Recentemente, um estudo intrigante revelou detalhes sobre a linhagem de Leonardo da Vinci, destacando a continuidade genética de sua família. Embora Leonardo não tenha deixado descendentes diretos, sua família extensa, composta por muitos meios-irmãos, permitiu rastrear sua árvore genealógica até os dias atuais. Essa pesquisa, liderada por cientistas da Universidade de Florença, trouxe à tona informações fascinantes sobre a herança genética da família da Vinci.
Uma das descobertas mais notáveis foi a identificação de 15 descendentes da linha masculina da família, relacionados ao pai de Leonardo e a seu meio-irmão Domenico Benedetto. Destes, seis ainda estão vivos e participaram de análises genéticas que revelaram a preservação de segmentos idênticos do cromossomo Y, transmitido de pai para filho. Essa continuidade genética ao longo de 15 gerações é um achado surpreendente para os pesquisadores.
Como a pesquisa genética pode ajudar a entender Leonardo?
O objetivo principal da pesquisa é permitir uma análise científica do DNA de Leonardo da Vinci. Os cientistas esperam que essa investigação possa lançar luz sobre as raízes biológicas de sua acuidade visual e criatividade excepcionais. Além disso, há a expectativa de compreender melhor aspectos de sua saúde e as possíveis causas de sua morte. A pesquisa não se limita à genética; também explora registros históricos que revelam detalhes desconhecidos sobre a vida do gênio florentino.
Por exemplo, foram identificadas sete casas da família da Vinci em Vinci, incluindo duas propriedades que Leonardo herdou de seu tio Francesco. Entre as descobertas mais intrigantes está um desenho a carvão, chamado Dragão Unicórnio, encontrado em uma lareira antiga. A obra, de rara intensidade expressiva, pode ser de autoria do próprio Leonardo, segundo especialistas.

Leonardo da Vinci: um pioneiro da epigenética?
O livro que documenta essas descobertas sugere que Leonardo da Vinci pode ter sido um precursor da epigenética. Seus escritos sobre hereditariedade indicam que ele já considerava a influência de fatores externos, como dieta e comportamento dos pais, na expressão genética dos descendentes. Isso antecipa conceitos modernos sobre como o ambiente pode afetar os genes.
Agnese Sabato, coautora do trabalho, destaca que, para Leonardo, a concepção era um ato complexo, onde natureza, emoção e destino se entrelaçavam. Essa visão inovadora demonstra a profundidade do pensamento de Leonardo, que continua a inspirar a ciência moderna.
Quais são as limitações e o futuro da pesquisa genética de Leonardo?
Apesar das descobertas promissoras, os pesquisadores mantêm cautela. Ainda são necessárias análises mais detalhadas para verificar a preservação do DNA nos restos ósseos da família. Além disso, a pesquisa não foi revisada por pares, e não há DNA confirmado de Leonardo da Vinci até o momento.
O projeto, iniciado em 2016, é coordenado pela Universidade Rockefeller, com a participação do J. Craig Venter Institute e da Universidade de Florença. Ele representa um marco na interseção entre ciência, história e cultura. Se os cientistas conseguirem sequenciar fragmentos de DNA suficientes, isso poderá abrir novas perspectivas sobre o homem que revolucionou a arte e a ciência.