A mitomania é caracterizada pela tendência habitual de mentir mesmo quando não há vantagem clara para quem mente. Esse padrão transforma a mentira em parte da identidade do indivíduo.
Embora o termo não seja um diagnóstico autônomo nos manuais psiquiátricos, a mentira patológica aparece como sintoma em transtornos como personalidade narcisista e transtorno de personalidade borderline.
Por que alguém desenvolve mitomania e como reconhecê-la?
Na mitomania, mentir deixa de ser um ato isolado e passa a integrar a narrativa pessoal do indivíduo. A pessoa geralmente tem consciência de que está mentindo, mas não apresenta uma justificativa clara.
Esse padrão difere da mentira estratégica: aqui o ato é repetido sem objetivo óbvio e tende a persistir mesmo diante de consequências negativas.
Mentira comum versus mentira patológica: quando a diferença faz sentido
A mentira comum costuma ter motivação clara — evitar punição, obter vantagem ou proteger alguém. Já a mentira da mitomania escapa a essa lógica e parece não visar benefício direto.
- Motivação aparente: ganhar vantagem ou evitar consequência
- Motivação ausente: mentira sem propósito claro
- Frequência: ocasional versus padrão incorporado
Enquanto a mentira comum é contextual e muitas vezes planejada, a mentira patológica ocorre de forma repetida e automática, afetando relações e confiança.

Transtornos associados à mentira patológica e como eles se manifestam
A mentira patológica frequentemente surge junto a outros transtornos psiquiátricos, nos quais o mentir faz parte do quadro clínico subjacente. Identificar o transtorno de base é essencial para o tratamento.
- Transtornos de personalidade: narcisista e borderline
- Transtornos do controle de impulsos: hábito de mentir como comportamento repetido
- Transtorno obsessivo-compulsivo: mentiras ligadas a preocupações obsessivas
Em muitos casos, a mentira serve para manter uma autoimagem alterada, evitar sentimentos de inferioridade ou responder a mecanismos emocionais complexos.
Consequências reais da mitomania no dia a dia e no convívio social
A mitomania pode causar perda de confiança, isolamento social e prejuízos em relacionamentos pessoais e profissionais. A reputação do indivíduo tende a se deteriorar com o tempo.
- Ruptura de relações íntimas
- Comprometimento da credibilidade profissional
- Aumento de estresse e conflitos interpessoais
O impacto atravessa esferas afetivas e práticas, tornando urgente a avaliação por profissionais quando o padrão é persistente. Segundo especialista, as pessoas utilizam relatos falsos para inflar a própria relevância.
“Pacientes com pseudologia fantástica frequentemente exibem traços de transtornos de personalidade do agrupamento B e utilizam relatos fabulosos para inflar a própria importância” — afirma T. Kainth, médico.
Como aproveitar/planejar intervenções e buscar ajuda
Ao suspeitar de mitomania em si ou em alguém próximo, o caminho indicado é a avaliação clínica para identificar possíveis transtornos de base e traçar plano terapêutico.
- Buscar avaliação com psiquiatra ou psicólogo
- Priorizar terapias que trabalhem identidade e estratégias de coping
- Estabelecer limites claros e comunicação assertiva
O tratamento costuma focar no transtorno subjacente e em técnicas psicoterápicas que promovam autorreflexão e mudanças de hábito.
Perguntas Frequentes
O que diferencia a mitomania da mentira compulsiva?
Mitomania refere-se a um padrão de mentiras sem motivação clara e que integra a identidade. A mentira compulsiva frequentemente está ligada a impulsos ou ansiedade e pode ter função de alívio temporário.
A mitomania é diagnosticada no DSM-5 ou CID-11?
Não há diagnóstico autônomo chamado “mitomania” no DSM-5 ou na CID-11. A mentira patológica é avaliada como sintoma de outros transtornos, especialmente de personalidade.
Uma pessoa que mente muito no passado tem mitomania?
Não necessariamente. O critério central é o padrão persistente de mentiras sem propósito claro que se torna parte estável do comportamento. Só um profissional pode diferenciar.
Qual o tratamento para mitomania?
O tratamento direciona-se ao transtorno de base: psicoterapia (como terapia cognitivo-comportamental), suporte psicossocial e, quando indicado, medicação para sintomas associados.
Reconhecer a mitomania é o primeiro passo para reduzir danos e restaurar relações. A avaliação profissional e o apoio adequado aumentam as chances de mudança e de reconstrução de confiança.




