Pesquisadores vêm avançando no estudo de microrganismos capazes de contribuir para o tratamento de doenças graves. Em 2025, uma equipe internacional de cientistas anunciou a descoberta de uma bactéria geneticamente modificada, apelidada de “Designer Bacteria 1”, que apresenta potencial para auxiliar no combate ao câncer. O achado representa um novo capítulo na busca por terapias inovadoras e menos invasivas para pacientes oncológicos.
Recentemente, uma equipe de pesquisadores liderada pelo Prof. Chenli Liu, do Instituto de Tecnologia Avançada de Shenzhen, da Academia Chinesa de Ciências (CAS), e pelo Prof. Yichuan Xiao, do Instituto de Nutrição e Saúde de Xangai, também da CAS, revelou o mecanismo-chave por trás da terapia bacteriana contra o câncer. Utilizando uma cepa bacteriana geneticamente modificada semelhante à Designer Bacteria 1, os cientistas publicaram suas descobertas na revista científica Cell, em 3 de março, detalhando como essas bactérias reconhecem e atacam células tumorais.
A bactéria foi desenvolvida em laboratório por meio de técnicas de engenharia genética, com o objetivo de atuar diretamente em tumores. Segundo os responsáveis pelo estudo, a Designer Bacteria 1 é capaz de identificar células cancerígenas e liberar substâncias que ajudam a reduzir ou eliminar o crescimento tumoral, sem afetar células saudáveis. Esse avanço pode abrir caminho para tratamentos mais direcionados e com menos efeitos colaterais.
Como a Designer Bacteria 1 atua no organismo?
A principal característica da Designer Bacteria 1 é sua habilidade de localizar ambientes tumorais no corpo humano. Uma vez no local do tumor, a bactéria libera compostos terapêuticos que agem especificamente nas células doentes. Esse mecanismo reduz o risco de danos aos tecidos saudáveis, um dos grandes desafios dos tratamentos convencionais, como a quimioterapia e a radioterapia.
De acordo com o estudo liderado pelos Professores Liu e Xiao, foi descoberto que a interação entre as bactérias geneticamente modificadas e o microambiente tumoral ativa vias moleculares específicas, desencadeando uma resposta imune intensa contra o tumor. Além disso, a bactéria foi projetada para se autodestruir após cumprir sua função, evitando que permaneça no organismo por tempo indeterminado. Essa estratégia diminui o risco de infecções ou outros efeitos indesejados. Os cientistas destacam que a Designer Bacteria 1 pode ser ajustada para diferentes tipos de câncer, tornando-se uma ferramenta versátil no arsenal terapêutico.

Quais são os benefícios e desafios do uso de bactérias no tratamento do câncer?
O uso de bactérias modificadas geneticamente, como a Designer Bacteria 1, oferece vantagens importantes em relação aos métodos tradicionais. Entre os principais benefícios estão:
- Precisão no ataque ao tumor: A bactéria atua diretamente nas células cancerígenas, minimizando danos ao restante do corpo.
- Redução de efeitos colaterais: Como o tratamento é mais localizado, os pacientes tendem a apresentar menos reações adversas.
- Possibilidade de personalização: A engenharia genética permite adaptar a bactéria para diferentes tipos de câncer.
No entanto, o desenvolvimento dessa abordagem enfrenta desafios. Entre eles, destaca-se a necessidade de garantir a segurança do paciente, evitar reações imunológicas inesperadas e assegurar que a bactéria não cause infecções. Os pesquisadores também precisam avaliar a eficácia a longo prazo e os possíveis impactos no microbioma humano. O trabalho publicado na revista Cell reforça a importância de compreender profundamente como as bactérias interagem com o sistema imunológico e o tumor, visando otimizar a eficácia sem aumentar riscos ao paciente.
O que esperar dos próximos passos na pesquisa com bactérias contra o câncer?
Após os resultados promissores em testes laboratoriais e em modelos animais, a Designer Bacteria 1 está sendo preparada para estudos clínicos em humanos. O objetivo é avaliar a segurança, a dosagem ideal e a eficácia do tratamento em diferentes tipos de câncer. Os ensaios clínicos devem seguir protocolos rigorosos, com acompanhamento de equipes multidisciplinares.
Especialistas em oncologia e biotecnologia acreditam que, se os testes em humanos confirmarem os resultados iniciais, a utilização de bactérias modificadas poderá transformar o tratamento do câncer nos próximos anos. Além disso, a tecnologia pode inspirar o desenvolvimento de outras terapias baseadas em microrganismos, ampliando as opções para pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais.
O avanço no uso de bactérias geneticamente modificadas, como a Designer Bacteria 1, reforça a importância da pesquisa científica e da inovação na medicina. Os achados da equipe de Chenli Liu e Yichuan Xiao, publicados na Cell, contribuem enormemente para a compreensão dos mecanismos de ação desses microrganismos inovadores. A expectativa é que, com o tempo, essas descobertas possam contribuir para tratamentos mais eficazes, seguros e personalizados no combate ao câncer.






