UAI

Influencers que deram banana para crianças negras se pronunciam

O caso repercutiu nas redes sociais depois que a advogada Fayda Belo denunciou o ocorrido

Influenciadoras digitais que deram banana para crianças negras se pronunciam Reprodução/Instagram/Estúdio Naturale
Douglas Lima - Especial para o Uai clock 31/05/2023 18:32
compartilhe icone facebook icone twitter icone whatsapp SIGA NO google-news

Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, que postaram vídeos entregando uma banana e um macaco de pelúcia para crianças negras como parte de um "conteúdo de humor", se pronunciaram por meio da assessoria jurídica após serem acusadas de cometer racismo.

Leia Mais

Em nota publicada nas redes sociais, nesta quarta-feira (31/05), a dupla, que são mãe e filha, afirmaram que repudiam qualquer forma de discriminação racial e que os vídeos foram "tirados de contexto".

 

Nas imagens, as influencers pedem em tom de deboche às crianças que elas escolham entre ganhar dinheiro e um presente embrulhado. Animadas, as duas crianças negras decidem ficar com o presente. Uma ganhou uma banana e a outra, um macaco de pelúcia.

 

O caso repercutiu nas redes sociais nesta terça-feira (30/05), depois que a advogada Fayda Belo, que reúne 1,7 milhão de seguidores no TikTok, denunciou o ocorrido. O vídeo, excluído das redes da dupla, foi resgatado pela especialista em direito antidiscriminatório. Ela afirmou que o caso é tratado como "discriminação e ridicularização de menores".

 

Em comunicado à imprensa, as criadoras de conteúdo afirmaram estar consternadas com as alegações que foram feitas e repudiam veementemente qualquer forma de discriminação racial. Elas também alegaram que não tinham a intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias.

 

"Em relação às acusações de racismo feitas contra as influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, a assessoria jurídica, reconhece a seriedade e a importância de tratar o assunto com responsabilidade e diligência. A assessoria jurídica ressalta que as influenciadoras, estão consternadas com as alegações que foram feitas e repudiam veementemente qualquer forma de discriminação racial", iniciou.

 

"Reforçam ainda o compromisso em promover a inclusão, diversidade e igualdade em suas plataformas. Ressaltam que naquele contexto não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias. Nada disso estava em pauta", acrescentou.

 

Em outro trecho, afirmaram que não era o intuito delas fazer nenhum tipo de discriminação e que Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves estão cientes da responsabilidade e se comprometem a aprender com o epsódio.

 

"Sendo assim, gostariam de se dirigir às pessoas que se sentiram diretamente atingidas, para dizer que não tivemos intenção de as ofender individualmente, nem como gênero, etnia, classe ou categoria a que elas pertençam", destacou.

 

"É essencial analisar os fatos de forma justa e imparcial antes de tirar qualquer conclusão. As publicações em questão foram retiradas de contexto e interpretadas de maneira distorcida. As influenciadoras não tiveram a intenção de promover o racismo ou ofender qualquer indivíduo ou grupo étnico", continuou.

 

Na sequência, pedem que as pessoas considerem a trajetória delas. "Importante considerar também a reputação e a trajetória profissional das influenciadoras. Elas têm sido defensoras ativas da igualdade racial e vem trabalhando para aumentar a conscientização sobre questões relacionadas à discriminação e inclusão. Ao longo de suas carreiras, Kérollen e Nancy têm colaborado com organizações que promovem a diversidade e se envolvido em projetos sociais voltados para a inclusão de minorias", afirmou.

"A dupla reforça que em uma sociedade democrática todos têm o direito à liberdade de expressão. No entanto, esse direito não deve ser utilizado como um escudo para o discurso de ódio ou promover a discriminação. As influenciadoras estão cientes dessa responsabilidade e se comprometem a aprender com esse episódio, aprofundar o aprendizado em questões raciais e a refletir sobre o impacto de suas afirmações".

Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves

"Diante desses pontos, pedimos que a justiça seja feita e que todas as partes envolvidas tenham a oportunidade de apresentar seus argumentos de maneira igual. A dupla vai cooperar plenamente com qualquer investigação conduzida pelas autoridades competentes, fornecendo todas as informações necessárias para esclarecer os fatos e preservar o direito das pessoas que se sentiram atingidas", disse.

 

"Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves estão à disposição para dialogar com as partes afetadas, organizações de defesa dos direitos humanos e demais envolvidos", finalizou.

 

Confira, abaixo, o post:

Polícia Civil investiga o caso 

De acordo com as informações do jornal O Globo, as imagens serão analisadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e "diligências estão em andamento para identificar todos os envolvidos e apurar os fatos". No inquérito, os investigadores vão apurar se Kerollen e Nancy praticaram crime de racismo ou injúria racial e se também infringiram algum crime do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

 

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) recebeu, até esta quarta-feira (31/05), 690 comunicações com denúncias contra os vídeos. Não há informações sobre o local exato dos registros, mas Kérollen e Nancy usualmente gravam em Niterói e em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.

 

Vale destacar, que não é a primeira vez que as duas que possuem mais de 14 milhões de seguidores nas redes sociais se envolvem em polêmicas. Em 2021, elas se filmaram humilhando um motorista de aplicativo. Na gravação, Kérollen e Nancy afirmaram que o veículo dele tinha "cheiro podre". Uma delas chega a dizer, inclusive, que o suposto mau cheiro vinha do cabelo do profissional. A publicação também foi tirada do ar pelas influenciadoras digitais após as duras críticas.

compartilhe icone facebook icone twitter icone whatsapp
x