As motocicletas chinesas finalmente chegaram ao Brasil com força total. Depois de verem as fabricantes de carros da China conquistarem fatias importantes do mercado automotivo nacional, agora é a vez das duas rodas asiáticas tentarem a mesma estratégia. SBM e CFMoto estão apostando pesado no país, mas com propostas bem diferentes.
O timing não poderia ser melhor. O mercado brasileiro de motocicletas movimentou mais de 1,2 milhão de unidades em 2024, representando um crescimento de 8,3% comparado ao ano anterior. Com marcas tradicionais como Honda, Yamaha e Kawasaki dominando há décadas, as chinesas chegam prometendo preços mais agressivos e tecnologia de ponta.
SBM, que é uma subdivisão da Shineray, já tem experiência no Brasil desde 2015, mas agora quer expandir seriamente. A marca planeja iniciar as vendas com uma rede de 33 concessionárias espalhadas pelo país, oferecendo garantia de três anos – algo que poucas marcas fazem no segmento de motos premium no Brasil.
Quais são os modelos da SBM disponíveis no Brasil?

A SBM está introduzindo uma série de modelos no Brasil, cada um com características específicas para atender diferentes necessidades dos motociclistas. Um dos destaques é a SBM 250R, uma moto esportiva equipada com motor de 249 cilindradas, capaz de gerar 27,8 cv de potência e 2,3 kgfm de torque. Este modelo será lançado no segundo semestre de 2025, com preço sugerido de R$ 22.990.
Outro modelo interessante é a SBM 400, que adota o estilo naked, deixando seus componentes visíveis e sem carenagens de proteção. Com um motor de 400 cilindradas, a moto oferece 41,5 cv de potência e 3,7 kgfm de torque. O lançamento está previsto para o segundo semestre de 2025, com preço de R$ 33.490.
Para aqueles que buscam uma moto para viagens, a SBM 600C1 é uma excelente opção. Com um design compacto, ela possui um motor de 554 cilindradas, gerando 56 cv de potência e 5,5 kgfm de torque. Esta versão também chega ao Brasil no segundo semestre de 2025, com preço de R$ 37.990.
Quais são as características dos modelos off-road da SBM?
A SBM também está apostando em modelos para terrenos off-road. A SBM 600S, por exemplo, é projetada para trilhas, mas também oferece conforto em viagens longas no asfalto. Com motor de 554 cilindradas, ela entrega 55,1 cv de potência e 5,5 kgfm de torque, sendo vendida por R$ 46.990.
Outro modelo robusto é a SBM 600V, que possui 561 cilindradas e entrega 68 cv de potência. Seu diferencial está no escapamento alongado e no guidão com manoplas próximas ao piloto, proporcionando maior conforto. O preço é de R$ 51.490.
Por fim, a SBM 600R é o modelo mais potente e caro da linha, com motor de 600 cilindradas e visual agressivo. Destinada a altas velocidades, ela possui acabamento refinado e suspensão ajustada, com preço de R$ 52.990.
Qual é a proposta da CFMoto no Brasil?
A CFMoto, outra marca chinesa, também está se aventurando no mercado brasileiro, mas com uma abordagem diferente. A empresa planeja lançar apenas um modelo, o IBEX 450. Este modelo está em processo de homologação no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e é projetado para enfrentar terrenos irregulares, como trilhas e estradas de terra.
O IBEX 450 oferece 44 cv de potência e seu lançamento está previsto para o primeiro semestre de 2026. O preço deve variar entre R$ 39 mil e R$ 41 mil, tornando-se uma opção interessante para os amantes de aventuras off-road.
Com a chegada dessas marcas chinesas, o mercado brasileiro de motocicletas ganha novas opções, ampliando a concorrência e oferecendo mais variedade aos consumidores. As novidades prometem agradar tanto os entusiastas de motos esportivas quanto aqueles que buscam modelos para trilhas e viagens.
Como o mercado brasileiro está se preparando para a chegada dessas marcas?

O mercado brasileiro de motocicletas está se adaptando rapidamente à chegada dessas novas marcas chinesas. Concessionárias em todo o país estão investindo em capacitação técnica de suas equipes para garantir que os clientes recebam atendimento de qualidade. Além disso, as empresas estão ajustando suas estratégias de marketing e logística para acomodar o aumento na diversidade de modelos e atender melhor às demandas dos consumidores locais.
Que obstáculos reais essas marcas enfrentarão?
O maior desafio não é técnico, mas cultural. Motociclistas brasileiros são tradicionalmente conservadores e valorizam marcas com história comprovada. Honda domina há 50 anos, Yamaha há 40 – essa confiança não se constrói da noite para o dia.
A rede de assistência será testada duramente. No Brasil, moto é ferramenta de trabalho para milhões de pessoas. Uma falha que deixe o veículo parado por semanas pode quebrar a reputação de qualquer marca, independente do preço.
Peças de reposição e custo de manutenção serão decisivos. Se uma SBM custar R$ 10.000 a menos que uma Honda, mas a manutenção for R$ 200 mais cara a cada revisão, a vantagem desaparece rapidamente.
O teste real virá em 2026, quando as primeiras motos completarem um ano de uso intensivo nas condições brasileiras. Só então saberemos se as chinesas vieram para ficar ou são apenas uma promessa não cumprida.