Então, Brilha! consolida carnaval de Belo Horizonte

O bloco arrastou mais de 100 mil foliões. No ápice do desfile, uma multidão tomava toda a extensão da Praça da Estação, parte das avenidas do Contorno e dos Andradas

Márcia Maria Cruz 26/02/2017 08:32
Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
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Bloco desfilou pelas ruas de Belo Horizonte na manhã deste sábado (foto: EM DA Press )

Iluminado pelos primeiros raios de sol, o Então, Brilha! demonstrou que o carnaval de Belo Horizonte cresceu. Desde o reflorescimento em 2009, a cada ano atrai mais foliões e, neste fevereiro, a capital mineira consolida-se como realizadora de uma das maiores festas do Brasil. Como ocorreu com o Chama o Síndico na quarta-feira, o Brilha arrastou mar de foliões no Baixo Centro – mais de 100 mil foliões. No ápice do desfile, uma multidão tomava toda a extensão da Praça da Estação, parte das avenidas do Contorno e dos Andradas.

Quando o bloco se aproximava da Praça da Estação, um helicóptero sobrevoou a região lançando chuva de papel picado e purpurina – uma das surpresas que os organizadores prometeram para a festa. “O carnaval de BH bate a festa de qualquer outra cidade. O pessoal está superanimado e o bloco é muito inclusivo. É para todo mundo. Tem gente de todos os gostos, todas as orientações e ninguém discrimina ninguém”, observou a securitária Natália Ferreira, de 30 anos, que pela primeira vez passou o carnaval na capital mineira.

“Nos anos anteriores, ficava em casa ou viajava. Mas como todo mundo fala muito bem, resolvi ficar e está maravilhoso”, completou Natália, que estava acompanhada dos amigos Tatiana Santos, de 34, e Maxwell Rodrigues, de 27. Tatiana comemorou poder vivenciar a emoção do carnaval, pela primeira vez, na cidade onde nasceu. “Eu ia para Diamantina e Ouro Preto. A cidade antes era um deserto e, agora, está muito bom e com segurança. A gente sai, pula o carnaval e volta para casa. Nunca tinha vivido isso na minha cidade”, afirmou Tatiana.

Megafone


Apesar da multidão, o bloco optou por um minitrio para circular pela Rua Guaicurus e Avenida Oiapoque, onde faz a maior parte do trajeto. Para reforçar a sonorização, o bloco buscou alternativas mais criativas, como o naipe de vozes, coordenado pelo músico Rubens Aredes e com 30 voluntários que usavam o megafone para ajudar nas músicas. A sonorização dos cortejos segue como grande desafio. Apesar dos investimentos, a multidão supera a marca dos anos anteriores. Para levantar recursos, o Brilha, com outros quatro blocos, realizou a festa Sonoriza. Durante o desfile, o bloco anunciou que recebeu patrocínio do Shopping Oiapoque.

Sucessos do axé dos anos 1980 e 1990 embalaram os foliões, que foram brindados com dia ensolarado, embora muitos temessem a chuva anunciada pela previsão meteorológica. Nas cores laranja, amarelo, vermelho, verde, azul, a bateria formou a bandeira LGBT, denunciando os assassinatos, no Brasil, motivados por homofobia. No início do desfile, os organizadores soltaram 340 balões em referência ao número de mortos no ano passado, de acordo com relatório do Grupo Gay da Bahia. Neste ano, a bateria veio com 250 ritmistas, menos do que no ano passado, quando eram cerca de 700. A mudança foi decidida coletivamente.

Deu onda

Fantasia de sereia conquista homens O sereísmo veio para ficar. Não faltaram meninas com coroas de concha nos cabelos para lembrar as belas habitantes dos oceanos. Até mesmo os rapazes entraram na brincadeira. Uma turma de 18 amigos resolveu se fantasiar toda de sereia. Com biquíni, calda e longos cabelos ruivos, eles resolveram o problema da falta de mar. Ao final do desfile do Então, Brilha!, se refrescaram nas fontes da Praça da Estação. Um deles foi o engenheiro de petróleo Fernando Alcântara, de 31 anos, que deixou a embarcação onde atua em Macaé para curtir o carnaval de BH. “Somos amigos de faculdade, mas juntaram amigos de outros lugares também. Amei o cortejo do Brilha. A música é muito boa. Adoro os axés antigos”, destacou sob a cabeleira vermelha.

Protesto em ritmo de “Fora, Temer”

Durante todo o trajeto do Então, Brilha!, houve protesto contra o presidente Michel Temer. O grupo puxou a música Xibom bombom. Os músicos cantavam “bom xibom, xibom, bombom” e os foliões respondiam: “Fora, Temer”.

Criatividade

Dinheiro para festa de casório No meio de tanto vendedor ambulante de bebidas, Denise Cardoso e Gustavo Leandro abusaram da criatividade. Com um banner, eles apelavam para a sensibilidade dos foliões do Então, Brilha!. O dinheiro arrecadado com a venda das bebidas será usado nas despesas do casamento, marcado para 28 de outubro. Eles vão atrás dos blocos todos os dias e acreditam que as vendas dos quatro dias de carnaval vão garantir a festa do casório. atravessou Motoristas pisam na bola Mesmo com placas da BHTrans informando que era proibido estacionar, alguns motoristas desobedeceram à determinação e deixaram o carro parado no trajeto do Então, Brilha!. O bloco teve que fazer uma manobra para deixar a Avenida Oiapoque em direção à Avenida do Contorno.

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