A páprica (Capsicum annuum) é um condimento extraído de pimentões secos e moídos. Rica em compostos bioativos como carotenoides e capsaicina, ela desperta interesse tanto na gastronomia quanto na fitoterapia.
Entre os principais benefícios terapêuticos da páprica, destacam-se:
- Propriedade antioxidante e ação de proteção celular
- Atividade anti-inflamatória e efeito analgésico local
- Potencial no controle lipídico, metabolismo e saúde cardiovascular
Propriedade antioxidante e proteção celular
A páprica contém elevados níveis de carotenoides (como β-caroteno, capsantina, zeaxantina) e compostos fenólicos que neutralizam radicais livres, protegendo células do estresse oxidativo e contribuindo para prevenção de danos celulares. Segundo Daood e colaboradores, essa atividade está diretamente ligada ao potencial quimiopreventivo da especiaria.
“O pó de páprica apresentou atividade antioxidante significativa, atribuída aos carotenoides e compostos fenólicos presentes, com potencial para contribuir em mecanismos de prevenção do câncer” (DAOOD et al., 2014).

Propriedade anti-inflamatória e efeito analgésico
A ação anti-inflamatória da páprica se relaciona à capsaicina e capsaicinóides que interagem com o receptor TRPV1, modulando mediadores inflamatórios e sensibilização neuronal — mecanismo que também contribui para efeito analgésico local. Esse efeito é apontado em diferentes ensaios clínicos e estudos experimentais.
“Dietas ricas em capsaicina demonstraram efeitos benéficos sobre aterosclerose, síndrome metabólica, diabetes, obesidade e fígado gorduroso não alcoólico. A aplicação tópica da capsaicina aumenta o tempo de exercício até o limiar isquêmico em pacientes com angina” (McCARTY et al., 2015).
Ação sobre metabolismo lipídico e saúde cardiovascular
Estudos indicam que a páprica, via seus compostos lipofílicos (lipídeos poli-insaturados e carotenoides) e capsaicina, pode influenciar a expressão gênica em células endoteliais, promover vasodilatação e estimular exportação de colesterol de células espumosas, com impacto benéfico sobre aterosclerose. Esses resultados reforçam o uso tradicional de pimentas e derivados na prevenção de doenças cardiovasculares.
“A ingestão de capsaicina demonstrou melhorar a vasodilatação endotélio-dependente em roedores. A indução mediada por TRPV1 do receptor LXRα em células espumosas promove a exportação de colesterol, antagonizando a formação de placas ateroscleróticas” (McCARTY et al., 2015).
Ação sobre sistema digestivo e metabolismo de glicose
A páprica pode modular funções gastrointestinais por ativação de TRPV1 no trato digestório e influenciar secreção hormonal como GLP-1, o que favorece regulação glicêmica e motilidade intestinal. Essa ação depende principalmente da concentração ingerida.
“Diversos estudos revelaram que a capsaicina atua no trato gastrointestinal de forma dependente e independente do receptor TRPV1, variando de acordo com as concentrações consumidas” (XIANG et al., 2022).
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Segurança, modo de uso e limitações
Embora geralmente segura quando usada como tempero alimentar, a páprica (especialmente a versão picante) pode causar irritação gástrica em pessoas sensíveis ou exacerbação de sintomas gastrointestinais. Além disso, seu uso tópico em formulações analgésicas deve sempre ser acompanhado por orientação profissional.
“A capsaicina é utilizada em formulações tópicas para tratar neuralgia pós-herpética. Seu mecanismo consiste em tornar a pele e as articulações menos sensíveis à dor ao reduzir a substância P nos nervos sensoriais, o que, após exposição prolongada, resulta em menor sensação dolorosa” (US PHARMACIST, 2009).
Dica de preparo/modo de uso: utilize páprica doce ou defumada em pequenas quantidades — começando com ¼ de colher de chá por dose — e observe a tolerância digestiva. Para uso terapêutico tópico, recomenda-se formulação controlada e acompanhamento profissional.
Resumo dos principais aprendizados
- A páprica exerce ação antioxidante relevante graças a carotenoides e compostos fenólicos, com potencial de proteção celular (DAOOD et al., 2014).
- Seus efeitos anti-inflamatórios e analgésicos se devem à capsaicina que modula mediadores inflamatórios via TRPV1 (McCARTY et al., 2015).
- Pode influenciar metabolismo lipídico, função endotelial e regulação glicêmica, sugerindo benefícios cardiovasculares e metabólicos (McCARTY et al., 2015; XIANG et al., 2022).
Referências Bibliográficas
- DAOOD, H. G. et al. Carotenoid and antioxidant content of ground paprika from Capsicum annuum: implications for chemoprevention. Food Chemistry, v. 160, p. 1-9, 2014.
- McCARTY, M. F. et al. Capsaicin may have important potential for promoting vascular and metabolic health. Open Heart, v. 2, n. 1, e000262, 2015.
- XIANG, Y. et al. Beneficial effects of dietary capsaicin in gastrointestinal health. International Journal of Molecular Sciences, v. 23, n. 3, p. 1459, 2022.
- US PHARMACIST. Capsaicin: Risks and Benefits. US Pharmacist, 2009.






