Nos últimos anos, o cenário do varejo norte-americano tem enfrentado mudanças significativas, especialmente entre grandes redes de lojas de artigos para o lar. Uma das empresas que mais se destacou nesse segmento foi a At Home Group Inc., sediada no Texas, que chegou a operar mais de 250 lojas em 40 estados dos Estados Unidos. Entretanto, recentes acontecimentos indicam que a companhia está prestes a enfrentar um dos momentos mais delicados de sua trajetória: a possibilidade de entrar com pedido de falência.
O crescimento acelerado da At Home, impulsionado por uma onda de expansão após sua aquisição por um fundo de private equity em 2021, foi seguido por desafios financeiros intensificados por fatores externos. Entre eles, a elevação das tarifas sobre produtos importados da China teve impacto direto nos custos e nas margens de lucro da empresa, tornando a operação cada vez mais insustentável diante de dívidas acumuladas e obrigações financeiras crescentes.
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Como a At Home chegou à beira da falência?
A trajetória da At Home Group Inc. nos últimos quatro anos ilustra como decisões estratégicas e fatores econômicos globais podem afetar profundamente uma grande varejista. Após ser adquirida pela Hellman & Friedman em 2021, a empresa deixou de negociar suas ações na bolsa e passou a focar em expansão física, inaugurando dezenas de novas lojas entre 2021 e 2023. Esse movimento, porém, coincidiu com um aumento expressivo das tarifas de importação sobre mercadorias chinesas, que atingiram patamares de até 145% em 2025.
Com grande parte do portfólio da At Home composta por itens importados, o aumento das tarifas pressionou os custos e reduziu a competitividade dos preços. Paralelamente, a empresa já carregava uma dívida significativa desde a aquisição, o que agravou ainda mais a situação financeira. Em 2024, a nomeação de um novo CEO foi vista como uma tentativa de reverter o quadro, mas os resultados não foram suficientes para evitar a crise. Além disso, a dificuldade em se adaptar rapidamente às mudanças do mercado contribuiu para o agravamento da situação da At Home.
Quais são os principais desafios enfrentados pela At Home?
Entre os desafios mais relevantes para a At Home, destacam-se:
- Tarifas de importação elevadas: O aumento das taxas sobre produtos vindos da China elevou os custos de aquisição, impactando diretamente a margem de lucro.
- Dívida acumulada: A empresa enfrenta dificuldades para honrar pagamentos de juros e obrigações com credores, especialmente após o acordo de tolerância firmado em maio de 2025.
- Expansão acelerada: A abertura de mais de 40 lojas em curto período gerou custos operacionais elevados, dificultando o equilíbrio financeiro.
- Queda nas vendas: Mudanças no comportamento do consumidor e a concorrência acirrada no setor de artigos para o lar também contribuíram para a redução do faturamento.
O que pode acontecer com a At Home após o pedido de falência?
O processo de falência, conhecido nos Estados Unidos como Chapter 11, permite que empresas reorganizem suas dívidas e tentem manter parte das operações enquanto negociam com credores. Caso a At Home siga esse caminho, algumas alternativas podem ser consideradas:
- Renegociação de contratos de aluguel e dívidas com fornecedores e bancos.
- Fechamento de lojas menos rentáveis para reduzir custos operacionais.
- Possível venda de ativos ou até mesmo de parte da operação para outros investidores.
- Reestruturação do portfólio de produtos, buscando alternativas a importações de países com tarifas elevadas.
Enquanto o setor acompanha os próximos passos da At Home, o caso serve de alerta para outras empresas do varejo que dependem fortemente de importações e estão expostas a oscilações do mercado internacional. O desfecho do processo poderá influenciar decisões estratégicas de concorrentes e fornecedores, além de impactar consumidores em diversas regiões dos Estados Unidos.
Quais são os impactos da potencial falência da At Home para o setor de empregos?
A possível falência da At Home pode ter reflexos significativos no mercado de trabalho local e nacional. Com mais de 7.000 empregados em sua estrutura operacional, eventuais fechamentos de lojas ou cortes de pessoal podem aumentar o desemprego em várias regiões, especialmente em cidades pequenas onde a empresa é uma das maiores empregadoras do setor. A instabilidade no emprego também pode prejudicar a moral dos funcionários remanescentes, além de impactar fornecedores e prestadores de serviço indiretos que dependem do fluxo de operações da rede para manter seus negócios ativos.
Como as mudanças no comportamento de consumo têm afetado redes varejistas como a At Home?
Nos últimos anos, consumidores americanos passaram a priorizar compras online e buscar soluções de mobiliário e decoração sob demanda, o que reduziu o fluxo nas lojas físicas tradicionais. O aumento da concorrência de varejistas digitais e marketplaces também pressiona margens e obriga empresas como a At Home a repensarem suas estratégias de atendimento, experiência do cliente e mix de produtos. Além disso, fatores como inflação e custos elevados do crédito têm levado as famílias a postergar investimentos em itens não essenciais para o lar, agravando ainda mais a situação financeira das redes que dependem de alto volume de vendas físicas.
