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Estado de Minas

Conceição Evaristo é forte candidata a ocupar cadeira número 7 da ABL

Candidatura da mineira tem apoio de fãs, especialistas e campanha na internet. Com 12 concorrentes, eleição será dia 30


19/08/2018 08:00 - atualizado 19/08/2018 11:16

Escritora disputa o título de imortal da ABL, que é constituída por 40 membros efetivos e perpétuos. Eleição é feita por meio de voto secreto(foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
Escritora disputa o título de imortal da ABL, que é constituída por 40 membros efetivos e perpétuos. Eleição é feita por meio de voto secreto (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)

O nome de quem ocupará a cadeira de número 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), vaga deixada pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos (1928-2018), será conhecido no próximo dia 30. Entre os 12 escritores que se candidataram, a belo-horizontina radicada no Rio de Janeiro Conceição Evaristo ganhou campanha popular que inclui petições on-line e “tuitaços” na rede mundial de computadores. Conceição Evaristo também conta com apoio de mulheres negras de destaque, como as atrizes Taís Araujo e Grace Passô; assim como de estudiosos de literatura, como os professores da UFMG Constância Lima Duarte e Eduardo de Assis Duarte.


A autora de Olhos d’Água e Insubmissas lágrimas de mulheres, entre outros, disputa a vaga de imortal com Cacá Diegues, Pedro Correa do Lago, Raul de Taunay, Remilson Candeia, Francisco Regis Frota Araujo, Placidino Guerrieri Brigagão, Raquel Naveira, José Itamar Abreu Costa, Godofredo de Oliveira neto, José Carlos Gentile e Evangelina de Oliveira.

A campanha on-line em favor da candidatura de Conceição Evaristo foi liderada pelo Núcleo Integrado de Comunicação da Maré, entidade carioca localizada na favela da Maré. No dia 26 será realizado mais um “tuitaço” (mobilização no Twitter) usando a hashtag #ConceiçãoEvaristonaABL. As petições on-line atingiram na semana passada 43 mil assinaturas. “A periferia é um lugar potente, onde as pessoas se reinventam o tempo todo. Conceição é uma mulher negra que vem da periferia e que propõe uma nova forma de escrever”, diz a jornalista Ivana Dorali, do Instituto Maria e João Aleixo, que está à frente da mobilização. O núcleo é composto pelo Instituto Maria e João Aleixo, Observatório de Favelas e Redes da Maré.

A referência é o conceito de “escrevivência”, que se refere à escrita nascida do cotidiano, que se articula por meio das lembranças e experiências da autora. “Conceição tem sido reconhecida em todo o Brasil. Ela potencializa o lugar de mulher negra e periférica. Reinventa a partir da dor causada por ocupar esse lugar”, afirma Ivana.

RENOVAÇÃO A professora de literatura da Universidade Federal de Minas Gerais Constância Lima Duarte faz coro em defesa da vaga na ABL para Conceição. “A candidatura dela representa renovação para a Academia Brasileira de Letras, um movimento de aceitar nova literatura, novos tempos, de se colocar no momento presente”, diz.

Uma das organizadoras do livro Escrevivências: identidade, gênero e violência na obra de Conceição Evaristo (Idea Editora, 2016), Constância defende que a escritora belo-horizontina representa o que há de mais novo na literatura brasileira contemporânea: a inclusão de sujeitos e vozes que estavam, até então, à margem. “Torço para que a ABL tenha bom senso para essa demanda popular”, afirma.

A ABL é constituída por 40 membros efetivos e perpétuos (os imortais), que participarão da eleição no dia 30, às 16h. Com votação secreta, será eleito quem tiver a maioria simples dos votos. Em caso de empate, são realizados outros três escrutínios. Se em quatro rodadas não houver um vencedor, é convocada nova eleição com a abertura para inscrições. Ao final, todos os votos são queimados.

O professor de literatura da UFMG Eduardo de Assis Duarte pondera que Conceição tem “cabedais para concorrer à vaga de imortal”. “É escritora madura, respeitada fortemente, tanto pelo público quanto pela crítica. É sucesso de público. O livro de estreia, Ponciá Vicêncio (2003), está na quarta edição e vendeu mais de 20 mil exemplares. O romance foi traduzido para o inglês, já na segunda edição, para o francês, o espanhol e o italiano. Ela tem outros dois livros publicados na França, Becos da memória (2006) e Insubmissas lágrimas de mulheres (2011)”, cita.

Assis Duarte lembra que a editora francesa Des Femmes, que publica Clarice Lispector na França, fará a tradução do livro de Conceição Poemas de recordação e outros movimentos (2008). “Além de ter sido traduzida em quatro das mais importantes línguas do ocidente, Conceição tem recepção crítica imensa, com dezenas de teses sobre sua obra. É uma pessoa de talento comprovado”, conclui.

LIVROS NAVEGANTES

A Academia Brasileira de Letras programou para sexta-feira passada o embarque na Corveta Barroso, da Marinha do Brasil, de uma remessa de livros com destino à Biblioteca do Centro Cultural Brasil-Moçambique, da Embaixada do Brasil, e à Biblioteca Nacional de Maputo, capital de Moçambique. A ação faz parte do protocolo de intenções que tem como objetivo o transporte de livros fornecidos pela ABL para os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Fazem parte, além do Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O acordo prevê também o envio de livros para algumas embaixadas do Brasil na Europa.

A candidatura dela representa renovação para a Academia Brasileira de Letras, um movimento de aceitar nova literatura, novos tempos, de se colocar no momento presente

Além de ter sido traduzida em quatro das mais importantes línguas do ocidente, Conceição tem recepção crítica imensa, com dezenas de teses sobre sua obra. É uma pessoa de talento comprovado


Eduardo de Assis Duarte,
professor de literatura da UFMG


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