minas Gerais fará esquema especial para evitar o assédio sexual durante o carnaval em Belo Horizonte.  A informação foi repassada nesta terça (11) em entrevista coletiva na sede da prefeitura.  "Teremos agentes infiltrados nos blocos de rua, verificando ocorrências de violência contra a mulher, sobretudo importunação sexual", afirmou o delegado  Wagner da Silva Sales, chefe do 1º Departamento de Polícia Civil. A folia na capital teve início oficial no sábado (8) e segue até 1º de março.

 

A polícia também reforçará o plantão na Delegacia de Mulheres.  A Polícia Civil terá uma delegacia móvel na Praça da Estação e vai redobrar o efetivo nas quatro delegacias de plantão (Centro, Leste, Noroeste e Barreiro). "A Polícia Civil quer entregar  para o povo de Belo Horizonte e os turistas é um carnaval democrático, com alegria, com respeito à diversidade e, sobretudo, um carnaval seguro", disse.

 

A bióloga Laila Heringer, fundadora e produtora do bloco Tchanzinho Zona Norte, que aderiu à campanha contra o assédio 'Não é não', considera importante que policiais possam coibir casos de assédio. Laila lembra que no carnaval de 2019 foram registrados muitos casos de assédio. "Toda ferramenta, se bem utilizada, pode ajudar. Tomara que os policiais consigam, ao identificar os assediadores, abordá-los e retirá-los do local sem criar tumulto e sem gerar mais violência", afirma.

 

Em relação ao uso de drones, Lalia  olha com ressalva. No ano passado o Tchanzinho Zona Norte, que faz um carnaval com teor político, foi repreendido por um policial militar, assunto que gerou muita polêmica e manifestação contra a censura no ano passado. "O lance todo é saber usar a ferramenta. Ao mesmo tempo que pode ser bom a presença destes drones, no momento de exceção em que vivemos, ter nossas imagens nas mãos da polícia gera também um incômodo. Será que estes registros poderão ser usados para inibir manifestações espontâneas durante a folia?", pergunta.


'Meninas evitem transitar sozinhas em locais escuros' 

 

O efetivo da Polícia Militar será de  9 mil agentes durante o carnaval. Uma média de 1,7 mil policiais a mais por dia. O coronel Eduardo Felisberto Alves, comandante de policiamento da capital,  afirmou que o planejamento foi baseado tendo como base o número dos blocos, cerca de 450, dias e horários de desfile.

 

Sobre o assédio pediu às mulheres para evitarem áreas escuras.  "A gente pede para as meninas evitarem transitar sozinhas nesses locais. Que elas estejam sempre acompanhadas, porque minimiza o cometimento de roubos, assédio e tentativa de qualquer tipo de crime sexual", pontuou.

 

Ele disse que a PM atuará contra o assédio a exemplo de outros crimes. "Todos os crimes que chegarem ao nosso conhecimento vamos adotar as medidas necessárias para a prisão e condução desse agente. Da mesma forma que estamos tratando sobre o roubo de celular, vale em parte para o assédio e tentativa de estupro", disse.

 

Sobre às manifestações políticas, o coronel disse que "são naturais e têm garantia constitucional". "Temos que ter o devido cuidado para que essa manifestação política não estrapole o razoável e passe para agressão verbal. Teremos blocos com 500 mil pessoas. Imagina manifestação política agressiva em evento desse com pessoas de diversas ideologias política. Podemos ter uma tragédia", disse, pedindo bom senso.

 

 

"Confira o mapa dos blocos de rua de BH"  

 

 

 

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