Um crescimento anormal de algas tóxicas em rios e reservatórios do sul do Brasil está preocupando autoridades ambientais e de saúde pública. A proliferação, ligada às mudanças climáticas e ao excesso de poluentes, já afeta o abastecimento em cidades da região. Mas por que essa alga é tão perigosa?
Onde isso começou?
Os primeiros alertas surgiram no final de 2024, quando moradores de áreas ribeirinhas relataram gosto e odor estranhos na água potável. Análises revelaram a presença elevada de cianobactérias, também chamadas de algas azuis.
A proliferação aumentou nas semanas seguintes, alcançando partes de rios e represas do sul do país. Autoridades ambientais intensificaram o monitoramento, com registros que já ultrapassam os limites recomendados por órgãos internacionais em vários pontos.
Por que isso é tão perigoso?
Essas algas produzem toxinas que podem afetar fígado, rins e sistema nervoso, mesmo em baixas concentrações. Além de prejudicar o abastecimento, a presença dessas toxinas pode causar mortes de peixes e outros danos aos ecossistemas aquáticos.
Especialistas explicam que a toxina liberada por essas algas é altamente estável e pode continuar na água mesmo após o tratamento tradicional. Isso dificulta o fornecimento seguro em regiões dependentes desses mananciais.
A coloração esverdeada e a formação de espumas também geram desconfiança da população, o que pressiona o sistema de distribuição e eleva os custos de tratamento.

Isso pode afetar humanos?
Sim, o consumo prolongado ou contato direto com água contaminada pode causar problemas de saúde em humanos. Os sintomas mais comuns incluem náuseas, vômitos, diarreia, dores abdominais e, em casos mais severos, complicações no fígado.
Além da ingestão, o contato da pele com água contaminada — especialmente em rios e lagos usados para lazer — pode causar irritações cutâneas e reações alérgicas. Já foram identificados episódios leves de intoxicação em populações ribeirinhas, com acompanhamento das autoridades de saúde.
O que está sendo feito para conter?
Como medida emergencial, pontos de captação foram temporariamente fechados, e fontes alternativas de água estão sendo utilizadas. Estações de tratamento passaram a adotar métodos mais eficazes para remoção das toxinas, como ozonização e uso de carvão ativado.
Técnicas de contenção biológica também estão em avaliação, incluindo o uso de microrganismos que competem com as cianobactérias. Há também ações para reduzir o despejo de esgoto doméstico e fertilizantes nos rios, principais responsáveis pela proliferação das algas.
Campanhas de conscientização estão orientando a população sobre os riscos do contato com a água contaminada e sobre como identificar sinais de alteração na cor e no odor da água.
Há risco de se espalhar para outras regiões?
Sim, há risco de expansão para outras bacias hidrográficas e cidades vizinhas. As condições climáticas atuais — com altas temperaturas e baixos índices de chuva — favorecem a multiplicação dessas algas.
Caso o fenômeno não seja contido, há possibilidade de que o problema atinja outros estados e até países vizinhos, especialmente nas regiões com atividade agrícola intensa e infraestrutura de saneamento limitada.
O monitoramento continua em andamento, e o alerta permanece para que medidas preventivas sejam reforçadas antes do próximo verão, quando os riscos devem aumentar.






