A flor-de-São-João (Hypericum brasiliense) é conhecida popularmente como hipérico brasileiro. Essa planta tem sido objeto de investigações por suas aplicações medicinais tradicionais e potenciais efeitos terapêuticos crescentes. A seguir, destacam-se algumas de suas principais propriedades curativas estudadas.
- Ação antidepressiva / reguladora do humor
- Ação anti-inflamatória e analgesia
- Atividade antioxidante e neuroprotetora
- Possível atividade antimicrobiana e antiviral
Ação antidepressiva e reguladora do humor
Os compostos hipericina e hiperforina são associados ao efeito antidepressivo, agindo como inibidores de recaptação de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina. Essa ação confere à flor-de-São-João um potencial natural para o controle de sintomas de depressão leve e moderada, comparável a medicamentos sintéticos. De acordo com o farmacêutico e pesquisador Luís Guilhermano, produtos comerciais de Hypericum têm sido utilizados no Brasil baseados em estudos internacionais de eficácia comparável a alguns antidepressivos para depressões leves a moderadas.

“Extratos de St. John’s Wort demonstram superioridade sobre placebo em pacientes com depressão moderada, com perfil de efeitos adversos comparativamente menor” (LINDE, 2008).
Ação anti-inflamatória e analgésica
Vários estudos demonstram que extratos de Hypericum têm capacidade de modular vias inflamatórias, reduzindo marcadores como citocinas pró-inflamatórias. Essa propriedade anti-inflamatória e analgésica ajuda a aliviar dores e processos inflamatórios crônicos de forma natural. De acordo com o médico e pesquisador Abreu, essa modulação anti-inflamatória contribui para alívio de dor e de processos inflamatórios crônicos.
“Extratos das espécies de Hypericum mostram atividade anti-inflamatória significativa em modelos animais, com redução de edema e modulação de mediadores inflamatórios” (ABREU, 2004).
Atividade antioxidante e neuroprotetora
Os flavonoides, taninos e derivados fenólicos contidos no hipérico colaboram com a neutralização de radicais livres, protegendo células nervosas do estresse oxidativo. Essa ação antioxidante e neuroprotetora contribui para proteger o sistema nervoso e prevenir danos causados por radicais livres. De acordo com o químico e pesquisador Alves, essa ação antioxidante pode contribuir à neuroproteção e à mitigação de danos oxidativos no sistema nervoso central.
“Compostos fenólicos extraídos de Hypericum perforatum exibem significativa capacidade antioxidante em ensaios in vitro, com redução de peroxidação lipídica” (OTERO et al., 2024).
Atividade antimicrobiana e antiviral
Algumas espécies brasileiras de Hypericum têm sido examinadas por suas propriedades antimicrobianas e antivirais em estudos pré-clínicos. Esses efeitos sugerem que a flor-de-São-João pode auxiliar na inibição de microrganismos e vírus, reforçando a imunidade natural. De acordo com a bióloga Ana Silva, essas propriedades ainda são exploratórias, mas promissoras em culturas microbianas.
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“Espécies de Hypericum demonstraram ação antibacteriana e antiviral em ensaios laboratoriais contra bactérias gram-positivas e vírus virais” (SILVA, 2015).
Segurança, interações e cuidados no uso
Apesar dos benefícios potenciais, o uso de hipérico pode envolver interações relevantes com diversos medicamentos, como anticoncepcionais, anticoagulantes, imunossupressores e antidepressivos. Seu uso deve ser feito com acompanhamento profissional, pois pode reduzir a eficácia de outros fármacos por indução enzimática hepática. De acordo com o farmacêutico Carlos Cordeiro, essas interações ocorrem pela indução enzimática em vias hepáticas (CYP450).
“O Hypericum perforatum interage com fármacos como warfarina e contraceptivos orais, diminuindo sua eficácia e alterando farmacocinética” (CORDEIRO, 2005).
Benefícios Comprovados e Potenciais para a Saúde Mental e Sistêmica
- Possível alternativa fitoterápica para depressão leve/moderada com respaldo em ensaios clínicos controlados — benefícios comparáveis a antidepressivos sintéticos.
- Atuação anti-inflamatória e antioxidante que pode proteger tecidos e reduzir dor crônica.
- Potencial antimicrobiano e antiviral em estudos experimentais, com necessidade de mais pesquisas clínicas.
Referências bibliográficas
- ABREU, I. N. Distribuição de substâncias bioativas em Hypericum perforatum. Analytical Biochemistry, 2004.
- CORDEIRO, C. H. G. Interações medicamentosas de fitoterápicos e fármacos: uma revisão sobre Hypericum perforatum. Revista Brasileira de Farmácia, 2005.
- LINDE, K. St John’s Wort for major depression: Cochrane review. PMC (National Center for Biotechnology Information), 2008.
- OTERO, M. C.; Ceric, F.; Miranda-Rojas, S. et al. Documentary Analysis of Hypericum perforatum and Its Effect on Depressive Disorders. Pharmaceuticals, 2024.






